Iniciamos esta quinta-feira repercutindo os 100 dias do presidente norte-americano Joe Biden no comando da maior nação do mundo. Acreditamos ser o saldo até aqui altamente meritório, com uma grande campanha de vacinação já tendo imunizado mais de 200 milhões de americanos e pesados programas de estímulo, mais um ontem anunciado, de apoio às famílias e à educação (de US$ 1,8 trilhões).
Das 61 promessas de campanha feitas pelo presidente, para estes 100 primeiros dias, quatro não foram cumpridas, 33 estão em andamento e 24 foram totalmente cumpridas. Tivemos o reatamento dos americanos com o Acordo de Paris e a OMS, uma pesada revisão das leis imigratórias, investimentos em Educação anunciados, estímulos fiscais grandiosos refletidos em variados pacotes.
Enfim, uma América renovada renasce depois de quatro anos de "governo trumpista" (Donald Trump). E as mudanças de ares já são perceptíveis, em especial, na imunização da população norte-americana e no esforço de retormar o crescimento com força agora. Estimativas de mercado trabalham com os EUA crescendo 6% neste ano e 4% em 2022. Preocupa, no entanto, o excesso de ativismo fiscal. Muitos pacotes de gastos que terão que ter com compensação a adoção de mais impostos a incidirem sobre os mais ricos.
Já se dá como certo o aumento da taxação sobre ganhos de capital para quem ganha mais de US$ 1 milhão por ano, de 20% para 39%, assim como mudanças nas alíquotas de Imposto de Renda para os que ganham mais de US$ 400 mil. Dúvidas, como sempre, surgem sobre se esta taxação pesada sobre os mais ricos não irá inibir novos investimentos ou gerar uma "revoada" de capitais internalizados. A conferir.
Esta quarta-feira foi um dia intenso nos EUA. Além do discurso de Joe Biden no Parlamento, à noite, tivemos também a reunião do Fomc em que se confirmou o que todos esperavam.
Jerome Powell manteve sua "política acomodatícia" e não sinalizou mudanças, tanto na compra de ativos, como na taxa de juros, mantida no intervalo de 0 a 0,25%. Reafirmou que deve aguardar a retomada da economia norte-americana e a redução do atual desemprego, 6% da PEA, para pensar se muda algo. Por enquanto, tudo fica como está. "Não há razão para começar a lguma redução de estímulos monetários. Seguem a política de compra de ativos e o juro no atual patamar."
Neste ambiente, na quarta-feira as curvas de juro norte-americanas seguiram perdendo inclinação. Os Treasuries Bonds de 10 anos chegaram a operar a 1,65% em alguns momentos, mas logo cederam e fecharam a 1,61%e os de 30 anos, a 2,28%.
No Brasil, continua repercutindo a "debandada" da equipe econômica do ministro Paulo Guedes, ainda mais depois da saída do seu número dois, Waldery Rodrigues, que segundo informações, passa a ser assessor especial do ministro. Causa estranheza. Deixar de ser o número dois do ministério para ser assessor especial? Muito se comenta que ele foi mais um em cair em desgraça junto ao presidente.
O que se sabe é que Waldery, extremamente zeloso pela preservação do teto de gastos, tentou resistir ao máximo à sanha gastadora dos políticos do Centrão e a obtenção de novos "nacos de poder". Waldery e o demissionário George Soares, assim como todos os outros que saíram, se tornaram uma "pedra no sapato" destes e resistiram até o fim. Nada mais acertado. Se fossem despesas essenciais e necessárias, mas duvido que boa parte das verbas das emendas parlamentares tenham um destino necessário. Desconfiamos, aliás, sobre este destino. Podem, muito bem, ser usasdas para preparar as campanhas da eleição de 2022. Ao fim, os cortes das despesas, com emendas e outros, chegaram a R$ 29 bilhões, mas às custas de tanto desgaste que esta debandada acabou inevitável. Acabou se tornando uma desgastante diária batalha por posições. E o saldo não foi bom para o ministro Guedes.
Isso, inclusive, nos coloca no cerne do debate sobre a lei do teto dos gastos. Como administrar as despesas, a partir da inflação passada, num ambiente de fragilidade política? Não nos parece uma tarefa fácil. Aliás, é muito complicado manter regras, num ambiente alçodado e de intensas pressões políticas.
Achamos que novas batalhas nos esperam entre a combalidade equipe de Paulo Guedes (ou o que sobrou dela) e o Centrão. Muito se especula que o remanejamento de ministérios, a tal reforma ministerial, deve se aprofundar nas próximas semanas, com o desmembramento do Ministério da Economia e o surgimento do Planejamento, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e do Trabalho. Mais uma a conferir.
Pela nossa leitura, seria a "pá de cal" sobre a agenda liberal do ministro Paulo Guedes, agora também objeto de críticas diárias.
Claro nos parece que há um esforço diário de parte da mídia em "esvaziar" ainda mais o governo Bolsonaro. Muitos interesses contrariados estariam por detrás disso. Mas não podemos negar também os vários erros cometidos.
As declarações desastradas do ministro Guedes, falando da origem da Covid 19 na China e da baixa qualidade da Sinovac, devem ser salientadas. Depois acabaram desculpadas, ainda mais quando se sabe como os chineses são importantes no fornecimento de insumos para a fabricação de vacinas pelo Instituto Butantan. Não nos pareceria o momento para esta tola guerra ideológica. Estes bate bocas sem fundamento algum só trouxeram prejuízos para o País no ano passado.
E estes serão investigados pela CPI da Covid 19, aberta nesta semana. Erros, omissões, ignorância terão que ser responsabilizados, principalmente, no que se refere às negociações com as vacinas, como a PFIZER. Uma boa notícia é que esta deve estar chegando hoje, nesta quinta-feira, dia 29, ao País, num primeiro lote.
Outra boa notícia veio dos dados de geração de emprego formal pelo Caged. Em março foram geradas 184,1 mil novas vagas, com todos os setores avançando. A Indústria veio com a geração de 42,1 mil novas vagas, os Serviços 95,1 mil, o Comércio 17,9 mil e a Construção Civil, +25,0 mil.
Na agenda desta quinta-feira, estejamos atentos ao PIB dos EUA, o IGP-M, Primário e aos balanços em destaque. Na primeira leitura do PIB dos EUA no primeiro trimestre, estimamos um forte crescimento. No Brasil, temos o IGP-M de abril, além dos dados de março da Nota de Crédito e do resultado primário do governo Central de março.
No rol dos balanços, destaque para os resultados de Amazon (NASDAQ:AMZN), Embraer (SA:EMBR3), Gol (SA:GOLL4) e Mastercard.