Olá a todos!
BORA “CAUSAR”
Com a tônica de hoje não espero nada além do que ganhar alguns inimigos. Afinal, misturar futebol e bolsa de valores colocando seus viéses só pode gerar discórdia e confusão. Mas, se não for para causar, por que ter um blog, não é mesmo? Acho que me inspirei nos documentários e coisas que li sobre Maradona (R.I.P).
Primeira polêmica:
Pelé foi melhor que Maradona! Mas Maradona era más grande que Pelé!! Que persona! Sem mais!
Segunda polêmica:
A bolsa atualmente parece torcida do Flamengo, surge um monte de torcedor porque está ganhando, vestindo a camiseta e felizão cantando vitória.
Terceira polêmica:
Renato Gaúcho por toda sua história já provou ser maior que Garrincha e Zico, quem disser o contrário é clubismo!
Ok Will, mas o que tem tudo isso a ver com a bolsa e economia?
Primeiro: porque me sinto como o Maradona olhando para o computador e vendo o desempenho da minha carteira esse ano: sofrido! Aliás, no sul os coloridos nos chamam (nós gremistas) de sofredores. Que peito deles! Mas é isso, sofro com meu Grêmio e sofro na bolsa. Assim como Maradona, sofro com meus altos e baixos, por que teria que estar sempre de bom humor?! Mesmo com a alta recente das bolsas e com minha exposição em dólar, ainda estou com -10% no ano! La puta madre!
Segundo: já viram quantas manchetes por aí dizendo que agora é a vez do Brasil? Cheio de bancões e tudo mais recomendando investir nos emergentes e o Brasil como um dos tops? A 70 mil pontos ninguém queria, agora a 113 mil é a melhor coisa do mundo? Sério, isso me lembra torcida do Flamengo: cresce quando time ganha e some quando perde. E, com isso, você flamenguista já pode se sentir a vontade para ir me xingar nos comentários…rs.
Terceiro: sobre o Renato Gaúcho, realmente não tem nada a ver com a bolsa, foi só pra dar minha opinião mesmo…kkkk
BOLSA BRASIL
Recapitulando um pouco a história de 2020 se resume a: pessoa física entrando massivamente na bolsa e sustentando toda recuperação desde as mínimas de março. O investidor institucional local foi entrando aos poucos com medo de perder o bonde, buscando algumas pechinchas, mas morrendo de medo da situação fiscal e econômica. Isso até outubro: aí vieram os gringos comprando tudo em novembro e ajudando a empurrar a bolsa para as máximas, aproveitando a queda do Real e tentando diversificar após os valuations no exterior se mostrarem um pouco esticados. Eliseu mostrou isso na Tônica da Semana passada…quem não leu, acessa aqui.
Olhando para economia, os últimos dados que eu vi se mostraram mais fracos do que o esperado
Produção industrial veio aquém do esperado…
PMI de serviços também mostrou desaceleração….
Assim como o PIB reportado, que ficou aquém do esperado…
E a confiança parou de subir, ao menos no último dado disponível…
Fora isso nosso maior problema, o fiscal persiste….
O que nos salva é que o custo dessa dívida caiu consideravelmente por conta dos juros mais baixos…
E olhando do lado das reformas estamos no dia 7 de dezembro: ainda discutindo se os atuais presidentes da Câmara e Senado poderiam quebrar a regra e se reeleger: será que conseguiremos ter alguma reforma ainda esse ano?
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E do lado do mercado, olhando a performance do ano, ainda estamos uns 8% a 10% pra trás do S&P 500 e de emergentes, ou mesmo das máximas pré-covid, o que sugere que ainda existirá espaço para novas altas em linha com o que temos visto no mercado externo. Mas quando olhamos das mínimas o IBOV já se recuperou muito em linha com emergentes (vermelhor) e o S&P (linha preta). E aí?!
Olhando para o mercado o que vejo é uma torcida do Flamengo inteira super felizona cantando alegremente porque o time está ganhando. #típico.
Você que leu até aqui, me dê um desconto, estou amargo. Minha carteira se recuperou, mas não está lá essas coisas, talvez seja isso, sou um otimista nato e convicto. E se você está ganhando dinheiro, fico feliz.
Estamos nos 113 mil pontos. Para encerrarmos o ano no zero a zero, o Ibovespa teria que subir ainda uns 5%, totalmente factível a meu ver. Ainda assim, por ora estou reduzindo posições compradas. Tudo que comentei aqui parece ser parte do passado. O mercado parece olhar para 2021 e apostar que será o ano dos emergentes. Em relação a isso tenho um receio que compatilho aqui embaixo:
RECEIO
Meu receio deriva da ideia de que a expansão atual é uma mudança de tendência que veio para ficar: todo esse otimismo com emergentes acontece apóes vermos o petróleo sair de menos de US$ 20/barril para US$ 45 o WTI (isso dá mais de 100% de alta!). O minério de ferro tendo dobrado, saindo de menos de US$ 70/ton para US$ 140/ton. Tenho dificuldades em perpetuar o bom momento vivido pelas commodities: será que se mantém?
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Não tenho a resposta, mas esse boom me parece ser totalmente derivado de um push out da China. Os chineses também perceberam uma desaceleração de sua economia por conta da Covid. Como resposta, eles também flexibilizaram políticas monetárias, e, como resultado, isso vem ajudando o mundo emergente e em especial as bolsas desses países tão dependentes de commodities. O gráfico abaixo mostra essa correlação.
Mas até onde vai isso? E quando a China puxar o freio monetário?
O REAL
Maradona volta e meia tentava lutar contra drogas, se internando e tudo mais. Nunca deu muito certo, essa que é a realidade. O Brasil nunca foi uma ilha: achar que os movimentos que acontecem com sua moeda derivam apenas da cena interna me parece tolice. Nunca dá muito certo!
Não se engane você achando que o mundo viu que o Real estava descontado e agora resolveu apostar na moeda brasileira. A meu ver é apenas fluxo que migrou para moedas emergentes em geral, vide o gráfico de TODAS moedas emergentes
Em consonância com a fraqueza do dólar em nível global…
MERCADO AMERICANO
Em relação ao mercado americano, os últimos dados mostraram uma certa fraqueza, ou que a economia também está dando sinais de desaceleracão. Citando alguns:
- Na segunda-feira tivemos os dados de vendas pendentes de moradias que mostrou contração, vindo abaixo do esperado;
- Na terça-feira o PMI da indústria mostrou expansão, mas aquém do esperado;
- Na quarta-feira o relatório “Livro Bege” do Federal Reserve mostrou “pouco ou nenhum crescimento” em 4 dos 12 distritos analisados pelo banco central americano e apenas uma modesta expansão em outras regiões nas últimas semanas;
- Quinta-feira foi a vez do PMI de serviços, que também mostrou o mesmo. Ou seja, crescimento desacelerando;
- Sexta-feira o indicador mais importante, o Payroll que mede a saúde do mercado de trabalho, decepcionou em larga escala, com uma geração de empregos aquém do esperado, ainda que a taxa de desemprego tenha seguido em queda.
O vilão segue sendo o mesmo: a Covid-19. Os casos seguiram crescendo e mais e mais governos vem impondo certas restrições:
Até aí, ok! Na real, considerando que temos vacina, esse é um risco controlado e já monitorado pelo mercado. Logo, não faz tanto preço. Na verdade, o impacto de uma covid-19 pesando mais sobre a economia é o de acelerar a discussão de um pacote de socorroa a economia.
O que me preocupa são vários indicadores apontando para o fato do fluxo de recursos já ter migrado para equities em nível recorde:
A demanda por calls (opções de compras de ações) voltando a subir: afinal, se o mercado só sobe, bora comprar umas calls para ganhar mais não é mesmo?
O otimismo em níveis recordes…O perfil do twitter @Sentimentrader calcula alguns indicadores de mercado. Na semana passada, pela primeira vez em 15 anos, 60% desses indicadores mostraram um excesso de otimismo:
Ou euforia?
Ou seria ganância?
A verdade é que seguimos sem grandes motivos ou triggers para fortes realizações: por que a bolsa iria cair de uma hora para outra?
Não sei.
Mas, esse bando de indicador que fico olhando me deixa meio preocupado: a forte alta nas últimas semanas (desde o fim de outubro) levou o mercado a níveis elevados, e isso me preocupa. Fico receoso, com isso cautela e a seletividade se fazem necessárias, canja de galinha não faz mal a ninguém.
Era isso.
Aquele Abs.