Por Jamie McGeever
BRASÍLIA (Reuters) - Fundos e especuladores que atuam nos mercados futuros dos Estados Unidos aumentaram suas apostas de baixa contra o real pela quinta semana consecutiva, maior sequência do tipo em quase um ano, mostraram dados nesta sexta-feira.
Números divulgados pela Commodity Futures Trading Commission (CFTC) mostraram que os fundos elevaram suas apostas contrárias ao real em 2.917 contratos, para 17.366 contratos, na semana até 9 de fevereiro, a maior posição vendida --que ganha com a queda do preço de um ativo (no caso, o real)-- em dois meses.
Depois de despencar 22,7% em relação ao dólar no ano passado, muitos analistas esperavam que o real tivesse uma forte recuperação no começo deste ano, especialmente num momento em que o Banco Central caminha para sua primeira alta de juros desde 2015 em meio à inflação em alta.
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Mas uma segunda onda devastadora de Covid-19, possível contração econômica no primeiro trimestre e alto desemprego têm aumentado a pressão sobre o governo, que agora admite avaliar uma nova rodada de auxílio emergencial.
Isso tem intensificado temores de investidores sobre as perspectivas fiscais e pesado na moeda, anulando viés de alta para o real proveniente de expectativas de que o BC em breve começará a apertar a política monetária.
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta semana que os altos níveis de volatilidade da moeda e prêmios de risco no Brasil são em grande parte devido às perspectivas fiscais preocupantes.
O real acumula baixa de 3,39% ante o dólar neste ano, entre as dez divisas de pior desempenho em 2021, de acordo com dados da Refinitiv.