Chegamos ao último dia útil da semana de olho na inflação americana e nos próximos passos do Fed. Nesta sexta-feira é divulgado o PCE de dezembro, indicador de inflação mais olhado pela autoridade monetária americana.
Sua abordagem mais hawkish segue despertando os mercados, com dúvidas sobre a intensidade do aperto monetário nos próximos meses. Teremos um ajuste do Fed Funds, em 0,5 ponto percentual, e não 0,25 na reunião do FOMC em março, ou até seis elevações neste ano? Não se descarta elevações de juro em todas as reuniões de 2022. Mercados de curto prazo, mais cautelosos, trabalham com cinco elevações. Ao fim do ano, o Fed Funds pode chegar a 1,5%. E a inflação?
Já se considera o maior e mais rápido aperto de política monetária global em muitos anos. Na semana que vem o banco central do Reino Unido (BoE) deve dar partida ao seu ciclo de aperto monetário, elevando a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, a 0,5%, até junho chegando a 1%.
Nesta semana, a África do Sul elevou o juro em 0,25 p.p. a 4,0%, e o Bacen turco elevou sua projeção de inflação, de 11,8% para 23,2% neste ano. No BCE já se considera mais 0,2 pontos básicos para a taxa de juros até dezembro de 2022. Ou seja, há uma coordenação de apertos monetários pelo mundo, mas muita cautela é necessária, num gradualismo inevitável, diante dos riscos de “estouro de bolha” ou rupturas.
E ainda temos as tensões na OTAN diante da relação entre Rússia e Ucrânia, embora os russos neguem pensar em invadir o país vizinho (algo “impensável”). No cerne deste imbróglio a adesão (ou não) dos ucranianos à OTAN e o fornecimento de gás natural à Europa.
Mesmo neste ambiente externo mais tenso, o mercado de ativos brasileiro segue meio que “descolado”. Até ontem, dia 27, o Ibovespa acumulava ganhos de 8,4%, o dólar caindo 3,6%, na contramão de uma bolsa tech em NY, Nasdaq, recuando 15,6% e o S&P -9,8%.
US2Y
Este é o ativo que mais deve reagir as decisões de política monetária do Fed por mostrar a “ponta curta” da curva de juros americana. Depois da Ata da reunião de dezembro, o ativo valorizou mais 1%. Como a taxa está em 0,25%, para os próximos dois anos a “contratação” é de pelo menos a 1%, ou seja, mais três aumentos de 0,25 ponto percentual.
Sobre a pandemia
Seguem os recordes diários de novos casos no Brasil. Ontem, dia 27, foram a 228.972 em 24 horas. Ainda não dá para saber quando chegaremos ao “pico”. Ontem, as mortes, pela média móvel, chegaram a 332, 80% ACIMA da semana passada.
Por outro lado, uma boa notícia é de que os atendimentos hospitalares em SP seguem em queda, o que deve se refletir mais a frente na curva de casos. Mesmo assim, em dez Estados, 70% das UTIs estão LOTADAS por pacientes com Covid.
Na cena internacional, o quadro segue o mesmo ritmo, com alguns países em queda, outros em alta, outros andando de lado.
No Brasil
Depois de uma reunião tensa, parece que o presidente Bolsonaro desistiu da PEC dos Combustíveis. Seu objetivo era reduzir o valor dos combustíveis e da energia elétrica em momento de alta. Populismo na veia em ano eleitoral. Mudança de rumo aconteceu depois do governo avaliar que a proposta poderia não alcançar o resultado esperado. Para o governo, o melhor seria criar um fundo de estabilização de preços. Conclusão é de que o efeito poderia seria contrário, com a alta do dólar.
Pesquisa Ipesp
Em votos espontâneos, Lula chegou a 35% e Bolsonaro 23%. Em votos estimulados, Lula 44% e Bolsonaro 24%, Ciro E Moro 8% e Dória 1%. No Segundo turno, Lula a 54% e Bolsonaro 30%; 50% contra Moro (30%), 51% e contra Ciro (25%) e 52% contra Dória (19%). Configura-se um quadro que dificilmente deve se reverter. Lula da Silva está com uma das mãos na vitória eleitoral em outubro.
INDICADORES
No Brasil
O Índice de Confiança dos Consumidores atingiu o menor patamar desde abril de 2021. Caiu 6,5 pontos percentuais em dezembro, para 75,3, menor desde abril de 2021 (72,1).
Nos EUA
O PIB do quarto trimestre, pela primeira leitura, cresceu 6,9%, contra previsão de 5,5%. No ano, crescimento chegou a 5,7%. Tal desempenho foi possível pelos estímulos fiscais anunciados por Biden nos seus vários pacotes de estímulo.
Pela primeira leitura, o PCE subiu à taxa anualizada 6,5% no quarto trimestre de 2021. Já o núcleo foi a 4,9%.
Os pedidos de seguro desemprego caíram 30 mil na semana, a 260 mil, contra estimativa de 265 mil.
Na Alemanha
Índice GFK de confiança do consumidor subiu para -6,7 pontos, acima das previsões (-8). Tal resultado sugere a interrupção da tendência de queda no ciclo de confiança da Alemanha, mesmo com a Covid e as tensões na Ucrânia.
MERCADOS
No Brasil, o Ibovespa fechou nesta quinta-feira (27) em alta de 1,19%, a 112.611 pontos, beneficiado pelo avanço de commodities e também pelas decisões do Fed sobre encerrar suas compras de títulos antes de lançar uma redução significativa em seus ativos. Já o dólar registrou leve queda de 0,26%, cotado a R$ 5,424 também repercutindo o comunicado da reunião de política monetária do Fed.
Nos futuros do dia 27, o Ibov avançava 0,85%, a 113.036 pontos e o dólar a R$ 5,407 (-0,47%). No mercado de Treasuries, BR 2Y RECUANDO FORTE 5,56%, a 11,26, BR 5Y -0,27%, a 10,96, e BR 10Y, -0,43%, a 11,01.
Nas últimas três semanas os gringos internalizaram com US$ 9,2 bilhões em derivativos no mercado brasileiro, ou seja, apostando no real. O fluxo externo para a B3 (SA:B3SA3) é de US$ 4,3 bilhões em janeiro. Um dos motivos a agressiva política de aperto monetário, com o juro Selic já tendo sido elevado em 7,25 ponto percentual.
Na madrugada do dia 28/01, na Europa (05h12), os mercados futuros operavam em QUEDA, diante do cenário de incerteza deixado no discurso de Powell e as tensões na Europa do Leste: DAX (Alemanha) -0,86%, a 15.390 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -0,32%, a 7.530 pontos; CAC 40 -0,21%, a 7.009 pontos, e EuroStoxx50 -0,53%, a 4.162 pontos.
Na madrugada do dia 28/01, na Ásia (05h11), os mercados operaram MISTOS, pelas incertezas do Fed e riscos de conflito entre Rússia e Ucrânia: S&P/ASX (Austrália), +2,19%, a 6.988 pontos; Nikkei (Japão) +2,09%, a 26.717 pontos; KOSPI (Coréia), +1,87%, a 2.663 pontos; Shanghai -0,97%, a 3.361, e Hang Seng, -1,20%, a 23.522 pontos.
Nos EUA, as bolsas de NY, NO MERCADO FUTURO, operavam EM ALTA neste dia 28/01 (05h10): Dow Jones, +0,38%, 34.172 pontos; S&P500 +0,57%, 4.342 pontos, e Nasdaq +0,85%, a 14.121 pontos. No VIX S&P500, 28,05 pontos, EM RECUO DE 2,69%.
No mercado de Treasuries, US 2Y AVANÇANDO 1,69%, a 1,2121, US 10Y +1,72%, a 1,8390, e US 30Y, +1,81%, a 2,1290. No DXY, o dólar +0,10%, a 97,34, e risco país, CDS 5 ANOS, a 223,6 pontos. Petróleo WTI, a US$ 87,39 (+0,90%) e Petróleo Brent US$ 88,85 (+0,77%); Gás Natural +2,92%, a US$ 4,41.
Diante de um barril de petróleo, que beira os US$ 90, não restará à Opep outra saída a não ser elevar a produção na próxima semana. Espera-se que este aumento esteja em linha com a ampliação mensal de 400 MIL barris diários. A produção da Opep está “reprimida” e algo deve ser feito diante da retomada global.
Agenda desta sexta-feira, os dados do Tesouro, com o resultado do Governo Central de 2021. Ainda temos a taxa e desemprego de novembro, bem influenciada pela demanda mais forte de final de ano. Temos também o IGP-M de janeiro, em expectativa de desaceleração. Sai ainda as Sondagens de Serviços e Consumo da FGV. Nos EUA, o PCE de dezembro; e na Europa, o PIB da Alemanha.