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Setor elétrico: oportunidade ou risco em 2021?

Publicado 18.02.2021, 18:56
© Reuters.
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Por Ana Carolina Siedschlag

Investing.com - Apesar da queda no consumo de energia elétrica ao longo de 2020, o auge da pandemia no Brasil, o setor elétrico seguiu como um dos favoritos de investidores e gestores de fundos em busca de resiliência, margens lucrativas e bons pagamentos de dividendos.

Em 2021, com a volta gradativa das atividades e uma possível retomada econômica até o final do ano, os papéis do setor parecem descontados em relação aos níveis pré-pandêmicos, com uma queda média acumulada de 15% entre as trinta maiores geradoras, transmissoras e distribuidoras do país, contra uma alta de 14% do Ibovespa nas últimas 52 semanas.

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No entanto, analistas consultados pelo Investing.com alertam que, apesar de o setor permanecer como um dos mais seguros da bolsa, riscos como o da matriz energética focada em fontes hídricas, o da estagnação dos leilões de linhas de transmissão e o da inadimplência entre os consumidores devem permanecer no radar.

Geradoras: risco hidrológico

As geradoras brasileiras usam majoritariamente quatro fontes de energia: hídrica, térmica, eólica e solar - as duas últimas com maior potencial de expansão, segundo o próprio ministério de Minas e Energia, no Plano Decenal de Expansão para 2024.

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Todas essas empresas vendem no mercado regulado ou no mercado livre, em que elas se comprometem a entregar uma determinada quantidade, a um dado preço, às distribuidoras. E é aí, segundo os analistas, que está o principal risco no médio prazo no país: não entregar tudo o que foi acordado por questões climáticas, como, por exemplo, o baixo nível de chuvas no caso das hidrelétricas.

A Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, manteve para fevereiro a bandeira tarifária amarela para as contas de luz por conta da combinação de reservatórios baixos com a perspectiva de chuvas abaixo da média histórica, o que, segundo a agência, sinaliza patamar desfavorável de produção de energia pelas hidrelétricas.

“A infraestrutura elétrica não acompanhou o nosso crescimento econômico”, diz José Falcão, analista da Easynvest. “Todo ano, há dez anos, é a mesma coisa: temos uma crise hídrica, as chuvas vêm e o problema é resolvido e esquecido. Tem que haver uma aceleração nesse sentido para termos uma matriz energética mais diversa”.

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Para Falcão, uma das alternativas, além da eólica e da solar, é a matriz energética a gás, que, segundo ele, “não é tão limpa quanto à hídrica, mas não é tão poluente quanto petróleo e carvão”.

Mercado livre de energia: para ficar de olho

Para Carlos Sartori, sócio da Valora Investimentos, a solução, além da diversificação das fontes, é a maior adesão de empresas ao mercado livre de energia, que saem do modelo de compra tradicional dentro do mercado regulado.

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“As oportunidades estão na microgeração. O consumidor maior está buscando melhores alternativas e há players se modernizando tanto para estruturar a infraestrutura, como também o financiamento disso”, explica.

Segundo ele, houve um aumento nos últimos anos na procura de investidores dispostos e interessados em financiar operações como a construção de pequenas fazendas de energia solar para empresas inseridas no mercado livre, movimento que tende a crescer com a redução das regras de entrada para essa categoria.

No Ambiente de Contratação Livre, ou ACL, vendedores e compradores podem negociar energia elétrica voluntariamente, permitindo que os consumidores contratem o fornecimento diretamente das empresas geradoras e de comercializadoras.

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Segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, a Abraceel, o mercado livre encerrou o primeiro semestre de 2020 com 7.222 consumidores, dos quais 938 eram livres e 6.284, especiais, um crescimento de 10,2% na base anual. Na época, o mercado respondia por 30% da energia consumida no país.

Transmissoras: crescimento estagnado

As transmissoras são consideradas pelos analistas como as mais seguras, mas também as que menos apresentam oportunidades de crescimento ou valor dentro do setor elétrico.

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O segmento, responsável por levar energia da geradora para as distribuidoras por meio das linhas de transmissão de alta voltagem, tem fluxo de caixa praticamente pré-estabelecido por conta da definição da receita anual permitida, ou RAP, já nos leilões de linha. Mas é a falta de perspectivas de expansão dessa infraestrutura que coloca o segmento como uma fonte estável - e estagnada - de recursos.

“As empresas são muito boas, bem administradas, eficientes e menos complexas. Mas também têm leilões com deságios muito altos e com cada vez menos ativos atraentes que possam trazer crescimento via fusões e aquisições”, diz Gabriel Fonseca, analista de Utilidades e Energia na XP Investimentos.

Para ele, é o segmento com menos oportunidades dentro do setor, mas com baixo risco e boas perspectivas de retorno via pagamento de dividendos.

O primeiro leilão de transmissão de 2021 está programado para acontecer no dia 30 de junho e deve negociar a construção e manutenção de 515 quilômetros de linhas nos estados do Acre, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo e Tocantins.

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A expectativa é que o leilão gere R$ 1,3 bilhão em investimentos, segundo o edital da Aneel.

Distribuição: risco de inadimplência

Já as empresas de distribuição foram, durante a pandemia, as mais afetadas do setor elétrico por serem as primeiras a sofrer com a paralisação de empresas e comércios. Mas agora, segundo os analistas, o risco é a inadimplência que deve seguir a crise e o desemprego no país.

“A receita da distribuidora vai de acordo com o volume que os consumidores dela demandarem. Tem risco direto com nível de consumo, o que afeta toda a cadeia, já que, no mercado regulado, o fluxo de receita parte delas”, diz Falcão, da Easyinvest.

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Por conta dos efeitos da pandemia, algumas distribuidoras ainda pedem a revisão tarifária extraordinária, para mitigar os efeitos da queda do consumo, da inadimplência e do atraso nas revisões do ano passado.

A partir de 15 de março, o pacote “conta Covid” deve ter efeito nas tarifas aos consumidores, em que os custos de empréstimos da ordem de R$ 15,3 bilhões feitos pelas distribuidoras em 2020 devem ser repassados à ponta final.

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