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Por Olivia BullaResumo do Mercado30.11.2018 09:10
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Por Olivia Bulla   |  30.11.2018 09:10
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A semana termina com a atenção do mercado financeiro no encontro dos líderes das duas maiores economias do mundo, Donald Trump e Xi Jinping, durante a reunião do G20, que acontece na Argentina a partir de hoje. Um jantar entre os dois está previsto para amanhã, quando se espera que possam avançar as negociações sobre o comércio, evitando novas tarifações em produtos importados e dirimindo o impacto no crescimento econômico global.

O problema é que o envolvimento ativo de Trump na questão comercial traz muita incerteza em relação ao tema. As recentes ameaças, com uma nova rodada de tarifas em janeiro, estendendo a taxação sobre todos os bens chineses importados, podem até fazer parte de uma estratégia da Casa Branca em busca de um acordo - elevando a retórica antes de buscar um mais conciliatório. Mas não se sabe como Pequim tem recebido essa jogada.

Por isso, as expectativas para a reunião entre EUA e China podem ser exageradas, sem progressos no conflito comercial. Para o Goldman Sachs, uma continuidade da escalada da guerra é o resultado “mais provável” após a reunião entre Trump e Xi. No máximo, pode haver uma pausa nas medidas tarifárias - mantendo as já existentes - com Washington e Pequim assumindo o compromisso de trabalhar em direção a um acordo mais amplo sobre o comércio, desde que haja concessões chinesas.

Não deve haver, portanto, um acordo envolvendo uma reversão completa das tarifas atuais. Porém, uma trégua temporária entre as duas maiores economias do mundo não será suficiente para limpar as nuvens sobre o tema em um horizonte de prazo mais longo. A questão é que a disputa entre EUA e China é profundamente enraizada e difícil de resolver, ultrapassando a barreira comercial e alcançando níveis de influência/supremacia global.

No curto prazo, a falta de progresso nas negociações podem reacender os temores quanto ao crescimento econômico global, com a desaceleração sendo puxada pelo gigante asiático, com impacto nos demais países emergentes. A piora dos dados de atividade na China tem elevado a pressão sobre Xi para chegar a um acordo. A primeira leitura oficial da economia chinesa em novembro mostrou que a indústria está à beira da contração.

O índice dos gerentes de compras (PMI) caiu a 50,0 neste mês, de 50,2 em outubro, contrariando a previsão de estabilidade e ficando em cima da linha divisória entre a expansão e a retração da atividade. Foi a primeira vez que o indicador atingiu essa marca desde julho de 2016. A abertura do dado mostra que os subíndices de novas encomendas de importação e exportação já estão em território contracionista há cinco meses.

Já o índice PMI não-manufatureiro, que reflete as atividades dos setores da construção civil e de serviços, caiu ao menor nível em 15 meses, a 53,4 neste mês, de 53,9 no mês anterior, com a renovada fraqueza vinda do segmento imobiliário superando a força dos serviços. Em reação aos dados e à espera do encontro entre os presidente dos EUA e da China, as bolsas da Ásia fecharam em alta, mas sem muito vigor.

Tóquio subiu 0,4% e Hong Kong teve alta de 0,5%, enquanto Xangai subiu um pouco mais, +0,8%. Já a Bolsa de Seul caiu (-0,9%), enquanto, na Oceania, Sydney também teve queda (-1,6%). No Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York têm leves baixas, em meio às dúvidas sobre a capacidade do encontro entre Trump e Xi melhorar a relação comercial. O dólar mede forças em relação às demais moedas, enquanto as commodities estão estáveis.

Entre os indicadores econômicos, o calendário no exterior traz dados de atividade nos EUA neste mês e sobre a inflação ao consumidor (CPI) e o desemprego na zona do euro, pela manhã. No Brasil, destaque para os números da economia brasileira no terceiro trimestre deste ano (9h).

O Produto Interno Bruto (PIB) deve ter ganhado força e crescido 0,7% entre julho e setembro, acelerando o ritmo de alta após avançar 0,2% ao final do primeiro semestre. Se confirmado, será o terceiro trimestre consecutivo de crescimento e a sétima vez seguida que a economia brasileira não registra contração, após oito variações negativas seguidas.

Já no confronto contra igual período de 2017, o PIB deve ter avançado 1,5%, no sexto resultado positivo seguido e também ganhando tração em relação à alta no período anterior (+1,0%). Ainda no calendário doméstico, o Banco Central publica os dados fiscais do governo (10h30) em outubro, com os números do resultado primário do setor público.

Por aqui, a frustração com a votação do projeto da cessão onerosa para o megaleilão das áreas do pré-sal - adiada, por ora, para a semana que vem no Senado - elevou o receio quanto às pautas a serem tocadas pela atual legislatura nesta reta final de mandato. O mercado financeiro está preocupado com a agenda de reformas e o risco de execução no Congresso.

Porém, os investidores ainda se apoiam na perspectiva de que a turma de Chicago comandada pelo economista Paulo Guedes vai apresentar uma proposta de mudança de regras para a aposentadoria logo no início do ano que vem - e que haverá apoio social às medidas. Também traz alívio o fato de que a maioria dos atuais deputados e senadores não estará por lá em fevereiro, quando os eleitos em outubro tomam posse.

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