Investing.com - Mercados financeiros do mundo todo se concentrarão nas atas da última reunião de política monetária do Federal Reserve na semana que se inicia, com expectativas de que o banco central norte-americano ofereça mais indicações sobre o ritmo de futuros aumentos da taxa de juros do país neste ano.
Ainda nos EUA, um relatório sobre bens duráveis será o destaque da semana encurtada pelo feriado. Os mercados no país estarão fechados na segunda-feira devido ao feriado do Dia do Presidente.
No Reino Unido, investidores aguardarão a segunda leitura dos dados sobre o crescimento do país na busca de mais indicações sobre a saúde da economia e a probabilidade de que o Banco da Inglaterra eleve a taxa de juros este ano.
Enquanto isso, agentes de mercado estarão atentos a novos dados sobre a atividade industrial na zona do euro para avaliar a rapidez na qual o Banco Central Europeu começará a reduzir seu programa de compra de ativos.
Além disso, o Japão irá divulgar dados atentamente monitorados sobre a inflação, já que investidores buscam mais sinais sobre a força da economia e indicações de quando o Banco do Japão irá começar a retirar o estímulo monetário.
Rumores recentes de que principais bancos centrais do mundo irão abandonar a política monetária flexível e elevar taxas de juros em um ritmo mais acelerado do que o mercado atualmente aposta devido a uma recuperação na inflação geraram uma operação de venda no mercado global de títulos neste mês, com rendimentos de títulos nos EUA, na Europa e na Ásia subindo.
Antes da semana que está por vir, a Investing.com compilou uma lista com os cinco maiores eventos do calendário econômico com grandes chances de afetar os mercados.
1. Atas da Reunião do Fed
O Federal Reserve divulgará na próxima quarta-feira, às 16h, as atas de sua mais recente reunião de política monetária.
O banco central norte-americano deixou as taxas de juros inalteradas após sua reunião em 31 de janeiro, a última sob o comando de Janet Yellen, e afirmou que a inflação provavelmente irá subir neste ano. Esses comentários sinalizaram que os custos de crédito irão continuar a subir sob a direção de Jerome Powell, novo presidente da instituição.
Além das atas do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), os mercados estarão muito atentos a comentários que vários integrantes do Fed farão nesta semana na busca de suas opiniões sobre o recente aumento da inflação e como isso poderá afetar a política monetária.
Em destaque na agenda estarão os comentários de William Dudley, influente chefe do Fed de Nova York, bem como os de Loretta Mester, presidente do Fed de Cleveland e conhecida por defender políticas monetárias mais duras. Ambos possuem participação marcada em um painel de discussões no Fórum de Política Monetária dos Estados Unidos, que ocorrerá na sexta-feira em Nova York.
O Fed deverá realizar sua próxima reunião de política monetária entre 20 e 21 de março, com futuros da taxa de juros agora apostam em cerca de 82% de chances de um aumento das taxas na reunião, de acordo com o Monitor da Taxa da Reserva Federal do Investing.com.
Um recente lote de dados sobre inflação dos EUA, que se apresentaram mais fortes do que se esperava, reforçou apostas de que o Fed poderia elevar as taxas de juros até quatro vezes neste ano, mais do que os três aumentos atualmente previstos.
2. Vendas de imóveis usados nos EUA
A Associação Nacional dos Corretores de Imóveis dos EUA deverá divulgar dados sobre vendas de imóveis usados em janeiro às 12h da próxima quarta-feira.
O consenso das projeções é de que o relatório mostrará que as vendas de imóveis de segunda mão tiveram aumento de 0,9% no mês passado, totalizando 5,62 milhões a partir de 5,57 milhões em dezembro.
Além do relatório de imóveis, o calendário dessa semana encurtado pelo feriado também traz dados norte-americanos sobre atividade no setor manufatureiro e no setor de serviços, bem como números de pedidos de seguro-desemprego.
Enquanto isso, em Wall Street, os mercados permanecerão fechados na segunda-feira devido ao Dia do Presidente. Os balanços corporativos a serem divulgados nesta semana incluem os de grandes varejistas como Walmart (NYSE:WMT) e Home Depot (NYSE:HD), ambos com previsão de serem apresentados antes da abertura de terça-feira.
O Dow e o S&P 500 subiram 4,3% cada na semana passada, registrando seu melhor desempenho semanal desde 2016 e 2013, respectivamente. Já a Nasdaq saltou 5,3%, registrando seu melhor ganho em uma semana desde 2011.
Além disso, notícias de Washington deverão manter investidores em alerta, já que a investigação sobre os vínculos da campanha do presidente Donald Trump com a Rússia continua.
3. PIB do Reino Unido no primeiro trimestre - segunda estimativa
O Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido (ONS, na sigla em inglês) deverá divulgar a segunda estimativa do crescimento econômico do país no quarto trimestre às 06h30 da próxima quinta-feira.
Espera-se que o relatório confirme que a economia cresceu 0,5% nos últimos três meses do ano passado, destacando a perspectiva de que a economia britânica permanece forte. Em comparação ao ano anterior, a projeção de crescimento da economia é de 1,5%, também sem alteração a partir da estimativa inicial.
A segunda leitura incluirá um detalhamento do crescimento do investimento empresarial.
Antes do relatório do PIB, aguarda-se na quarta-feira a divulgação dos dados mensais sobre desemprego na busca de mais indicações sobre o efeito contínuo que a decisão do Brexit está tendo sobre a economia.
Embora a economia do Reino Unido esteja atrasada em relação à recuperação global, ela se mostrou melhor do que as previsões sombrias feitas no momento da decisão de 2016 de deixar a União Europeia.
O Banco da Inglaterra manteve as taxas de juros sem alteração no início deste mês, mas sinalizou que é provável que haja aumento dos juros mais cedo do que se esperava meses atrás, já que a instituição busca manter o controle da inflação.
O banco central irá realizar sua Audiência de Inflação na quarta-feira, na qual Mark Carney, seu presidente, e seus colegas irão discutir a evolução recente da inflação perante o Comitê do Tesouro.
4. PMIs da zona do euro
A zona do euro deverá apresentar dados preliminares sobre a atividade nos setores da indústria e de serviços em fevereiro às 06h00 da próxima quarta-feira em meio a expectativas de uma redução modesta.
Antes dos PMIs da zona do euro, França e Alemanha divulgarão seus próprios relatórios de PMI às 05h e 05h30, respectivamente.
Além desses dados, há também alguns estudos sobre a percepção das empresas alemãs dos institutos IFO e ZEW, que, caso permaneçam fortes, poderão pressionar o Banco Central Europeu a se aproximar do fim de seu programa de estímulo monetário.
As atas da reunião de janeiro de política monetária do BCE serão divulgadas na quinta-feira. Nesta reunião, o BCE afirmou que irá manter seu programa de estímulo de 2,5 trilhões de euros o tempo que for necessário e declarou que há "muito poucas chances" de que irá alterar as taxas de juros neste ano.
Apesar destes comentários, agentes do mercado permanecem convencidos de que a política monetária acomodatícia na região irá chegar ao fim mais rapidamente do que se esperava.
O banco central reduziu suas compras de títulos de 60 bilhões de euros para 30 bilhões de euros em outubro, mas estendeu o programa até o final de setembro de 2018, mencionando pressões moderadas de preços.
5. Dados da inflação do Japão
O Escritório de Estatísticas do Japão divulgará os números inflação em janeiro às 08h50 de sexta-feira em horário de Tóquio (20h50 de quinta-feira em horário de Brasília).
Analistas de mercado esperam que os números principais permaneçam positivos, subindo 1,3% em base anual, o que poderia ser o 13º mês seguido de aumento em base anual.
Contudo, o aumento modesto em base anual ficará bem abaixo da meta do Banco do Japão de 2% e manterá o banco central sob pressão para manter seu imenso programa de estímulo monetário.
Há algumas indicações recentes de que o Banco do Japão está preparando o terreno para começar discussões sobre a redução de seu programa de flexibilização quantitativa, gerando especulações de que irá seguir o Fed e o BCE e começar a normalizar a política monetária antes do que se espera.
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