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Mandioca: Com Menor Área, Oferta Deve Cair em 2022

Por CepeaCommodities25.01.2022 17:20
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Mandioca: Com Menor Área, Oferta Deve Cair em 2022
Por Cepea   |  25.01.2022 17:20
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A recuperação tardia nos preços da mandioca frente aos valores de culturas concorrentes em área e os problemas climáticos durante o plantio reduziram a atratividade da mandiocultura e afetaram a área que havia sido implantada em meados de 2021. Os aumentos dos custos de produção e dos arrendamentos também foram fatores negativos para a atividade.

Com isso, a área plantada com mandioca apresentou significativas quedas em 2021, depois de já ter tido redução em 2020, especialmente no Centro-Sul. Sem grandes expectativas em relação à produtividade, principalmente porque a cultura pode receber menos investimentos de produtores, a oferta de mandioca para as indústrias de fécula e de farinha pode ser mais restrita em 2022.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que a área plantada em 2021 deve cair 4,1% no Brasil, totalizando 1,3 milhão de hectares. Das regiões produtoras, apenas o Centro-Oeste deve ter aumento, de 4,8%, puxado por acréscimos nas áreas de Goiás e Mato Grosso do Sul. 

Nas regiões Sudeste e Sul, principais produtores de fécula, os recuos devem ser de 6,3% e 4,5%, respectivamente. No Nordeste, a área plantada deve cair 2,9%, enquanto que, no Norte do Brasil, a diminuição deve ser de 1,6%.

No Paraná, que concentra mais de 70% da produção de fécula do Brasil, a Seab/Deral (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento) estima que a área disponível com mandioca deve recuar 2% em 2022. Esse cenário, junto à produtividade 1% menor, deve resultar em oferta 3%, para menos de 3 milhões de toneladas, a menor desde 2004. 

Quanto ao clima, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), 2022 deve ser marcado pelo fenômeno La Niña, especialmente até o final do outono, e pelo El Niño, no último trimestre. Esses efeitos, além de dificultarem o avanço da colheita, também podem afetar a produtividade agrícola e o rendimento de amido.

Considerando-se uma demanda mais ativa para 2022 e a possível menor oferta, os preços podem se manter firmes – os valores estão em alta desde o início do segundo semestre de 2021. Vale ressaltar que a oscilação brusca de preços é negativa para a comercialização. A menor oferta pode elevar a ociosidade industrial, que já é expressiva, em um ambiente de aumentos de outros custos para o produtor e para a indústria. Assim, empresas de diferentes regiões devem manter disputa acirrada pela matéria-prima.

FÉCULA – A menor oferta e os maiores custos de matéria-prima devem continuar limitando a produção de fécula no Brasil, que está praticamente estagnada nos últimos anos. Os maiores custos, por sua vez, podem ser repassados aos valores de venda, diminuindo a competitividade do derivado frente a outras fontes de amido, especialmente de milho.

A expectativa é de que o Real continue desvalorizado frente ao dólar, favorecendo a competitividade externa, o que pode aumentar os volumes exportados. Porém, para isso, é importante haver produção com excedente, permitindo negociações frequentes e entrega do produto em tempo hábil. É de se esperar que o Brasil se consolide como principal exportador da América do Sul, uma vez que, no Paraguai, a oferta de fécula deve ser mais restrita.

Ainda que o dólar elevado favoreça as exportações, a produção dos amidos modificados pode ser afetada, sobretudo por conta dos insumos (como reagentes), cujos preços estão diretamente atrelados ao dólar, o que também pode pesar negativamente sobre a cadeia produtiva.

O cenário de baixo crescimento com inflação alta deve exigir controles por parte da autoridade monetária por meio da taxa básica de juros, que, segundo a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), deve continuar a subir. E o possível impacto negativo desse cenário pode ocorrer sobre o consumo, especialmente nos segmentos ligados ao varejo, que afetam diretamente o mercado de amidos, seja para o consumo alimentício ou como insumo para setores industriais.

A baixa oferta de matéria-prima deve influenciar ainda na dinâmica de expansão do setor já planejada nos anos anteriores, principalmente no que se refere à implementação de novas unidades industriais no Centro-Oeste e Nordeste, que visavam atender a nichos específicos de mercado, como o de cervejaria. Assim, a produção deve seguir concentrada nos tradicionais estados produtores do Centro-Sul (Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo).

De acordo com consultorias internacionais, há perspectiva de crescimento da produção de fécula tailandesa entre 2022 e 2024, para atender à demanda do continente asiático, com destaque para a China, que sinaliza aumentar as importações de mandioca (chips) para a alimentação animal, devido aos elevados preços do milho. Além disso, em 2022, o uso da mandioca para a produção de biocombustíveis deve aumentar na Ásia.

FARINHA – O consumo de farinha caiu nos últimos anos em todas as regiões brasileiras, seja no meio urbano ou no rural, e deve permanecer estável em 2022. Esse cenário está atrelado tanto ao aumento da renda per capita quanto a mudanças nos hábitos de consumo. 

Em termos de consumo per capita, há uma possibilidade de voltar a ter transações entre diferentes regiões em 2022. No atacado das principais regiões consumidoras do Centro-Sul, não houve formação de estoques nos últimos meses, o que deve levar esses agentes a iniciarem o ano realizando compras.

A diminuição mais abrupta na oferta de mandioca no Centro-Sul e a disputa pela matéria-prima com as fecularias devem manter limitada a produção de farinha nos estados do Paraná e São Paulo, como observado nos últimos anos. Vale destacar, que entre 2020 e 2021, parte das unidades encerrou as atividades.

No estado do Pará, principal produtor de farinha da região Norte, a área plantada deve aumentar 3,9% em 2021, o que ainda deve ser insuficiente para repor as perdas de anos anteriores. No mesmo período, a área no Amazonas deve ser 24% menor. 

Na possibilidade de menor produção nos estados do Norte e do Centro-Sul, deve haver maior inserção de farinha de estados nordestinos nos principais centros consumidores do Brasil, principalmente do atacado. Porém, a regularidade na oferta pode ser um grande desafio para o setor, especialmente com a possível diminuição no regime de chuvas por conta do El Niño.

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