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Os investidores retraíram em seu entusiasmo de continuar adicionando ativos de risco em suas carteiras, provocando baixas nas principais bolsas de ações e dos índices de commodities.
Dados econômicos americanos animadores, juntamente com um comentário do FED de São Francisco-Califórnia dizendo que o mercado está subestimando uma rápida resposta da autoridade monetária em aumentar o custo do dinheiro no país, trouxeram uma tomada de lucro do Dow Jones, S&P500 e do NASDAQ.
Na Europa o efeito negativo foi fruto de novas sanções impostas à Rússia, do risco que parecia remoto da Escócia se tornar independente do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, e dúvidas quanto à efetividade do plano de compra de títulos-colateralizados do BCE (Banco Central Europeu).
No Brasil a bolsa tomou um tombo feio com a revisão da Moody’s sobre a perspectiva da nota dos títulos do governo de estável para negativa, e com a subida das intenções de voto à Dilma no primeiro turno. As perdas do IBOVESPA foram de 6.19% e do Real de 4.36%, com a moeda negociando na pior cotação desde março último.
O café em Nova Iorque despencou em simpatia com quase todos os componentes do CRB (exceção feita apenas ao algodão e ao suíno magro) com perdas de US$ 17.46 por saca em cinco dias. Londres caiu US$ 4.92 a saca, e como consequência a arbitragem estreitou para US$ 93.97 centavos por libra – nível ainda bastante descontado entre as duas variedades.
As liquidações de uma pequena parte das posições dos fundos em um cenário tecnicamente negativo, misturado com um quadro climático que indica chuvas melhores a partir do próximo final de semana, serviram de pano de fundo para a acentuada queda que pode atrair ainda mais vendas caso haja um fechamento abaixo de US$ 180 centavos por libra.
A movimentação do físico nas origens minguou mantendo os diferenciais nominalmente inalterados, justamente uma semana depois de muito café colombiano ser vendido a prêmios próximos de zero, e em volume significativo. Para a Colômbia há a vantagem dos produtores terem o preço mínimo, que se traduz à níveis muito próximos de onde o contrato “C” achou suporte na quinta e sexta-feira.
As exportações de café brasileiras em agosto totalizaram 3,016,317 sacas – o maior volume registrado neste mês do ano – acumulando um recorde de embarques nos últimos 12 meses. Esta contínua migração de cafés para o destino (registre-se: que não é apenas do Brasil) e uma demanda internacional que todos os comerciantes e exportadores reclamam dizendo que praticamente não existe, continuam sendo sinais negativos para o curto-prazo.
Por outro lado, a cobertura do flat-price (bolsa) dos comerciais está nos menores patamares desde fevereiro, quando o rally mal tinha começado e NY estava em 120 centavos por libra. A decisão, por ora, acertada de quem fica mais vendido cada dia que passa, leia-se a indústria, fica menos perigosa com a performance que vimos nesta semana, mas deve prover um amortecimento à novas quedas.
Dados de estoques mundiais apontaram aumento nos portos europeus em julho de 570 mil sacas, para 11,65 milhões de sacas, e nos armazéns japoneses uma leve baixa de 10 mil sacas, para 3,08 bilhões de sacas. Os certificados da ICE no ano acumulam uma queda de 331,043 sacas, mas ainda estão em 2,378,013 sacas – níveis similares à outubro de 2012.
A CONAB divulgou um relatório extenso sobre as perspectivas agropecuárias brasileiras, mencionando nas páginas iniciais destinadas ao café que a safra 15/16 deverá ser menor do que a atual (44,57 milhões), em função da seca. Entretanto nas tabelas o volume indicado é de uma safra de 48,83 milhões de sacas – ou seja, acima da atual. Parece que na tabela o que fizeram foi apenas aplicar o percentual de incremento do histórico recente, sem ser descontado o fator climático.
O clima indica que chuvas podem cair em maior volume a partir do dia 21 de setembro, o que se acontecer trará mais liquidação de Nova Iorque, ou a grande oportunidade que então veremos se os altistas terão coragem de aproveitar.
Bons negócios a todos.
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