Quarta-feira foi dia de recuperação técnica, mas segue no radar o impasse sobre temas diversos como o teto da dívida e a inflação e perspectiva de aperto monetário já em novembro nos EUA. No Brasil, alguns indicadores favoráveis deram um “gás ao mercado”, mas as preocupações seguem no radar, como inflação ainda elevada e a agenda de reformas parada. Mercado espera o desenrolar dos precatórios, do Auxílio Brasil e da reforma do IR.
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Ata do Copom. O Bacen indicou que pretende seguir com o atual ritmo de elevação da Selic, em 1 ponto percentual, ajustando o tamanho do aperto monetário, levando a Selic a um patamar “significativamente contracionista”. O que isso quer dizer? Quer dizer que tudo fará para trazer a inflação do IPCA, no ano que vem, para próxima do centro da meta de 3,5%.
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Debate em torno do preço do combustível. Em mais um esforço para desviar o foco de temas urgentes, Bolsonaro colocou na berlinda o preço do combustível e a necessidade de “fixar um valor para o ICMS”, diferenciado em 27 estados. Isso, claro, passa por um debate mais amplo, da reforma tributária e a mudança deste imposto, à nível nacional. Mais um embate entre governadores e a União.
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Teto da dívida nos EUA. Enquanto o líder dos Democratas no Senado sinaliza um acordo para evitar o shutdown, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, Democrata, afirma que o Senado enviará um projeto provisório de financiamento à Câmara nesta quinta-feira, embora descartando a reconciliação para o teto da dívida agora, mais mobilizada nas negociações do projeto de infraestrutura. Alguns senadores, no entanto, esperam que ela cancele esta votação, por acreditarem não haver voto suficiente para sua aprovação. Neste impasse, muitos acham que os EUA podem ter um shutdown prolongado, o que pode interromper nos pagamentos federais a entidades públicas e privadas e complicar na formulação de políticas. O prazo para o financiamento termina amanhã, dia 01/10, e a única hipótese é um projeto provisório da presidente da Câmara, Nancy Pelosi.
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Jerome Powell, do Fed, no Congresso. O presidente do Fed considera haver progressos para o tapering em breve, mas a elevação do juro se encontra distante. Segundo ele, a atual inflação é resultado de demanda robusta e restrições de oferta. Acha que ela deve ficar bem acima da meta nos próximos meses. Já o presidente do Fed Filadélfia, Patrick Harker, apoia o início do tapering em novembro e a conclusão ao fim de 2022. Suas projeções indicam crescimento do PIB de 6,5% neste ano e 3,5% em 2022; e inflação a 4% neste ano e recuando a 2% em 2022.
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Já Christine Lagarde, do BCE, acha que a economia europeia deve atingir o patamar anterior à pandemia no final deste ano. As incertezas se reduziram, mas ainda estão no horizonte. Acha que os gargalos desta retomada, com a falta de insumos nas cadeias produtivas, devem sumir no primeiro semestre de 2022. Disse também que não há porque duvidar que os preços elevados atuais sejam temporários e que as expectativas estejam bem ancoradas.
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Congresso Nacional. Um tema em discussão diz respeito ao imbróglio dos precatórios. Para Bruno Funchal, do Tesouro, é preciso compatibilizar as despesas com o teto dos gastos. “Não temos problema de capacidade de pagamento, mas de honrar dívidas”.
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Choques no fornecimento de energia. Tudo leva a crer que a retomada da economia global será prejudicada pelos “choques no fornecimento de energia”, que abalam, em especial, a China. Isso deve se confirmar pelo preço do gás natural, como verificamos no gráfico abaixo. De agosto até este momento, sua alta é de 119% na Alemanha, 149% na França e 300% no Reino Unido. Na Europa, este choque do gás, na véspera do inverno, deve se refletir na energia elétrica. Suspeitas indicam que isso pode ter partido da Rússia, em negociação de preço, pós pandemia, sendo o principal fornecedor para a Europa (gasoduto Nord Stream). Em resposta, a Opep deve manter o plano de produção em novembro, apesar do preço do barril estar próximo a US$ 80. Especulações indicam que o cartel deve aumentar a produção para compensar este gargalo na oferta de gás natural.
Dois fatos explicam este cenário:
(1) no curto prazo, a pandemia, que causou queda considerável no consumo e logo, na oferta de energia; e a retomada muito rápida do consumo, com o “sucesso das vacinas”. Na produção de petróleo, há uma inercia operacional na retomada. Isso nos leva a acreditar que os preços devem se manter elevados por mais algum tempo. Além disso, a parada abrupta adiou novos investimentos, cuja retomada dependerá da normalização da economia no médio prazo. Neste ambiente, tensões sociais acabam inevitáveis, como na França, com os “gillets jeunes”, e no Brasil, com os caminhoneiros, em ameaça crescente de greve;
(2) outra explicação é um movimento de transição energética e adoção do ESG nas políticas de investimento das empresas, como resposta às mudanças climáticas. A busca por uma matriz energética mais limpa é intensa nos últimos anos, “demonizando” os combustíveis fosseis, dentre outros. Com isso, a oferta tem sido muito restrita. Chega-se à situação de que não pode óleo, carvão, combustível fóssil ou energia nuclear. Tudo isso leva a recear por um colapso, no curto prazo, no fornecimento de energia no mundo.
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CPI da Pandemia. Foi um verdadeiro circo a oitiva do “velho da HAVAN”, Luciano Hang. Tentou conduzir o “interrogatório”, mas acabou interrompido várias vezes, pelo insucesso dos participantes em conseguir “extrair” alguma declaração bombástica do empresário. Ele mais se defendeu, divulgou seus negócios e sempre margeou nas respostas. Foi um verdadeiro circo.
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Indicadores Econômicos
Indicadores da China. O PMI Composite de agosto passou a 51,7 contra 48,9 em julho; o PMI Service foi a 53,2 contra 47,5 no anterior; e o PMI Manufacturing a 49,6 contra 50,1 no anterior, sendo o estimado, 50,1. Análise. A crise da Evergrande já começa a impactar na retomada Chinesa, assim como os choques de energia, e as medidas intervencionistas do governo na regulação dos setores.
Sondagem de Confiança do Comércio e de Serviços. Em setembro, a Confiança do Comércio recuou 6,8 pontos para 94,1 (Índice da situação atual, -5,9 pontos, a 99,1 e Índice de expectativa, -7,3 pontos, a 89,4). Já a Confiança dos Serviços encolheu dois pontos, a 97,3 (Índice da situação atual, -0,7 pontos, a 92,3 e Índice de expectativa, -3,4 pontos, a 102,3). Análise. Ambos os índices recuaram bem, o de Serviços interrompendo cinco altas seguidas, o do Comércio no menor nível desde maio deste ano (93,7). Isso demonstra que o ambiente político açodado, a dificuldade na adoção de medidas concretas de estímulo já começa a cobrar seu preço, impactando na retomada. Chegaremos a 5,4% de crescimento neste ano? Tudo dependerá do ambiente político doméstico e das incertezas externas, sem esquecer a variante Delta.
Contas Fiscais do Governo Consolidado em agosto (Bacen). Tivemos um superávit primário de R$ 16,7 bilhões em agosto, contra R$ 87,6 bilhões de déficit no mesmo mês do ano passado. No acumulado ao ano, o setor público consolidado registrou déficit de R$ 1,2 bilhão, contra R$ 571,4 bilhões no ano passado. Em 12 meses, déficit está em R$ 130,3 bilhões, 1,57% do PIB, 1,29 ponto percentual menor do que no mês anterior. Já o déficit nominal foi R$ 29,7 bilhões em agosto, em 12 meses a R$ 466 bilhões, 5,62% do PIB. A Dívida Líquida do Setor Público foi a R$ 4,91 tri, 59,3% do PIB, no ano recuando 2,4 ponto percentual, e a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), a R$ 6,84 tri, 82,7% do PIB, contra 83,1% em julho, recuando 6,2 ponto percentual no ano. Análise: sem dúvida que a retomada da economia e os ganhos de arrecadação vão dando sua contribuição, assim como a atuação do governo no “contingenciamento na boca do caixa”, sempre uma tradição nos orçamentos.
Caged. A geração de empregos formais em agosto, pelo Caged, foi a +372,3 mil, contra +316 milhões em julho. Trata-se da maior geração de empregos formais para agosto em toda série histórica. Foi um avanço de 53,5% sobre o mesmo mês do ano passado. No mês, cinco setores geraram vagas: serviços na frente. No ano, a geração de vagas formais chega a 2.203.987, melhor resultado deste 2010. Nesta quinta-feira aguardemos a PNAD Contínua de julho, indicador mais aderente e “completo” para o mercado, do que o Caged.
IGP-M de setembro. Foi a deflação de 0,64%, depois de +0,66% em agosto. Com isso, o índice acumula 16% no ano e 24,86% em 12 meses. A influenciar, o recuo do minério de ferro, +21,74%.
Fluxo cambial. Até o dia 24 de setembro, o fluxo é positivo em US$ 812 milhões, com financeiro negativo em US$ 1,27 bilhões e comercial positivo em US$ 2,08 bi. No ano, o fluxo total é de US$ 20,69 bilhões.
Mercados
O Ibovespa fechou quarta-feira “meio de lado”, ainda refletindo a aversão ao risco generalizada nos EUA, crise energética e temores sobre o processo de aperto monetário, e o setor imobiliário chinês no radar. Ao fim do dia, o índice paulistano fechou a +0,89%, a 111.106 pontos, com volume negociado de R$ 30,62 bilhões. Já o dólar engatou o sexto pregão de alta, ao final do dia valorizando 0,11, a R$ 5,43.
Nesta madrugada do dia 30/09, na Europa (04h05), nos futuros os mercados operavam em alta. DAX (Alemanha) avançando 0,29%, a 15.409 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), +0,50%, a 7.143 pontos; CAC 40 (França), +0,79%, a 6.612 pontos, e Euro Stoxx 50 +0,72%, a 4.109 pontos.
Nos EUA, as bolsas recuperaram parte das perdas do dia anterior, com alívio nos juros longos e no preço do petróleo. os futuros das bolsas de NY em alta neste 30/09 da seguinte forma: Dow Jones avançando 0,45%, S&P 500, +0,53%, e Nasdaq +0,68%. No mercado de Treasuries, US 2Y recuando forte -1,99%, a 0,2911, US 10Y -1,68%, a 1,513 e US 30Y, -1,51%, a 2,056. No DXY, o dólar -0,08%, a 94,282. E risco país, CDS 5 anos, 205,2 pontos (gráfico). Petróleo WTI, a US$ 74,67 (-0,21%) e Petróleo Brent US$ 77,77 (-0,41%).
Na agenda desta quinta-feira (dia 30), aguardemos a PNAD Contínua de julho e o Relatório Trimestral de Inflação do Bacen. Nos EUA, mais um discurso de Jerome Powell e Janet Yellen no Congresso, destaque também para os variados indicadores de desemprego na Europa, a terceira parcial de PIB do segundo trimestre nos EUA e a segunda parcial de PIB do Reino Unido.