Por Peter Nurse e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- Os índices futuros das ações em Wall Street estavam perto da estabilidade nesta segunda-feira, 9, antes da divulgação do número mensal da inflação ao consumidor (IPC) dos EUA.
Os dados da inflação chinesa apontam para a desaceleração dos gastos dos consumidores, enquanto o Banco Central Europeu realiza sua última reunião de definição de políticas nesta semana.
No Brasil, destaque para a repercussão do acordo entre União Europeia e o Mercosul, anunciado na última sexta.
1. IPC dos EUA confirmará o corte da taxa de juros em dezembro?
Espera-se que o Federal Reserve (Fed) dos EUA corte as taxas de juros na próxima semana, já que o relatório de folhas de pagamento não agrícolas (payroll) de novembro mostrou fraqueza subjacente no mercado de trabalho, mesmo com a recuperação do crescimento do emprego em relação a uma leitura de outubro que foi deprimida devido a greves e furacões.
Atualmente, os mercados financeiros veem mais de 80% de chance de um corte de 25 pontos-base na taxa de juros na reunião de política do banco central dos EUA em 17 e 18 de dezembro.
O único dado que pode perturbar seriamente esse pensamento é a divulgação do inflação dos preços ao consumidor de novembro, prevista para quarta-feira, em meio a sinais de que a inflação começou a subir ultimamente.
A medida de inflação preferida do Fed, o índice do núcleo do PCE, subiu para 2,8% em outubro, enquanto os planos do presidente eleito Donald Trump de aumentar as tarifas sobre as importações também aumentaram as preocupações com a inflação.
Também parece provável que Jerome Powell continuará a conduzir o pensamento político do banco central dos EUA, depois que Trump disse em uma entrevista exibida no domingo que não tentará substituir o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ao assumir o cargo em janeiro.
"Não, acho que não. Não estou vendo isso", disse Trump no programa "Meet the Press with Kristen Welker", da NBC News, quando lhe perguntaram se ele tentaria remover Powell, cujo mandato termina em 2026.
Trump nomeou Powell para a presidência do Fed no início de 2018 para substituir Janet Yellen, mas o relacionamento azedou rapidamente, com Trump atacando frequentemente o Fed e seu chefe durante seu primeiro mandato.
Os futuros de ações dos EUA começaram a nova semana de forma relativamente silenciosa, com os investidores aguardando a divulgação dos principais dados de inflação.
Às 7h58 (de Brasília), o contrato Dow futures estava em queda de 0,04%, enquanto o S&P 500 futures perdia 0,12%, e o Nasdaq 100 futures recuava 0,2%.
Os contratos S&P 500 e Nasdaq Composite fecharam em novos recordes na sexta-feira, subindo cerca de 1% e mais de 3% na semana, respectivamente. O Dow Jones Industrial Average teve um desempenho inferior, fechando a semana com queda de 0,6%.
A lista de dados econômicos está relativamente vazia na segunda-feira, e todas as atenções estarão voltadas para a divulgação dos dados mais recentes sobre a inflação ao consumidor na quarta-feira [veja acima], com os investidores buscando a confirmação de que o Fed cortará as taxas de juros na próxima semana.
No lado corporativo, a temporada de lucros trimestrais está gradualmente chegando ao fim, mas os investidores ainda poderão estudar os resultados da Oracle (NYSE:ORCL) após o fechamento.
2. BCE lidera a parada de bancos centrais desta semana
Não é apenas o Fed que deverá cortar as taxas de juros em um futuro próximo.
O Banco Central Europeu se reúne na quinta-feira, sua última reunião de política do ano, e os economistas esperam, em sua maioria, outro corte de 25 pontos-base nas taxas - o que seria o quarto corte deste ano.
A inflação da zona do euro subiu em novembro, mas ainda parece estar se aproximando da meta de 2% do BCE, com alguns sinais de que as pressões salariais estão diminuindo.
O BCE também deve publicar previsões atualizadas de crescimento e inflação, que provavelmente serão revisadas para baixo no próximo ano.
Desde a última reunião do BCE, em outubro, os riscos tarifários para a Europa aumentaram após a vitória de Trump nas eleições; a França e a Alemanha estão enfrentando turbulências políticas; a atividade empresarial desacelerou acentuadamente e o euro se enfraqueceu.
Em outros lugares, o Banco do Canadá poderia fazer um corte maior de 50 bps nesta semana, enquanto o Banco Nacional Suíço também poderia reduzir em 50 bps, dado o quanto vem gastando para conter o franco suíço.
4. Queda na inflação chinesa mostra fraqueza econômica
A inflação ao consumidor chinês encolheu mais do que o esperado em novembro, caindo para o nível mais baixo em cinco meses, uma vez que uma série de medidas de estímulo recentes pouco fez para compensar uma persistente tendência deflacionária.
O IPC caiu 0,6% em relação ao mês anterior em novembro, segundo dados do governo divulgados na segunda-feira. A leitura foi mais suave do que as expectativas de uma queda de 0,4% e enfraqueceu em relação à contração de 0,3% observada no mês anterior.
IPC cresceu 0,2% em relação ao ano anterior, abaixo das expectativas de 0,5% e enfraquecido em relação ao crescimento de 0,3% registrado no mês anterior.
A leitura indicou que, embora algumas facetas da economia chinesa tenham se recuperado em meio a medidas agressivas de estímulo de Pequim, os gastos dos consumidores continuaram frágeis. Isso deu mais credibilidade aos crescentes apelos dos investidores por medidas fiscais mais direcionadas, com o objetivo de apoiar o consumo privado.
Na segunda-feira, os líderes chineses prometeram medidas fiscais "mais proativas" e uma política monetária "moderadamente" mais frouxa no próximo ano para impulsionar o consumo interno, de acordo com uma leitura oficial de uma importante reunião de políticas que delineou as prioridades econômicas futuras.
A Fitch Ratings revisou para baixo sua previsão de crescimento do PIB chinês em 2025, de 4,5% para 4,3%, no início da segunda-feira. A agência de classificação de crédito também ajustou suas projeções de crescimento para 2026 para 4,0%, ante 4,3% em setembro.
4. Petróleo sobe com a incerteza da Síria
Os preços do petróleo subiram nesta segunda-feira, já que a derrubada do regime de Bashar al-Assad na Síria introduziu maior incerteza no Oriente Médio, rico em petróleo, embora as preocupações com o enfraquecimento da demanda tenham persistido.
Às 8h, os futuros do petróleo bruto dos EUA (WTI) subiram 1,16%, para US$ 67,98 por barril, enquanto o contrato Brent subiu 0,94%, para US$ 71,79 por barril.
No entanto, os ganhos foram atenuados pelos fracos números da inflação chinesa [veja acima], o que levantou mais preocupações sobre o crescimento econômico no maior importador de petróleo do mundo.
Além disso, a Saudi Aramco (TADAWUL:2222), o maior exportador mundial de petróleo, reduziu seus preços de janeiro de 2025 para compradores asiáticos para o nível mais baixo desde o início de 2021, informou no domingo, enquanto luta pela demanda.
5. Acordo União Europeia e Mercosul
Após discussões desde o ano de 1999, líderes do Mercosul e da União Europeia (UE) anunciaram na última sexta um acordo de livre comércio. O acordo ainda passará por revisão jurídica e deve ser submetido à aprovação interna dos países antes de ser ratificado pelas partes e de sua entrada em vigor.
A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) comemorou o acordo e disse, por meio de nota, que “reconhece sua importância estratégica a ambos os blocos para a expansão de oferta e a segurança alimentar e energética da União Europeia”.
Enquanto isso, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) afirmou, também em nota à imprensa, que o acordo “representa um marco significativo para a indústria brasileira, oferecendo uma série de oportunidades para fortalecer a presença de nosso país no comércio internacional e aumentar sua competitividade global”.
Juntos, os dois blocos econômicos contemplam em torno de 718 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 22 trilhões de dólares.
Às 8h01 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) subia 0,79% no pré-mercado.