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Ações Americanas se Saem Bem em Outubro, Mas Riscos Ainda Pairam no Ar

Publicado 01.11.2021, 10:08
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Era palpável o incômodo dos investidores com o recuo do mercado no fim de setembro e o aumento das preocupações com o que viria pela frente em outubro.

De fato, havia muitas razões para se preocupar: inflação em alta, aceleração dos juros, aumento das tensões globais e política interna igualmente tensa. Os mercados acionários pelo menos não precisaram se preocupar. Os índices acionários americanos registraram seus melhores ganhos desde 2015 para o mês de outubro.

Novas máximas para os três principais índices dos EUA e algumas mega-ações de tecnologia

Os índices S&P 500, Dow Jones Industrial, Nasdaq Composto e Nasdaq 100 terminaram o mês em suas novas máximas de 52 semanas e de fechamento.

SPX 300 Min.

O S&P e o Nasdaq registraram seus melhores ganhos mensais desde novembro de 2020. A alta do Dow foi a segunda melhor desde novembro de 2020.

Graças a um avanço de 17,6% no mês, a capitalização de mercado da Microsoft (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34) se tornou a maior entre as empresas americanas, ultrapassando o da Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34): US$2,49 trilhões contra US$2,476 trilhões.

A Apple alertou, quinta-feira, que problemas com a cadeia de fornecimento poderiam atrapalhar suas operações. A Microsoft divulgou resultados e projeções bastante admirados.

MSFT 300 Min.

Resultado: a capitalização de mercado da Microsoft superou a da Apple, já que a gigante do software sediada em Washington parecia estar mais bem preparada para lidar com os desafios gerados pela pandemia.

A fabricante de veículos elétricos Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) encerrou o mês com uma alta de 43%. A companhia viu sua capitalização de mercado superar a marca de US$1 trilhão pela primeira vez, juntando-se à elite de Microsoft, Apple, Alphabet (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34), controladora do Google, e Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34).

Tudo isso ocorreu independente da alta constante do petróleo e da gasolina desde o início de 2020, bem como dos problemas anteriormente mencionados envolvendo a cadeia de fornecimento, a alta mundial da inflação e o complicado ambiente político.

Além disso, o recuo das ações na última quarta-feira de outubro parecia ter sido desencadeado por investidores nervosos com o risco, que correram para os títulos de longo prazo para garantir maiores retornos.

Três forças poderosas reduziram o estresse durante o mês

Mas três forças poderosas ajudaram os mercados a evitar um grande estresse em outubro:

  • O Federal Reserve tem sido claro que só irá elevar juros no ano que vem e, ainda assim, de forma compassada. Saberemos mais sobre os planos do Fed nesta semana, quando deverá anunciar uma previsão para reduzir seu gigantesco programa de compras de títulos. Essa iniciativa do Fed colocou dinheiro na economia, a fim de combater os efeitos a Covid-19 e fez o rendimento dos títulos de 10 anos dos EUA atingir a mínima de 0,6% em 2020, antes da sua recuperação. O yield atingiu 1,72% em abril, mas encerrou outubro a 1,56%.
  • Os níveis de desemprego registram queda desde o pico de 14,8% em abril de 2020, quando apareceu a pandemia.
  • A economia americana conseguiu crescer, já que as empresas aproveitaram as oportunidades criadas pelas milhões de pessoas trabalhando de casa. Isso foi excelente para fabricantes de computadores, chips e desenvolvedores de software. E empresas como Amazon, Target (NYSE:TGT) (SA:TGTB34) e Costco Wholesale (NASDAQ:COST) (SA:COWC34) conseguiram ajustar seus modelos de negócio para enfrentar essa realidade. (OK, sobreviver.)

Adicione a isso os fortes lucros trimestrais até o momento. Cerca de 80% dos balanços divulgados na atual temporada de resultados superaram as estimativas. As vendas também ficaram acima do previsto em sua maior parte, aumentando o otimismo dos investidores.

Em suma: Inflação? E daí? Essa tem sido a atitude dos investidores, pelo menos por enquanto.

Mas as pressões de preço não foram embora. Os preços do petróleo subiram mais de 10% no mês, como o barril de West Texas Intermediate fechando a US$83,57. O petróleo registra alta de 72% no ano, principalmente porque a população parece ter conseguido se desvencilhar da pandemia.

A gasolina, que tradicionalmente cai no outono americano, não para de subir. Um relatório setorial mostrou que a média nacional era de US$3,401 por galão no domingo, uma alta de 6,6% para o mês e 51% para o ano.

As ações de energia ficaram entre os setores mais fortes do mercado.

O cobre, que é um metal industrial, saltou 6,82%, para US$4,358 por libra-peso, em outubro, e acumula alta de 24% no ano.

LEIA MAIS: 4 Fatores Podem Fazer o Cobre Disparar nos Próximos Anos

E o bitcoin continua brilhando. A criptomoeda estava a US$60.058 no domingo, uma alta de 38% para o mês, e já começa a atrair dinheiro através de fundos negociados em bolsa baseados em contratos futuros.

Vencedores e perdedores de outubro

O que ajudou a impulsionar a alta de outubro foi o interesse dos investidores por tecnologias transformadoras.

TSLA 300 Min.

Com isso, a empresa de tecnologia solar Enphase Energy (NASDAQ:ENPH) e a Tesla tiveram os melhores desempenhos do S&P 500 em outubro, subindo 54,5% e 46,6% respectivamente. Entre as ações de melhor desempenho também estavam Teradyne (NASDAQ:TER) e a NVIDIA (NASDAQ:NVDA) (SA:NVDC34).

A Tesla foi a estrela do índice, após a locadora de veículos Hertz (OTC:HTZZ) ter concordado em comprar 100.000 carros da Tesla até o fim de 2022. O acordo fez as ações da fabricante subirem 22,5% somente na semana passada. A Hertz disparou 25,6% na semana.

Mas três empresas do setor de ferrovias também ficaram entre as com melhor desempenho do S&P 500: A Union Pacific (NYSE:UNP) (SA:UPAC34), a Norfolk Southern (NYSE:NSC) (SA:N1SC34) e a CSX (NASDAQ:CSX) (SA:CSXC34) subiram mais de 20% cada. As ações estão se beneficiando de toda a atenção dada à crise das cadeias de fornecimento.

Quem recuou bastante no grupo de ações de tecnologia foi a Meta Platforms, novo nome do Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34).

FB 300 Min.

Suas ações registraram queda de 0,3% na semana e 4,7% no mês, além de uma correção de 10,4% em setembro.

O novo nome é uma ostensiva referência à decisão do CEO Mark Zuckerberg de investir no Metaverso, que o Wall Street Journal define como “um domínio virtual onde as pessoas trabalham, compram e brincam”. O Facebook mudará seu código de negociação para MVRS em 1 de dezembro.

Mas a empresa enfrenta um problema muito maior: as enormes revelações de documentos internos por uma delatora, mostrando o descuido muito grande com os usuários em várias das suas plataformas de mídia social. As ações do FB tocaram o pico de US$384,33 em 1 de setembro e já caíram 15,8% desde então. Mesmo assim, registram alta de 18% no ano.

A gigante do setor de planos de saúde UnitedHealth Group (NYSE:UNH) (SA:UNHH34), a Microsoft e a farmacêutica Merck (NYSE:MRK) (SA:MRCK34) (que também fornece vacinas contra a Covid-19) foram os destaques no Dow. A Apple, que se valorizou 5,89%, ficou na 12ª posição no mês nesse índice de 30 componentes.

Mas gigantes tradicionais da tecnologia, como IBM (NYSE:IBM) (SA:IBMB34) e Intel (NASDAQ:INTC) (SA:ITLC34), tiveram dificuldades em outubro, caindo 9,95% e 8%, respectivamente. A gigante aeroespacial Boeing (NYSE:BA) (SA:BOEI34) caiu 5,9% no mês, por causa de problemas envolvendo seu 787 Dreamliner.

As preocupações com a Covid, voos cancelados e os custos muito maiores com combustíveis pesaram sobre as companhias aéreas. O American Airlines Group (NASDAQ:AAL) (SA:AALL34) caiu 6,4%. O Alaska Air Group (NYSE:ALK) (SA:A1LK34) afundou 9,9%. E a Southwest Airlines (NYSE:LUV) (SA:S1OU34) cedeu 8,1%.

Risco pela frente

Apesar de um mês de alta para as ações e bons balanços até aqui nos EUA, existem riscos a serem considerados.

Será que o Fed surpreenderá na quarta-feira com uma postura mais “hawkish” (rigorosa) com a inflação? É pouco provável, mas as pressões inflacionárias que o presidente do Fed, Jerome Powell, acreditava ser transitórias estão mais persistentes do que se pensava. A escassez de trabalhadores nos EUA é considerável e exige o pagamento de maiores salários.

Além disso, a forte valorização dos preços de imóveis residenciais nos últimos anos está contribuindo para a inflação.

Será que o crescimento está desacelerando nos Estados Unidos? O relatório do PIB da última quinta-feira sugeriu isso. O crescimento trimestral foi de 0,5%, afirmou o Departamento de Comércio, mais baixo do que o esperado e 1,6% abaixo do segundo trimestre.

As próximas eleições governamentais na Virgínia e Nova Jersey podem ter grande repercussão no pleito e 2022 e dos próximos anos. Os democratas têm maioria apertada no Congresso e parecem não estar conseguindo colocar em prática seus planos de gastos.

Além disso, diversos veículos de comunicação indicaram, no domingo, que o apoio eleitoral ao presidente Joe Biden é fraco, e Donald Trump não vê a hora de voltar à Casa Branca.

As tensões globais estão aumentando, principalmente entre China e Taiwan. A China quer Taiwan sob seu controle. Taiwan quer que os Estados Unidos, seus aliados, defendam o país.

Outra questão paralela no cenário internacional: cúpula global sobre mudança climática iniciada no fim de semana. Embora todos queiram uma ação de combate ao aquecimento global, ninguém deseja abrir mão de nada para atingir esse objetivo, para a fúria e decepção de ativistas do clima.

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