Por Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A defesa do ministro da Economia, Paulo Guedes, informou nesta terça-feira que irá protocolar junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) petições esclarecendo que o chefe da pasta não atuou de forma que caracterizasse conflito de interesses e que suas atividades foram lícitas e de acordo com código de conduta da alta administração federal.
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Segundo nota da defesa de Guedes, o ministro se afastou desde dezembro de 2018 da gestão da offshore Dreadnoughts, não tendo qualquer participação ou interferência nas decisões de investimento da companhia. Os advogados acrescentaram que não houve qualquer remessa ou retirada de valores para o exterior da companhia desde quando Guedes assumiu o cargo de ministro, "sendo certo que este jamais se beneficiou no âmbito privado de qualquer política econômica brasileira".
Guedes, assim como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estão entre autoridades de diversos países que aparecem em divulgação de documentos financeiros por organizações de notícias no domingo, que revelou uma suposta ligação de líderes e autoridades de todo o mundo a recursos depositados em paraísos fiscais.
Após as denúncias de supostas movimentações financeiras por meio de offshore em paraíso fiscal, Guedes se viu alvo de movimentações de parlamentares, que o convocaram para prestar esclarecimentos em uma comissão da Câmara. O ministro e Campos Neto também foram convidados pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para tratar da mesma questão.
"A defesa do ministro Paulo Guedes irá protocolar, de forma voluntária, petição à PGR e ao STF esclarecendo de forma definitiva que o ministro jamais atuou ou se posicionou de forma a colidir interesses públicos com privados", disse nota dos advogados de defesa do ministro.
"E para espancar qualquer dúvida sobre a atuação legal e ética em sua vida pública e privada, Paulo Guedes juntará todas as informações necessárias para demonstrar a licitude e a conformidade de suas atividades com o Código de Conduta da Administração Federal e da Lei de Conflitos de Interesses. O ministro sempre se colocou à disposição das autoridades públicas e do Congresso Nacional no exercício de sua função pública e permanece à disposição", acrescentaram os advogados.
O presidente do BC negou na segunda-feira ter feito remessa para offshore desde que assumiu o cargo no governo.