Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro criticou o fato do mercado financeiro, nas suas palavras, ficar "irritado" com suas decisões, e o vice-presidente Hamilton Mourão deu “eco” à declaração acrescentando que não pode concordar com a supremacia do mercado ante medidas que consideram necessárias e fundamentais.
Evidente que nenhuma das duas faz senso, mas representa repulsa ante consequência natural como reação à medida que afetam perspectivas e acentuam inseguranças já presentes no ambiente de negócios no Brasil.
Num contexto em que o país tem situação de altíssimo risco fiscal, que tem repercussões enormes e consequências imediatas, quando se põe à mesa a possibilidade de recompor os programas assistenciais às populações carentes, num impulso determinado pela inconteste necessidade, sem, contudo, haver fontes de financiamento, é inevitável o impacto nas perspectivas de agravamento da crise fiscal com a qual o país convive, e isto altera o comportamento dos ativos de forma generalizada e as perspectivas.
O mundo dos negócios é assim, aqui no Brasil e no mundo todo, perspectivas preocupantes provocam reações defensivas dos mercados.
Então, o momento que concentra na questão dos programas assistenciais, na forma posta é preocupante para o mercado financeiro, que esperava que houvesse maior dinâmica no processo de vacinação e na implementação do andamento mais veloz das reformas tributária e administrativa por parte do Governo e do “novo” Congresso.
Há muita pressão política e indisfarçável vontade do Presidente que vê no fato importante bandeira na sua campanha para reeleição, e isto causa estresse e inquietação que são precificados nos ativos, como consequência natural.
E este é um problema do Brasil, e se salvam somente os papéis acionários ligados ao setor de commodities e a formação do preço do dólar repercute de imediato.
Mas o mundo nos observa, é natural que o investidor estrangeiro fique reticente nas suas decisões de dar continuidade aos investimentos no país, em especial no Ibovespa e o real volta a ser especulado na CFTC.
Os fundos e especuladores que atuam nos mercados futuros dos Estados Unidos têm aumentado continuamente as apostas contra o real e isto faz parte da percepção global e não local, e, o real fechou a semana passada atrás das demais emergentes em meio a persistente ruído fiscal.
Tivemos um “feriado longo” de 4 dias úteis, é importante observar se esta continuará sendo a tendência, visto que por aqui nada mudou e o quadro preocupante em perspectiva perdura e ainda parece sem solução.
O Ibovespa tende a continuar circundando os 120 mil pontos ancorados, em especial, nos papéis ligados a commodities, e é interessante matéria publicada hoje pelo jornal Valor Econômico na sua edição internacional, na qual destaca que 64% das ações brasileiras ainda não conseguiram recuperar os níveis de preços de 2019, o que deixa claro que a atividade econômica não vem dando motivos para esta recuperação, e se analisarmos com rigor, nada houve ainda de efetivo para alterar este cenário.
A perspectiva do novo plano de apoio do governo americano animou o índice Dow Jones ontem, mas pode criar viés de alta maior no preço do petróleo e isto com o nosso real sendo desvalorizado é impacto direto “na bomba” e daí na inflação, que o BC teima em afirmar temporária, mas que já vem forte há muito tempo, e desta forma colocar pressão para mudança mais rápida da SELIC.
O quadro brasileiro é bastante complexo, o que sugere muitos ruídos e insegurança e como consequência volatilidade, e não se tem clareza de quais serão os atalhos para resolver a retomada dos programas assistenciais.