Por Ana Carolina Siedschlag
Investing.com - A liberação de pessoas físicas para o investimento em BDRs, em outubro de 2020, fez a procura por esses ativos na B3 (SA:B3SA3) disparar no final do ano, chegando a quase 130 mil investidores em dezembro - contra os 2.900 investidores qualificados de um ano antes.
Mas afinal, o que são BDRs e como dar o pontapé inicial nesse tipo de investimento?
Os Brazilian Depositary Receipts, ou BDRs, são valores mobiliários emitidos no Brasil, que possuem como lastro ativos, seja ações ou ETFs, emitidos no exterior.
É por meio desses papéis que o investidor brasileiro consegue se expor a companhias americanas como Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34), Coca-Cola (NYSE:KO) (SA:COCA34) ou Walt Disney Company (NYSE:DIS) (SA:DISB34), à argentina Mercado Libre (NASDAQ:MELI) (SA:MELI34), à britânica AstraZeneca (NASDAQ:AZN) (SA:A1ZN34) ou à australiana BHP (NYSE:BBL) (SA:BHPG34), por exemplo.
Até janeiro deste ano, eram 671 BDRs listados na B3, quase o dobro das 360 empresas nacionais negociadas na bolsa - e a tendência é ver esse número aumentar à medida que o mercado abre mais espaço para a diversificação.
Para Mauricio Lima, especialista de investimentos da Western Asset, esses papéis são uma maneira prática de proteger a carteira com ativos de fora do país e assim fugir do chamado risco-Brasil, ou a ameaça que o jogo político, a necessidade de reformas fiscais e outros problemas estruturais daqui apresentam aos ativos locais.
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“A aposta geral, no final, é que o Brasil precisa sempre dar certo para se ganhar no crédito, na bolsa, no câmbio ou em qualquer outro tipo de investimento. Um estrangeiro não ficaria 100% alocado nos ativos do nosso país, e o investidor local também pode buscar se proteger”.
Como investir
Os BDRs são negociados na B3 em reais, sendo o preço baseado nas ações no exterior mais a conversão do câmbio. Para Lima, a maior vantagem desse tipo de investimento é a praticidade operacional, já que o investidor não precisa abrir uma conta internacional para realizar as transações e tem as vendas liquidadas em moeda local.
Além disso, o preço do câmbio embutido na ação pode ser mais um ponto de diversificação para a carteira, já que o investidor fica exposto ao dólar, historicamente refúgio em tempos de crise.
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“Além de ter acesso a um mercado muito mais forte, com empresas de setores que não chegaram por aqui, o investidor também está comprando o risco cambial. Pode ser bom ou ruim, dependendo da diversificação da carteira, mas é mais um tipo de exposição para ajudar a equilibrar a conta”, diz Alex Lima, head de gestão da Lifetime Asset Management.
BDRs mais procurados
O volume financeiro médio diário mensal movimentado pelos BDRs na B3 no mês de dezembro de 2019 foi de R$ 34,3 milhões, contra R$ 274,4 milhões em dezembro de 2020 - um crescimento de oito vezes no ano, segundo um levantamento da Economatica.
Dentre os dez papéis mais líquidos listados pelo estudo, o BDR da Tesla aparece em primeiro lugar, seguida da Mercado Libre, das gigantes americanas de tecnologia Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34), Microsoft (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34), Alphabet (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34) e Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34), da chinesa Alibaba (NYSE:BABA) (SA:BABA34), da Walt Disney e da Berkshire Hathaway (NYSE:BRKb) (SA:BERK34).
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Além das mais procuradas pelos investidores, Lima, da Lifetime, cita ainda empresas como McDonald’s (NYSE:MCD) (SA:MCDC34) e Starbucks (NASDAQ:SBUX) (SA:SBUB34), que apesar de estarem listadas em Nova York, têm uma estratégia global que deixa o investidor exposto a mercados de todo o mundo.
Outro tipo de investimento são os BDRs de ETFs, sigla para Exchange-traded fund, conhecidos como fundos de índice. São fundos de investimento negociados na bolsa como se fossem ações e, aqui no Brasil, o investidor encontra alguns como o MSCI China (NYSE:CNYA) (SA:XINA11) ou India (NYSE:INDA), além dos ligados aos índices S&P 500 e Nasdaq, dos EUA.