Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 28/08/2020
As ações de tecnologia registraram fortíssimos ganhos em 2020, com o Nasdaq 100 subindo quase 35%. De fato, as ações no setor se valorizaram cerca de 80% desde as mínimas de março.
É uma fantástica história de recuperação que viu o mercado sair do fundo do abismo aberto pelo coronavírus até a exuberância irracional no prazo de apenas seis meses. Entretanto, a repentina reviravolta deixou alguns participantes do mercado um pouco tensos, fazendo-os buscar proteção para parte das suas posições nas Big Techs e, ao mesmo tempo, abrir algumas posições vendidas como forma de se preparar para outra virada inesperada do mercado.
Do ponto de vista técnico, os índices acionários estão sobrecomprados e estão prestes a cair. Os índices de força relativa (IFR) tanto do S&P 500 quanto do Nasdaq 100 atingiram níveis máximos extremos. Se o passado tem algo a dizer sobre o futuro, podemos considerar que a correção está a um passo de acontecer.
Operações com contratos de opções no setor de tecnologia
A atividade no mercado de opções acelerou bastante no dia 26 de agosto, com uma disparada nos níveis de posições em aberto em várias das principais ações de tecnologia. Alguns nomes, como Adobe (NASDAQ:ADBE), Microsoft (NASDAQ:MSFT) e Amazon (NASDAQ:AMZN) tinham negociações ativas no contrato com expiração em 25 de setembro.
A atividade mostrou que estavam ocorrendo diversas transações de spread de reversão de risco. Essa é uma indicação de que alguns participantes estão protegendo posições compradas com a tomada de algumas posições vendidas.
Ao que parece alguns operadores estão vendidos em Amazon e protegendo essas posições adquirindo opções de compra (calls) a US$ 3.320 e de venda (puts) a US$ 3.100, além de vender puts a US$ 3.155. Ao mesmo tempo, a Adobe registrou vendas de calls a US$ 480 e compras de puts a US$ 455 como forma de proteção contra uma eventual queda da ação.
Volatilidade em alta
Não é apenas o mercado de opções que está emitindo sinais de uma possível correção. Há também indicativos de que os níveis de volatilidade estão em alta. Nos últimos dias, as posições em aberto nas calls de VIX a 27 com vencimento em 20 de janeiro registraram um aumento de 100.000 contratos.
Paralelamente, as calls a 40 com a mesma data de expiração também tiveram uma alta de cerca de 100.000 contratos. Os dados mostram que as calls a 27 foram compradas em torno de US$ 6,00 por contrato, enquanto as calls a 40 foram vendidas a US$ 3,00. Isso cria uma operação de spread, apostando que o VIX ultrapassará o patamar de 27 em janeiro, mas ficará abaixo de 40. Essa pode ser uma considerável ascensão do VIX em relação ao nível atual de cerca de 24.
Ponto de rompimento técnico
Se existe um momento em que o risco de reversão do mercado está elevado, esse momento parece ser agora. O gráfico abaixo mostra um canal de alta praticamente perfeito no ETF do Nasdaq 100 (NASDAQ:QQQ) desde o início de abril.
Sempre que o preço atinge a extremidade superior desse canal de preços, juntamente com o IFR acima de 70, o resultado é uma correção até a extremidade inferior da figura gráfica. Com isso, pode ser que o ETF QQQ caia cerca de US$ 272 em relação à sua cotação atual em torno de US$ 291, ou seja, um declínio de praticamente 7%.
Porém, mesmo com esse declínio, o ETF ainda apresentaria um tremendo desempenho no ano.
Tudo indica que há pouquíssimos obstáculos para a alta do mercado acionário e da disparada das ações de tecnologia. Não é possível determinar se esse recuo do mercado será de curto ou longo prazo.
Mas, se o passado servir de guia para o futuro, é bem possível que uma breve correção possa ocorrer a partir de agora.