Como sempre, o imponderável da política exerce seu papel contundente no mercado.
Pelo segundo dia repetimos tal frase, baseado na reação dos investidores ao discurso do presidente Bolsonaro ontem, ao dar como cancelado o “Renda Brasil” proposto pela equipe econômica.
Novamente, o problema não reside no cancelamento, mas no teor da fala do presidente, que remonta em semelhança os anseios e propostas de dois mandatos anteriores, com crescimento econômico impulsionado pelo governo e baixa responsabilidade fiscal.
É notório que Bolsonaro muitas vezes discursa “com o fígado”, principalmente em público e que poderemos novamente ver alguma espécie de retratação, com reforço ao papel de Paulo Guedes no governo, entre outras coisas que já ocorreram no passado recente.
Todavia, tal expressão sem filtros do presidente demonstra que o apelo pelas reformas, pelo fiscal ajustado e pelo liberalismo econômico já não são tão grandes como foram após as eleições e que os programas de distribuição de renda e de obras capitaneadas pelo governo, altamente populares, soam obviamente mais atraentes em um momento impar como da pandemia global.
A nós, os ‘reles mortais’, resta aguardar que o ministro Paulo Guedes tenha a paciência e a parcimônia o suficiente para continuar no governo, me meio a tantas adversidades e contrariedades, pois se for substituído por alguém alinhado com a irresponsabilidade fiscal, o destino do Brasil fica cada vez mais incerto e precedido por uma ilusão de um programa de crescimento acelerado.
As atenções hoje se voltam à agenda macroeconômica, com a divulgação do PIB americano, o qual pode contrair 32,5%, com contração semelhante de 34,2% no consumo da população, todos para o segundo trimestre deste ano, em meio à pandemia global. Completa-se com vendas de imóveis pendentes e pedidos semanais de auxílio desemprego.
O grande foco, porém, vem do simpósio de Jackson Hole, onde discursa hoje o presidente do Fed, Jerome Powell e de onde os investidores buscam os sinais e as perspectivas da autoridade monetária americana para os próximos anos.
Há sinais já emitidos de mudanças na condução da política monetária, em vista aos desafios econômicos de curto prazo e muito se cita a possibilidade de manutenção dos juros em zero por um período relativamente indeterminado, principalmente após o cenário negativo desenhado na última comunicação do FOMC.
Para o mercado, tal sinal não poderia ser melhor no curto prazo.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é negativa e os futuros NY abrem em alta, na expectativa pelo discurso de Powell.
Em Ásia-Pacífico, mercados mistos, com a alta no lucro industrial chinês.
O dólar opera em queda contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam negativos em todos vencimentos.
Entre as commodities metálicas, quedas, exceto minério de ferro.
O Petróleo abriu em queda em Londres e Nova York, mesmo com as tempestades no Golfo do México ganhando força.
O índice VIX de volatilidade abre em alta de 0,13%.
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 5,6104 / 1,84 %
Euro / Dólar : US$ 1,18 / -0,009%
Dólar / Yen : ¥ 106,02 / 0,047%
Libra / Dólar : US$ 1,32 / 0,008%
Dólar Fut. (1 m) : 5618,94 / 1,72 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Julho 22: 3,45 % aa (3,92%)
DI - Janeiro 23: 4,07 % aa (3,56%)
DI - Janeiro 25: 5,96 % aa (3,65%)
DI - Janeiro 27: 6,97 % aa (3,11%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: -1,4594% / 100.627 pontos
Dow Jones: 0,2955% / 28.332 pontos
Nasdaq: 1,7319% / 11.665 pontos
Nikkei: -0,35% / 23.209 pontos
Hang Seng: -0,83% / 25.281 pontos
ASX 200: 0,16% / 6.126 pontos
ABERTURA
DAX: -0,332% / 13146,30 pontos
CAC 40: -0,469% / 5024,78 pontos
FTSE: -0,252% / 6030,35 pontos
Ibov. Fut.: -1,52% / 100651,00 pontos
S&P Fut.: 1,086% / 3480,30 pontos
Nasdaq Fut.: -0,200% / 11965,75 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: 0,19% / 72,43 ptos
Petróleo WTI: -0,18% / $43,24
Petróleo Brent: -0,04% / $45,60
Ouro: -0,70% / $1.941,73
Minério de Ferro: 0,10% / $122,46
Soja: 0,71% / $926,00
Milho: 0,51% / $342,75 $342,75
Café: -0,32% / $122,80
Açúcar: 0,16% / $12,57