Recentemente atingimos no Brasil a marca de 1 milhão de CPFs na Bolsa. Para mim, isso é um marco histórico, porém, ainda estamos longe do que eu gostaria que fosse. Um milhão de investidores é algo próximo de 0,5% da população total, ou 1% da População Economicamente Ativa (PEA) do Brasil, que é de cerca de 100 milhões.
Para se ter um parâmetro, em países desenvolvidos esse número até ultrapassa 50%. Venho comentando sobre a nossa carência de investidores na bolsa há um bom tempo. No entanto, trago hoje à discussão um dos maiores medos que acredito que impedem as pessoas de investirem em renda variável: perder dinheiro.
Há um mito bastante enraizado na mente de muitas pessoas, que associa a bolsa a jogos de azar, ou cassino. Muitos não acreditam que é possível construir um patrimônio sólido com investimentos de longo prazo em renda variável, muito pelo contrário: acreditam piamente que é um mero mecanismo de perder dinheiro.
Venho tentando desconstruir vários mitos desde que engajei na criação da Suno Research, me comprometendo a sempre trazer opiniões isentas e educação financeira para os investidores, contribuindo, junto com o time da Suno para o crescimento da economia brasileira.
Não posso negar que os riscos existem, e que a existência de perdas não só é possível, como também é acentuada quando o investidor não conhece o mercado e não sabe o que está fazendo. Vale lembrar que oscilações negativas no curto prazo existem para todos, mas o investidor inteligente sabe se comportar diante delas.
Cabe, então, entender os motivos mais básicos pelos quais se pode perder dinheiro na bolsa, de modo que o investidor iniciante pode tentar evitá-los a partir dessa discussão dos seguintes pontos:
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Falta de compreensão dos ciclos do mercado
Muitas pessoas se desfazem de seus investimentos em períodos de grandes oscilações devido a eventos pontuais, e isso pode ser um grande gerador de perdas.
Um exemplo é a queda do mercado após os ataques do 11 de Setembro, em Nova York. Nesta época, a bolsa chegou a cair 7,1% em um dia. No dia 15, a New York Stock Exchange acumulava 14% de queda, enquanto o Dow Jones e o S&P 500 acumulavam 11,6% negativos.
Se o investidor tivesse vendido seus investimentos nesse período de pânico, muito provavelmente teria perdido dinheiro devido à forte oscilação. Mas, caso tivesse mantido sua posição, apenas aguardando pacientemente e mantendo seu foco no longo prazo, em um mês após os ataques, o Dow Jones, a Nasdaq e o S&P 500 já haviam voltado aos níveis anteriores ao atentado.
Assim, para evitar perdas em uma queda súbita como esta, o melhor a se fazer, geralmente, é não fazer nada, apenas esperar. Claro que existem casos em que os fundamentos do investimento são perdidos ou deteriorados, neste caso, é possível considerar uma saída.
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Deixar as emoções guiarem tomada de decisões
Certos investidores perdem dinheiro no mercado de ações quando deixam suas emoções, principalmente medo e ganância, conduzirem seus investimentos. Essas emoções, são apenas duas das citadas por Howard Marks como armadilhas psicológicas para o investidor.
Agir em cenários sob estas emoções é perigoso, uma vez que são capazes de cegar o investidor em aspectos importantes como cautela, lógica, risco e aprendizados com erros anteriores. Por outro lado, emoções como o medo podem acabar freando o potencial do investidor.
Vale lembrar que em cenários de euforia coletiva, podem ser configuradas bolhas econômicas, nas quais o preço do ativo se desconecta de patamares plausíveis.
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Vontade de enriquecer rapidamente
Muitos pensam que investir é um esquema para ficar rico rápido, porém, o que vemos na prática e com bastante consistência, é o sucesso de investidores que focam no longo prazo. Em nosso país, temos a figura de Luiz Barsi como exemplo para isto. Já globalmente, temos a figura admirável de Warren Buffett.
Deste modo, o investidor acaba sendo seu próprio inimigo ao buscar enriquecimento rápido, colocando sob grande risco o seu principal, podendo sofrer perdas permanentes severas. Assim, muitos iniciantes entram seduzidos pela ganância e sem grandes conhecimentos em operações de alto risco, com fortes alavancagens, colocando tudo a perder.
A grande chave para essa questão é a paciência. Assim como a fábula da “Lebre e a Tartaruga” ensina, quem segue devagar e com consistência, chega na frente.
Muitas vezes pode parecer monótono, mas a construção de patrimônio sólido por meio da renda variável exige paciência, educação financeira, aprendizado e consistência. Lembre-se, portanto, de manter o foco no longo prazo, buscar conhecimento e não tomar decisões importantes em momentos de fortes emoções. Fazendo isso, você aumentará substancialmente suas chances de alcançar seus objetivos de investimentos.