Por Peter Nurse e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- Wall Street mostra sinais de que dará continuidade à série recente de ganhos, graças ao aumento da entrada de fluxo comprador. A razão desse otimismo está na esperança de que o presidente do Fed, Jerome Powell, indicará cortes nas taxas de juros no simpósio de Jackson Hole, no final da semana.
No Brasil, bolsa de valores atinge nível recorde.
CONFIRA: Calendário Econômico do Investing.com
1. Powell deve adotar um tom "dovish" em Jackson Hole
A confiança está voltando a Wall Street à medida que os investidores se preparam para o que se espera que sejam comentários amplamente "dovish" (favoráveis a cortes de juros) do presidente do Fed, Jerome Powell, no simpósio econômico anual do banco central dos EUA em Jackson Hole, Wyoming, no final da semana.
Os mercados registraram sua melhor semana do ano na semana passada, com grandes entradas no S&P 500 index em particular [veja abaixo], já que os dados positivos recentes aliviaram as preocupações com a perspectiva de uma recessão.
Powell provavelmente usará o discurso da manhã de sexta-feira para definir a estratégia do Fed para reduzir as taxas, de acordo com analistas da Evercore ISI, em uma nota, destacando que o banco central está preparado para implementar cortes significativos, se necessário.
"Acreditamos que a fala de Powell será tranquilizadora e consistente com uma linha de base suave de uma série de 25s, mas ele transmitirá que o Fed está aberto a 50s e que a barra para isso não é muito alta", disse a Evercore ISI.
O banco de investimentos prevê que Powell afirmará a confiança do Fed na tendência da inflação de voltar à meta de 2%, sinalizando que as reduções das taxas poderão começar já em setembro.
Entretanto, "não esperamos uma orientação concreta sobre se a primeira medida será um corte de 25 ou 50 pontos-base", afirma o Evercore ISI. Em vez disso, espera-se que Powell sugira que a decisão dependerá dos próximos dados do mercado de trabalho. O Fed tem mantido sua taxa de juros overnight de referência na faixa atual de 5,25% a 5,50% desde julho passado.
Os futuros das ações dos EUA estavam praticamente estáveis na terça-feira, dando continuidade à recente sequência de vitórias, em meio à confiança de que o Federal Reserve começará em breve a cortar as taxas de juros, ajudando a atividade na maior economia do mundo.
Às 8h02 (de Brasília), o contrato Dow futures estava 0,01% mais baixo, o S&P 500 futures subiu 0,06%, e o Nasdaq 100 futures subiu 0,13%.
Os índices de referência de Wall Street fecharam em alta na segunda-feira, com o S&P 500 avançando quase 1%, enquanto o NASDAQ Composto subiu 1,4%. Ambos os índices registraram sua oitava sessão positiva consecutiva, a primeira para o S&P 500 desde novembro de 2023, e a mais longa sequência de vitórias para o Nasdaq desde dezembro de 2023. O Dow Jones Industrial Average ganhou 0,6%.
A lista de dados econômicos está praticamente vazia na terça-feira, e os investidores continuarão a se concentrar na ata da reunião mais recente do Federal Reserve, na quarta-feira, e depois no discurso de Jerome Powell em Jackson Hole na sexta-feira.
A varejista de artigos de decoração Lowe's (NYSE:LOW) deve divulgar seus lucros, enquanto as ações da empresa de segurança cibernética Palo Alto Networks (NASDAQ:PANW) subiram quase 2%, depois de registrarem resultados superiores e inferiores no quarto trimestre fiscal.
ACOMPANHE: Calendário da temporada de balanços
2. Paramount Global recebe outro pretendente
A batalha para assumir o controle da Paramount Global (NASDAQ:PARA) esquentou com o executivo de mídia Edgar Bronfman Jr. apresentando uma oferta de cerca de US$ 4,3 bilhões para adquirir a National Amusements, a empresa que detém o controle acionário da gigante da mídia. Essa ação ameaça desfazer uma aquisição planejada por David Ellison, fundador e CEO da Skydance Media.
A oferta de Bronfman inclui US$ 2,4 bilhões em dívidas e ações para a National Amusements, de acordo com um relatório da Reuters, e também contribuiria com US$ 1,5 bilhão para o balanço patrimonial da Paramount, que poderia ser usado para pagar dívidas.
A Skydance chegou a um acordo no mês passado para comprar o controle acionário da família Redstone na sede da Paramount Pictures, da rede de transmissão CBS e da MTV e, posteriormente, fazer a fusão com a empresa maior de capital aberto.
Esse acordo incluía um período de 45 dias de "go-shop" que permitia à Paramount solicitar e avaliar outras ofertas, mas se a Paramount escolhesse outro pretendente, deveria pagar à Skydance uma taxa de desmembramento de US$ 400 milhões.
VEJA: Cotações das ações americanas no pré-mercado
3. Entradas substanciais no índice S&P 500
O sentimento dos investidores mudou acentuadamente na última semana, resultando em entradas substanciais no índice S&P 500, com dados econômicos positivos que parecem ter sustentado essa confiança renovada dos investidores.
Tanto as divulgações do site PPI quanto do IPC dos EUA tranquilizaram os investidores quanto ao ambiente inflacionário mais brando, contribuindo para uma perspectiva econômica mais otimista e reduzindo os temores de um período inflacionário prolongado.
"O posicionamento líquido aumentou em todos os índices dos EUA, com o S&P registrando novos fluxos de risco claramente maiores e consistentes ao longo da semana. O posicionamento nocional aumentou em quase US$ 18 bilhões, sendo que a grande maioria (mais de US$ 16 bilhões) veio de novas posições compradas", disseram os analistas do Citi.
"Os fluxos de posição da Nasdaq e da Russell seguiram uma tendência de aumento semelhante, mas a magnitude dos fluxos foi muito menor", acrescentaram.
Esse influxo de capital foi acompanhado por uma redução acentuada nas posições vendidas, já que a alta empurrou todas as posições vendidas para o território de perdas. Entretanto, o Citi observa que os riscos associados a essas posições vendidas são atenuados pelo tamanho relativamente menor dessas posições. O Nasdaq, em particular, estava sob pressão das perdas de posições compradas, mas essas perdas agora diminuíram significativamente, reduzindo a pressão sobre os investidores e melhorando a configuração geral de lucros para o índice.
Calendário Econômico: Simpósio de Jackson Hole, ata do Fed são destaques da semana
4. O petróleo oscila após o progresso do cessar-fogo em Gaza
Os preços do petróleo oscilavam na terça-feira devido à diminuição dos riscos geopolíticos após o progresso de um possível acordo de cessar-fogo em Gaza.
Às 8h03, os futuros do petróleo dos EUA (WTI) subiam 0,35% para US$73,92 por barril, enquanto o contrato Brent ganhava 0,37% para USS$77,95por barril.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse na segunda-feira que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia aceitado uma "proposta de ponte" apresentada por Washington para resolver os desacordos que bloqueavam um acordo de cessar-fogo em Gaza, e pediu ao Hamas que fizesse o mesmo.
Isso aponta para uma maior probabilidade de um acordo de cessar-fogo, o que faria com que os participantes do mercado precificassem os riscos de uma escalada em toda a região, o que poderia afetar a oferta dessa região rica em petróleo.
As preocupações com as perspectivas de demanda da China continuam a pesar, com a decisão do Banco Popular de manter inalterado seu índice de referência para taxa básica de juros do empréstimo decepcionando alguns investidores, dados os recentes dados econômicos fracos do país. Nos Estados Unidos, o Instituto Americano do Petróleo divulgará sua estimativa dos estoques de petróleo bruto dos EUA no final da sessão.
ACOMPANHE: Cotações das commodities
5. Bolsa brasileira em recorde
O índice da bolsa de valores Ibovespa renovou máximas históricas nesta segunda, passando de 136 mil pontos no decorrer do dia, mas terminando o pregão em alta de 1,36%, a 135.777,98 pontos, recorde para fechamento. Assim, o índice supera a marca anterior, de 134.193,72 pontos registrada em dezembro de 2023.
O cenário internacional foi um dos drivers. Marcos Moreira, CFA e sócio da WMS Capital, destaca que, nos últimos dias, dados da economia dos EUA afastaram um receio de recessão e demonstraram que a inflação vem arrefecendo de forma mais gradual para a meta. “Então essa perspectiva mais positiva da economia norte americana, sem sombra de dúvida, beneficiou nosso cenário”, destaca Moreira, mencionando expectativa do mercado de cortes dos juros pelo Federal Reserve em setembro.
No contexto doméstico, a economia brasileira segue aquecida, com desemprego em patamar baixo, levando a revisões de economistas a respeito do nível de atividade neste ano. “O resultado disso são projeções de aumento de lucros mais altos das empresas. Como um dos principais fatores que impulsionam bolsa é expectativa de lucros, como a expectativa é de lucro maiores marginalmente para as empresas, é comum ver um reflexo na alta dos ativos”, completa Moreira, que considera a bolsa brasileira como descontada.
Às 8h03 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) recuava 0,13% no pré-mercado.