O movimento do mercado financeiro local ontem demonstra o quão distorcido está o valor do Real frente ao dólar e moedas de mercados emergentes, o quão sem defesa a divisa está e o forte papel da atual taxa de juros nominais em tal contexto.
O fluxo positivo de recursos de estrangeiros para a bolsa de valores brasileira nem de perto foi suficiente para compensar os ataques que a divisa tem sofrido, algo muito comum desde o ano passado, mas que tinha como pano de fundo o tal “overhedge”.
Resumidamente, uma mudança tributária que forçava bancos a contabilizar a variação do patrimônio com hedge dentro do lucro real, colocando esse resultado na base de cálculo da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).
Isso forçou as instituições financeiras à compra de dólares até o final do ano passado e era o perfeito pretexto para mascarar os efeitos que os cortes exagerados nas taxas de juros nominais traziam, em especial nos movimentos de carry trade, dada a comparação do Brasil com seus pares internacionais.
O mercado de juros futuros continua a precificar nos seus vértices o temor de descalabro fiscal, com o Congresso insistentemente trazendo soluções mirabolantes para novos programas de alívio como um novo Coronavoucher e o rompimento do teto dos gastos, sem antes colocar em pauta as reformas administrativas, do pacto federativo e obviamente, a tributária.
Como já citamos aqui, o teto pode e deve ser alterado, mas como o resultado final das derivadas citadas acima e não como fator principal.
Além da questão fiscal, o alívio recente na inflação perde força com a desvalorização, mas especificamente a volatilidade, do Real frente ao dólar, o qual sequer resistiu à primeira valorização global do dólar no ano.
Ou seja, na dúvida para entender quem neste mercado “está certo”, opte por observar as curvas de juros, dada a sua sensibilidade aos eventos de diversos vetores que podem ser nocivos ao país no curto prazo.
Na agenda de hoje, atenção à produção industrial, IGP-DI, IPC-S semanal e a carta da ANFAVEA (produção e vendas de veículos).
No exterior, chamam a atenção o mercado de trabalho nos EUA com o Payroll, o qual projeta criação de 50 mil vagas e desemprego aos 6,8%, após o resultado negativo do ADP Employment.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é positiva e os futuros NY abrem em alta, com os recordes nas bolsas de valores americanas.
Em Ásia-Pacífico, mercados positivos, seguindo os fechamentos recordes das bolsas americanas e com ações de montadoras.
O dólar opera em alta contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam negativos em todos os vencimentos.
Entre as commodities metálicas, quedas, exceto cobre e minério de ferro.
O petróleo abriu em alta em Londres e Nova York, com a surpresa nos cortes de produção saudita.
O índice VIX de volatilidade abre em alta de 0,18%.
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 5,4014 / 1,87 %
Euro / Dólar : US$ 1,22 / -0,350%
Dólar / Yen : ¥ 103,83 / 0,039%
Libra / Dólar : US$ 1,36 / 0,192%
Dólar Fut. (1 m) : 5395,83 / 2,57 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Julho 22: 3,91 % aa (6,11%)
DI - Janeiro 23: 4,62 % aa (4,41%)
DI - Janeiro 25: 6,18 % aa (4,22%)
DI - Janeiro 27: 6,96 % aa (3,88%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: 2,7589% / 122.386 pontos
Dow Jones: 0,6868% / 31.041 pontos
Nasdaq: 2,5641% / 13.067 pontos
Nikkei: 2,36% / 28.139 pontos
Hang Seng: 1,20% / 27.878 pontos
ASX 200: 0,68% / 6.758 pontos
ABERTURA
DAX: 0,668% / 14061,61 pontos
CAC 40: 0,325% / 5688,26 pontos
FTSE: -0,053% / 6853,32 pontos
Ibov. Fut.: 2,94% / 122684,00 pontos
S&P Fut.: 1,470% / 3795,60 pontos
Nasdaq Fut.: 0,306% / 12979,75 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: -0,39% / 80,00 ptos
Petróleo WTI: 0,65% / $51,14
Petróleo Brent: 0,72% / $54,70
Ouro: -1,21% / $1.891,65
Minério de Ferro: 2,01% / ¥ $169,31
Soja: 0,44% / $1.366,50
Milho: 0,25% / $495,25
Café: -1,28% / $119,75
Açúcar: 0,77% / $15,75