Escrevi semana passada sobre inflação passageira, medo no mercado e hora de comprar, o que talvez tenha ajudado alguns investidores a aproveitar as quedas da segunda-feira da semana passada no mercado americano para realizar alguns compras. Nele, comentei sobre alguns setores que tínhamos ações negociando bem longe das médias (abaixo) e chamei atenção para o Fear and Greed Index, que se encontrava no modo “medo”, tradicionalmente um bom momento para compras.
Como diz a música do Capital Inicial:
“Tudo que vai … Deixa o gosto, deixa as fotos…Deixa memória “
Mercado foi rápido e a pequena queda, acentuada na segunda, se desfez rapidamente com o mercado novamente vindo testar novas máximas. Tem sido assim nos últimos 15 meses de recuperação pós-pandemia no mercado – abaixo o gráfico do S&P e as realizações percebidas até aqui nesse período.
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Na esteira de bons números apresentados pelas empresas, as bolsas americanas se recuperaram rápido, encerrando a semana com altas de aproximadamente 2% no S&P 500, 1% no Dow Jones e 3% no Nasdaq , lembrando que a inflexão foi bem maior quando consideramos o fechamento de segunda.
FALANDO EM RESULTADOS
Até agora números fortes que substanciam essa recuperação da bolsa. Na última atualização (22/07) do Earnings Scout, das 104 empresas que reportaram seus números até agora, 90% delas bateram as estimativas de lucros e 84% apresentaram receitas maiores que o esperado pelo mercado. Na média essas empresas reportaram lucros 117% superiores há um ano atrás – vale a ressalva que estamos comparando com o auge da pandemia, ou seja, quando a economia estava mais fechada e as empresas sofrendo, portanto a base é fraca. Além disso, em termos de surpresas, os lucros reportados vieram 17,8% superiores as expectativas do mercado e as receitas 4,2% acima. A tabela abaixo compila essas informações.
Destaque para o setor de “Financeiro”, o qual até aqui foi o que apresentou a maior surpresa nos lucros com lucro por ação (LPA), indo 24% acima do esperado na média. Outro destaque para o setor de “Material” e “Energia”, os quais englobam essencialmente o desempenho das empresas mais ligadas a commodities, sendo os que apresentaram maior inflexão de lucros.
Olhando geograficamente, as empresas mais globais são as que tem apresentado maior crescimento de receitas e lucros – vide gráficos abaixo.
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Parte relevante da explicação reside no fato de que empresas do setor de Utilidades Públicas e Imobiliário, intrinsicamente mais relacionados a atuação interna nos EUA – vide gráfico abaixo. Esses foram setores que sofreram menos durante a pandemia, logo a inflexão de lucros e receitas acaba sendo menor. Portanto, isso não quer dizer que seja ruim ter sido focado nos EUA.
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Mas ainda temos muitos resultados pela frente, afinal apenas pouco mais de 20% das empresas do S&P reportaram resultados até agora. Para essa semana que se inicia temos nomes bem conhecidos como: Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34), Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), Visa (NYSE:V) (SA:VISA34), 3M (NYSE:MMM) (SA:MMMC34), Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34), Ford (NYSE:F) (SA:FDMO34), Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34), Pinterest (NYSE:PINS), Chevron (NYSE:CVX) (SA:CHVX34), P&G (NYSE:PG) (SA:PGCO34), Caterpillar (NYSE:CAT) (SA:CATP34), entre outras. Aqui você encontra o calendário completo.
TUDO QUE VAI E TUDO QUE VEM…
Tão importante quanto a atuação dos bons resultados para essa sustentação dos preços, temos as perspectivas que as empresas vêm dando para seus próximos resultados: o famoso “guidance”. A Bespoke Research fez um levantamento mostrando que até o dia 13 de julho, 15,63% das empresas que haviam reportados resultados, revisaram seus guidances para cima, número esse bem expressivo comparativamente ao histórico.
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Em especial, para as empresas small caps, as expectativas de crescimento seguem maiores para esse ano e 2022 comparativamente as maiores empresas. Uma forma de ver isso é através do gráfico abaixo do Bank of America Research, o qual compara o crescimento de lucros para o Russell 2000 (que é composto de 2000 small caps) com o Russell 1000 o qual representa as 1000 maiores empresas da bolsa americana.
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O foco da semana continua sendo nos balanços. Dado o peso no S&P das empresas que divulgam resultados, entendo que o desempenho do mercado como um todo pode sim ser fortemente influenciado pelos números a serem divulgados. Vamos ficar de olho.