Por Peter Nurse e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- Os principais índices futuros dos EUA apontavam para uma abertura em baixa das ações em Wall Street nesta quarta-feira, 27, antes da divulgação de dados importantes sobre a inflação, que podem orientar a política futura do Federal Reserve. No Brasil, pacote de corte de gastos do governo segue no radar.
1. Divulgação dos principais dados de inflação dos EUA
Os EUA devem divulgar o Índice PCE, o indicador preferido do Federal Reserve para a inflação subjacente, ainda nesta quarta-feira.
Permanece um grau de incerteza sobre se o banco central dos EUA fará outro corte de 25 pontos-base em dezembro, dados os recentes dados de inflação persistentemente fortes.
Embora os EUA devam divulgar dados de novembro sobre os preços ao consumidor e ao produtor antes da próxima reunião do Fed, em 17 e 18 de dezembro, este será o último relatório do PCE antes disso. Os economistas esperam que o índice PCE tenha aumentado 2,3% ao ano em outubro, um aumento em relação aos 2,1% do mês anterior.
A ata da reunião de novembro do Fed, divulgado na terça-feira, sugeriu que os membros continuam a apoiar uma abordagem gradual para a flexibilização da política monetária.
Os futuros de ações dos EUA caíram na quarta-feira, com os investidores agindo com cautela antes da divulgação do indicador de inflação mais seguido do Federal Reserve.
Às 7h57 (de Brasília), o contrato Dow futuros estava em queda de 0,02%, o S&P 500 futuros caiu0,14%, e o Nasdaq 100 futuros caiu 0,25%.
Os principais índices de referência fecharam positivamente na terça-feira, com o S&P 500 e o Dow Jones Industrial Average registrando novos máximos intradiários e de fechamento.
É provável que a atividade seja moderada na quarta-feira, com o mercado fechado para o feriado de Ação de Graças na quinta-feira e depois encerrado na sexta-feira.
Hoje, o foco principal será a divulgação do índice de preços de despesas de consumo pessoal [veja acima], com os investidores buscando mais pistas sobre a futura política de taxas do Fed, particularmente em sua reunião de dezembro.
Há mais lucros trimestrais para digerir na quarta-feira, enquanto a Dell Technologies (NYSE:DELL) foi negociada em forte baixa no pré-mercado, depois que a empresa de tecnologia emitiu uma orientação decepcionante para o trimestre atual.
VEJA: Calendário Econômico do Investing.com
2. As tarifas podem prejudicar significativamente os lucros do S&P 500 - Citi
Donald Trump ainda nem está na Casa Branca para seu segundo mandato, mas já está causando ondas nos mercados globais depois de ameaçar impor mais tarifas sobre as importações da China, Canadá e México.
Trump alegou que as medidas tinham o objetivo de conter a imigração ilegal e as drogas ilícitas, mas elas também têm o potencial de prejudicar os lucros das empresas, de acordo com analistas do Citi, e o mercado em geral ainda não havia precificado esse risco.
O Citi disse que, em relação aos lucros, as tarifas poderiam reduzir as estimativas de lucros para o S&P 500 em 2025 em "alguns pontos percentuais" e poderiam corroer as margens brutas em mais de 250 pontos-base.
Ainda assim, a corretora observou que um grande número de empresas recebeu alívio das tarifas durante o primeiro mandato de Trump.
O Citi disse que os mercados estavam passando de um período de incerteza eleitoral para um período de incerteza política, citando as muitas incógnitas sobre o que o segundo mandato de Trump trará para os mercados.
3. Apple enfrenta dificuldades na China
O CEO da Apple (NASDAQ:AAPL), Tim Cook, compareceu à China International Supply Chain Expo, em Pequim, no início da semana, aproveitando a oportunidade para se aproximar do país e, por associação, de sua empresa.
A China é um mercado importante para a Apple e também é uma parte importante da cadeia de suprimentos da empresa, com a maior parte de seus dispositivos sendo montada no país.
A presença de Cook na China ocorre em um momento em que a Apple enfrenta a lentidão das vendas do iPhone no país, já que a gigante da tecnologia luta contra a concorrência cada vez maior de empresas locais, incluindo a Huawei.
As vendas de smartphones de marcas estrangeiras, incluindo o iPhone da Apple, na China caíram 44,25% em outubro em relação ao ano anterior, de acordo com dados divulgados na quarta-feira por uma empresa de pesquisa afiliada ao governo.
A próxima versão do iOS 18.2 da Apple, prevista para estrear em dezembro, deverá ser um fator crítico para o ciclo de substituição do iPhone da empresa nos próximos trimestres, de acordo com analistas do Citi.
O "lançamento do iOS 18.2 em dezembro será um fator determinante importante para o ritmo de substituição do iPhone", acrescentou o Citi.
VEJA: Cotações das commodities
4. Petróleo em alta, apesar do acordo de cessar-fogo
Os preços do petróleo subiram na quarta-feira, com os investidores avaliando o impacto potencial de um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, bem como uma inesperada e substancial redução nos estoques de petróleo dos EUA.
Por volta das 7h57, os futuros do petróleo bruto dos EUA (WTI) subiram 0,23%, para US$68,93 por barril, enquanto o contrato Brent ganhava 0,25%, para US$72,50 por barril.
O acordo entrará em vigor hoje, potencialmente pondo fim a um conflito na fronteira entre Israel e Líbano, o que acalma algumas preocupações de que os persistentes combates no Oriente Médio interromperão o fornecimento de petróleo da região rica em petróleo bruto.
Dados do Instituto Americano do Petróleo, divulgados na terça-feira, indicaram que os estoques de petróleo dos EUA diminuíram em quase 6 milhões de barris na semana até 22 de novembro, em comparação com o pequeno aumento esperado.
Se confirmado pelos dados oficiais na quarta-feira, isso aumentaria as esperanças de que a demanda de combustível dos EUA permaneça forte, o que poderia restringir o fornecimento de petróleo nos próximos meses.
As atenções agora se voltarão para a reunião da próxima semana da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, conhecida como OPEP+, para determinar os planos futuros de produção.
5. Pacote de corte de gastos em foco
Investidores seguem à espera do pacote de contenção de gastos do governo brasileiro, estimado em cerca de R$70 bilhões para 2025 e 2026. De acordo com a Folha de S. Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avalia fazer um pronunciamento à nação para justificar a estratégia, que poderia ser levado ao ar na quinta após reuniões sobre o tema no Congresso.
As novas propostas podem ser estruturais, com mudanças em regras de indexação de benefícios e outros gastos obrigatórios; de flexibilidade orçamentária, com mudanças contábeis para diminuir engessamento, transformando despesas obrigatórias em discricionárias; ou de pente fino e redução de riscos, de acordo com o banco BTG (BVMF:BPAC11).
“A qualidade das medidas será crucial para determinar o impacto do anúncio nos ativos financeiros. Quanto mais medidas estruturais forem apresentadas, mais positiva será a reação do mercado”, destacou o banco BTG em relatório.
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