Terça-feira foi dia de alta firme nas bolsas globais, o que deu o tom para a bolsa doméstica, com os investidores assumindo risco, depois da liquidação de véspera. Nos EUA, ainda que existam gargalos na produção e crise energética no horizonte, o dia foi de alta firme e generalizada nas bolsas. O S&P500 saltou 1,05%, Nasdaq ganhou 1,25% e Dow Jones 0,92%. Foi dia também de alta dos Treasuries, diante da pressão das commodities e o petróleo disparando, além do tapering se aproximando. No Brasil, a alta foi mais moderada, devido às tensões fiscais e os ruídos políticos de sempre. O Ibovespa reduziu muito os ganhos ao longo do dia, para fechar quase estável, em alta de 0,06%, a 110.457 pontos, e o dólar a R$ 5,4851, em valorização de 0,71%.
Isso nos leva a refletir sobre como vamos evoluindo nestes “tempos conturbados e polarizados politicamente”. Não há como negar que este clima de enfrentamento permanente bem se acelerou depois de 2013, quando das manifestações contra os aumentos de transporte, que acabaram como um rastilho de pólvora para o que viria depois, se arrastando até os dias de hoje.
Certo que, neste ambiente polarizado, os mercados de ativos “lateralizaram” e pouco evoluíram até os dias atuais. O país continua com desemprego elevado, crescimento anêmico e crises institucionais quase que diárias. Vivemos, portanto, agora, no momento mais tenso destes embates permanentes e muita polarização. De quem é a culpa? A culpa é de todos, mas principalmente daqueles “próceres de Brasília”, notórios por adiar decisões inadiáveis e pela procrastinação de sempre, não fazendo o que deve ser feito. Está cansativo.
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No Senado, Rodrigo Pacheco, presidente da casa, segue recomendando alguma cautela no que se refere à reforma do IR, objetivo do governo, para garantir o Auxílio Brasil. Bolsonaro, inclusive sancionou lei que autorizava o uso destes recursos para o aumento deste novo “mecanismo de transferência de renda”. Em paralelo, seguem os debates sobre a prorrogação do auxílio emergencial, registrado fora do teto dos gastos, para abril de 2022.
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Interessante observar que os projetos do governo até avançam na Câmara, mas quando chegam ao Senado empacam. Rodrigo Pacheco, presidente da casa, já reafirmou sua independência, talvez pensando na alternativa de uma “terceira via”. Tem se colocado contrário, por exemplo, ao tema da reforma do IR e a geração de recursos para o Auxílio Brasil, e meio equidistante sobre a agenda do Centrão e os interesses do Planalto. Diante disso, será complicado o projeto que prevê o novo cálculo do ICMS sobre os combustíveis, na qual Pacheco tem se colocado contrário.
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Sobre este tema, Arthur Lira segue lutando pela retirada da alíquota do ICMS para a formação do preço final. Uma das saídas é alterar o ICMS dos Estados, mas estes, além dos municípios, se colocam contrários, pelas perdas previstas. Estimativas indicam que a perda dos Estados com a mudança da alíquota do ICMS deve chegar a R$ 5,5 bilhões para 20 destes, segundo cálculos da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Nos principais municípios que compõem estes Estados, as perdas devem ficar em R$ 1,37 bilhão. O presidente da Câmara sugere que o ICMS incida sobre a média do combustível dos últimos dois anos, o que deve baratear em até 8% a gasolina, 7% o álcool e 3,7% o diesel. Tal decisão deve ser votada na próxima quarta-feira (dia 13).
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No “circo de Brasília” segue repercutindo a polêmica dos “Pandora Papers”, com o envolvimento de Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, “acusados” de terem contas em paraísos fiscais. Por declararem e não esconderem estes recursos, a princípio, a legislação não vê problema, mas muitos argumentam sobre a questão do “conflito de interesse”, por serem autoridades governamentais. Por estes dias, a defesa de Paulo Guedes deve protocolar novos esclarecimentos. Deve reafirmar que o ministro jamais atuou a gerar conflitos de interesse, e apresentar documentos mostrando que não há movimentação desde que o ministro assumiu o cargo.
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Nos EUA, um imbróglio será passar a ampliação no limite da dívida pública. Janet Yellen, secretaria do Tesouro dos EUA, já alertou que o governo pode ficar sem dinheiro depois do dia 18/10, se não for aumentado o limite do teto da dívida. Uma suspensão de dois anos do teto da dívida expirou em julho passado e os democratas e republicanos no Congresso continuam em desacordo sobre estendê-lo ou aumentá-lo. Mesmo assim, para a agência de rating Moody`s a perspectiva do rating dos EUA se mantém estável. A agência acredita que os EUA devem aumentar o limite da dívida e continuarão a cumprir suas obrigações de serviço da dívida na íntegra e no prazo. Sobre os pacotes de Biden, já se considera reduzir o pacote de proteção social, de US$ 3,5 bilhões para US$ 2 trilhões.
Mercados
No Brasil, o Ibovespa fechou terça-feira em leve alta, após passar a manhã em queda. No fim da sessão, o principal índice da bolsa avançou 0,06%, a 110.457 pontos, seguindo a melhora do humor externo. Já o dólar também encerrou o dia em alta, 0,71%, a R$ 5,4849, com as incertezas no campo doméstico. Com isso, a moeda americana atinge o nível mais alto desde 23 de abril, quando avançou a R$ 5,49.
Nesta madrugada do dia 06/10, na Europa (04h05), nos futuros, os mercados operavam em queda. DAX (Alemanha) recuando 1,08%, a 15.030 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -0,84%, a 7.017 pontos; CAC 40 -1,14%, a 6.501 pontos, e EuroStoxx50 -1,16%, a 4.018 pontos.
Nesta madrugada do dia 06/10, na Ásia (05h05), os mercados operaram no vermelho, com mais um dia de ausência da China. S&P/ASX (Austrália), -0,58%, a 7.206 pontos; Nikkei (Japão) recuando 1,05%, a 27.528 pontos; Kospi (Coréia), -1,82%, a 2.908 pontos, e Hang Seng, -0,72%, a 23.931 pontos.
No futuro, as bolsas de NY operavam com perdas neste 06/10: Dow Jones recuando 0,45%, a 34.030 pontos, S&P 500, -0,54%, a 4.310 pontos, e Nasdaq -0,63%, a 14.581 pontos. No mercado de Treasuries, US 2Y avançando 0,52%, a 0,2895, US 10Y +1,25%, a 1,550 e US 30Y, +0,94%, a 2,120. No DXY, o dólar +0,06%, a 94,043, e risco país, CDS 5 ANOS, a 206 pontos. Petróleo WTI, a US$ 78,84 (-0,11%) e Petróleo Brent US$ 82,50 (-0,25%). Gás Natural em queda de 1,41%, a US$ 6,239.
Na agenda desta quarta-feira (06), no Brasil destaque para os dados de comércio varejista de agosto, com expectativa de crescimento, ainda que abaixo de julho (PMC IBGE). Também temos o IGP-DI, com perspectiva de deflação, e o Indicador Antecedente de Emprego (IAemp) de setembro, ambos da FGV. Por fim, o Bacen divulga seu Índice de Commodities de setembro e a Anfavea a produção de veículos. Nos EUA, temos o Estoque de Petróleo semanal e o ADP, geração de empregos no setor privado, prévia do payroll, na sexta-feira. Na Zona do Euro, as vendas de varejo de agosto e as encomendas à indústria na Alemanha.