A vitória apertada do governo em primeiro turno, na PEC dos Precatórios, jogou mais dúvidas sobre como serão as próximas votações sobre este tema. A próxima votação acontece na terça ou na quarta-feira na Câmara. Depois teremos mais duas no Senado.
Neste cenário crescem as incertezas sobre os cenários fiscais para 2022. E isso se reflete nos mercados de ativos, em especial na bolsa de valores, que recuou forte ontem, também impactada pela queda das ações da Petrobras (SA:PETR4), declarações “desastradas” do presidente, e anúncio de aumento gradual da produção pela OPEP+. A bolsa paulistana cedeu 2,09%, a 103.412 pontos, no menor nível desde 12 de novembro de 2020. Agora, a bolsa paulistana acumula perda de 0,09% em novembro e 13,1% no ano.
Câmbio e juro também sentiram o tranco. O dólar chegou R$ 5,6061 no fechamento, em alta de 0,29% e no mercado de juro, depois de alguma acomodação pela manhã, “esticou bem” à tarde, com as pontas médias e longas em altas importantes, assim como as curtas, diante do aperto monetário do Bacen anunciado em ata.
Em NY os mercados operaram digerindo a decisão do Fed, mas também no aguardo do payroll nesta sexta-feira, além da queda do petróleo e a decisão do Banco da Inglaterra de não mexer em nada neste momento.
PEC dos precatórios
O placar de 312 a 144 na Câmara, apenas quatro votos acima do mínimo necessário para uma emenda constitucional, jogou mais instabilidade num mercado já bearish pelo cenário político conturbado e os riscos fiscais de um governo que tenta reverter sua perda de popularidade com medidas populistas. Nas próximas votações, na Câmara, o desafio será dobrar o MDB e esperar que parte do PDT se mantenha favorável. No Senado, a bancada do PSDB já se coloca contrária.
Para piorar, Ciro Gomes, um “franco atirador” nas eleições de 2022, resolveu “jogar”, anunciando que sairia da disputa presidencial se parte da bancada do PDT mantiver sua posição de apoio à PEC. Isso se explica pela bancada do PDT não ser uníssona sobre certos temas. No cenário dos estados nem sempre há unidade sobre o que determina o diretório nacional do partido “brizolista”. Há estados, como Ceará e Bahia, grandes credores da União, em que os deputados possuem leituras próprias e veem o acordo da PEC como algo positivo.
Já a leitura do mercado é a pior possível. O texto desta PEC é muito ruim, cheio de “jabutis” e joga dívidas judiciais, no total em quase R$ 1 trilhão para frente tornando-as impagáveis. Estamos próximos sim de um downgrade no nosso risco soberano, dados os movimentos desastrados e oportunistas nas articulações políticas entre Centrão e governo. Não resta dúvida de que o teto dos gastos está sendo desrespeitado, para acomodar interesses, algo condenável em todos os aspectos. Estudos do IFI indicam que o espaço, para o governo usar fora do teto, deve chegar a R$ 95 bilhões em 2022.
Se esta PEC não passar em segundo turno na Câmara (esta possibilidade é bem grande), ou “empacar” no Senado, não restará ao governo outra saída a não ser prorrogar o auxílio emergencial por medida provisória. Interessante observar que este texto da PEC nada fala sobre transferir recursos aos mais necessitados, mas sim R$ 20 bilhões aos deputados. Realmente, não pode dar certo...
Nos EUA
Articulações na Câmara devem adiantar a votação do projeto de Lei Buld Back Better e de Infraestrututra bipartidário nesta sexta-feira. Em paralelo, Jerome Powell foi a Casa Branca nesta quinta-feira conversar com Joe Biden. Teremos a continuidade. Tudo leva a crer que sim.
Na reunião da OPEP+ foi definida a continuidade no aumento da produção de petróleo em 400 mil barris por dia em dezembro, mesmo com as pressões dos EUA. A próxima reunião acontece no dia 02 de dezembro.
Indicadores
No Brasil
Produção Industrial de setembro, pelo IBGE, recuou 0,4% contra agosto, quarto resultado negativo seguido. Contra setembro de 2020 recuo foi de 3,9%, pior do que no mês anterior (-0,7%). Setor acumula 7,5% no ano e 6,4% em 12 meses.
PMI Composto caiu a 53,4 em outubro contra 54,7 em setembro. PMI de serviços subiu a 54,9 em outubro, contra 54,6 em setembro. Pela Fenabrave, vendas de veículos novos subiram 4,7% em outubro contra setembro, mas recuaram 24,5% contra outubro de 2020. No ano, vendas crescem 9,5%.
Nos EUA
Balança comercial de setembro fechou deficitária em US$ 80,90 bilhões, contra previsão de US$ 80,5 bi. Pedidos de seguro desemprego caíram 14 mil na semana, a 269 mil, contra previsão de 275 mil.
Na Zona do Euro
Divulgação de PMIs na Zona do Euro:
- PMI Composto cai a 54,2 em outubro ante 56,2 em setembro (Previsão: 54,3)
- PMI de serviços cai a 54,6 em outubro ante 56,4 em setembro (Previsão: 54,7)
- PPI sobe 2,7% em setembro ante agosto (Previsão: +2,2%)
- PPI sobe 16,0% em setembro ante mesmo período de 2020 (Previsão: +15,2%)
Sobre a COVID
Alemanha registrou aumento diário recorde de casos de Covid na quarta-feira. Situação na Europa segue preocupante. No Reino Unido, o regulador aceitou a comprimido viral Merck MRK.N e Ridgerback, primeiro país a liberar uma terapia potencialmente revolucionária para a doença.
Desemprego
Um overview sobre o mercado de trabalho no mundo pós pandemia é necessário neste momento. Isso comprova a tese de que os movimentos relativos dos preços se dão por problemas de abastecimento de insumos nas cadeias produtivas do mundo e por choques de commodities, em especial, minerais, alimentos e energia. Não temos choques de demanda, por salários elevados e empregabilidade geral. O PAÍS com maior taxa de desemprego é a África do Sul, 34% da PEA, seguido pela Espanha 14,5%, Brasil 13,2%, Turquia 12,1%, Argentina 9,6%, Itália 9,2%, França 8%, Canadá 6,9%, Índia 6,9%, Indonésia 6,2%, China 4,9% e EUA 4,8%.
MERCADOS
No Brasil, o Ibovespa apresentou alta de 2,08% na quarta-feira, a 103.412 pontos e o dólar em alta forte, a -2,08%, R$ 5,5897, mesma direção da inclinação da curva de juros.
No mercado já há casas prevendo R$ 6 ao fim de 2022, com riscos fiscais jogando contra e exterior menos favorável.
Na madrugada do dia 05/11, na Europa (04h05), os mercados futuros operavam EM ALTA: DAX (Alemanha) avançando 0,44%, a 15.029 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), +0,43%, a 7.279 pontos; CAC 40 +0,53%, a 6.987 pontos, e EuroStoxx50 +0,55%, a 4.333 pontos.
Na madrugada do dia 05/11, na Ásia (05h05), os mercados operaram em maioria em QUEDA: S&P/ASX (Austrália), +0,39%, a 7.456 pontos; Nikkei (Japão) -0,61%, a 29.611 pontos; KOSPI (Coréia), -0,47%, a 2.969 pontos; Shanghai -1,00%, a 3.491, e Hang Seng, -1,55%, a 24.833 pontos.
No futuro nos EUA, as bolsas de NY, NO MERCADO FUTURO, operavam MISTOS neste dia 04/11 (22h35): Dow Jones, -0,04%, 35.995 pontos; S&P 500, +0,01%, a 4.673 pontos, e Nasdaq -0,06%, a 16.336 pontos. No VIX S&P500, 17,45 pontos, AVANÇANDO 0,40%. No mercado de Treasuries, US 2Y AVANÇANDO 3,21%, a 0,4304, US 10Y +0,83%, a 1,537 e US 30Y, +0,25%, a 1,968. No DXY, o dólar +0,03%, a 94,350, e risco país, CDS 5 ANOS, a 246,3 pontos. Petróleo WTI, a US$ 79,73 (+1,17%) e Petróleo Brent US$ 81,30 (+0,51%). Gás Natural em AVANÇANDO 0,94%, a US$ 5,71 e Minério de Ferro, -2,68%, a US$ 563.
Nos mercados, a reunião da OPEP+, com os EUA pressionando pelo aumento da produção, manteve a produção de 400 mil bd.
Na agenda desta sexta-feira, nos EUA destaque absoluto para o payroll e a taxa de desemprego.