" Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças "
Charles Darwin
Com a maior crise global anunciada desde a grande depressão de 1929, está aberta a temporada para o darwinismo.
Charles Darwin desenvolveu grande parte de sua teoria em viagem pela América do Sul, quando percebeu que muitas espécies de animais que viviam nas ilhas eram semelhantes às que viviam no continente, mas apresentavam certas diferenças de uma ilha para outra, e concluiu, que embora elas possuíssem um ancestral em comum, o ambiente - ao longo do tempo - tinha levado as espécies a evoluir.
Para Darwin, as espécies evoluíam porque a natureza "selecionava" as plantas e os animais mais aptos em ambientes específicos. As espécies viviam uma luta constante pela sobrevivência, e é nesse contexto que a seleção natural atuava.
O naturalista deixou um legado inestimável, e o seu livro " A origem das espécies " tornou-se um dos mais influentes da história da humanidade.
Em tempos de crise, a teoria da evolução de Charles Darwin ajuda a entender as movimentações do mercado. As operações de fusões e aquisições diminuem neste período, uma vez que as empresas estão com dívidas de curto prazo e focadas na sobrevivência. No entanto, muitas não alcançam este objetivo. Outras se ajustam e enxergam oportunidades para antecipar transformações que seriam mais complexas em momentos de calmaria.
No dia 15 de setembro de 2008, o mundo das finanças abria os jornais com sentimento de perplexidade. Na capa, dois jovens carregando o letreiro de um dos bancos de investimento mais tradicionais de Wall Street, Lehman Brothers.
O lendário banco havia falido. A maior falência da história americana.
Aquele dia tinha um clima de fim dos tempos, e os meses subsequentes poderiam ser sintetizados pelo refrão " It´s evolution, baby! ", do Pearl Jam.
Na marolinha brasileira, a fusão entre Itaú (SA:ITUB4) e Unibanco acelerava. A crise financeira impulsionou a operação que em situações normais poderia haver certa rejeição por parte dos acionistas e restrição dos órgãos reguladores devido à concentração bancária.
Em novembro daquele ano, Itaú e Unibanco assinaram contrato para a unificação das operações financeiras. O Banco evoluía para se tornar um dos maiores conglomerados do Hemisfério Sul, com valor de mercado que o situava entre as maiores instituições financeiras do mundo.
No mês de maio de 2009 foi celebrado o acordo que uniria duas das maiores empresas do ramo alimentício do Brasil. Sadia e Perdigão formariam a BRF - Brasil Foods (SA:BRFS3) S.A.
Em meio a crise global que derrubou as exportações, e com resultados financeiros extremamente preocupantes, a empresa fundada por Atílio Fontana acabou tendo que abrir mão do controle em favor da Perdigão.
A associação surgia como a alternativa para salvar a empresa e manter a família como acionista da operação resultante.
Em 2006, André Esteves fez o maior negócio da história do sistema financeiro nacional até então ao vender o Pactual para UBS por US$ 3,1 bilhões. Em seguida, Esteves foi alçado ao comando da área de renda fixa do UBS, em Londres, e passou a gerir mais de US$ 2 trilhões em ativos.
No ano de 2008, deixou a UBS para fundar o BTG Investments. Com o Banco Suíço entre os mais atingidos pela crise do subprime, Esteves recomprou o Pactual por US$ 2,5 bilhões.
André Esteves estava "back to the game", como é conhecida a sigla BTG. E o BTG Pactual (SA:BPAC11) se tornaria o maior banco de investimento da América Latina.
Jack Welch escreveu: " Quando o ritmo de mudança dentro da empresa for ultrapassado pelo ritmo da mudança fora dela, o fim está próximo. "
Nos próximos meses, com os impactos inexoráveis causados pelo Corona Crash, muitas mudanças ocorrerão. Neste paradoxo entre oportunidades e ameaças, precisamos estar preparados com ativos antifrágeis no portfólio para sobreviver a esta grave crise.