Não poderia ser diferente, mas o assunto que assolou o mercado financeiro na sessão de ontem foi a liberação da condenação de lula pelo ministro Fachin, seguindo ele, para preservar o que ainda resta da operação Lava-Jato.
A operação em si parece sofrer do mesmo destino da operação Mãos-Limpas na Itália, a qual começou bem, mas no fim, ao atingir esferas superiores de poder, foi desidratada e seu legado, ainda que positivo, não foi dentro de seu potencial.
Por aqui, a decisão traz mais um elemento para incrementar a saída – e pior – a não entrada do investidor estrangeiro, devido à insegurança jurídica, institucional, onde um cenário como tal, o respeito a contratos não passa de uma mera formalidade a ser superada pelos desejos do judiciário.
Além de tudo, o elemento lula é disruptivo, pois alimenta a polarização da discussão política no Brasil e ainda, traz dúvidas sobre a perenidade das possíveis reformas ainda a serem aprovadas no legislativo e àquelas já formalizadas desde o mandato de Temer.
Eis que a máxima do ex-ministro Malan se impõe francamente, ao dizer que: “No Brasil, até o passado é incerto”.
A decisão de Fachin, por ter caráter monocrático, terá que passar pelo crivo do plenário, mas ainda assim, com parte da coorte contra Moro, não é difícil que seja assim chancelado.
Outro fator seria o custo fiscal de uma possível total guinada populista de Bolsonaro, de forma a preservar seu capital político machucado pela pandemia. Seu foco seria muito provavelmente no Nordeste, o que minaria o principal curral eleitoral do PT, restando uma atenção ao Sudeste, para evitar perder votos para Dória.
Em resumo, tudo um exercício de futurologia política, com enormes doses concretas de insegurança jurídica e possibilidade de populismo à ponta dos dedos, resultado naquilo que o mercado financeiro mais detesta, volatilidade à toa, desencontro de informações e falta de previsibilidade.
No exterior, a expectativa de chancela da câmara dos EUA à proposta do pacote de US$ 1,9 tri hoje traz certo alívio às curvas de juros nos EUA, entretanto o rendimento dos títulos de 10 anos ainda opera acima de 1,5% aa, uma taxa considerada alta, dada a taxa nominal americana.
Com a agenda externa vazia, o foco fica local com balanços e atividade.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é positiva e os futuros NY abrem em alta, na expectativa pela recuperação econômica das economias centrais.
Em Ásia-Pacífico, altas, exceção ao Kospi e Shanghai.
O dólar opera em queda contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam negativos em todos os vencimentos.
Entre as commodities metálicas, altas, exceção ao min. de ferro e cobre.
O petróleo abriu em queda em Londres e Nova York, na expectativa pela retomada da atividade econômica.
O índice VIX de volatilidade abre em baixa de -3,81%.
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 5,8169 / 2,34 %
Euro / Dólar : US$ 1,19 / 0,507%
Dólar / Yen : ¥ 108,69 / -0,202%
Libra / Dólar : US$ 1,39 / 0,485%
Dólar Fut. (1 m) : 5784,05 / 1,50 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Julho 22: 4,95 % aa (2,81%)
DI - Janeiro 23: 5,71 % aa (5,55%)
DI - Janeiro 25: 7,27 % aa (4,60%)
DI - Janeiro 27: 7,86 % aa (3,56%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: -3,9848% / 110.612 pontos
Dow Jones: 0,9720% / 31.802 pontos
Nasdaq: -2,4070% / 12.609 pontos
Nikkei: 0,99% / 29.028 pontos
Hang Seng: 0,81% / 28.773 pontos
ASX 200: 0,47% / 6.771 pontos
ABERTURA
DAX: 0,380% / 14435,60 pontos
CAC 40: 0,254% / 5917,98 pontos
FTSE: 0,284% / 6738,22 pontos
Ibov. Fut.: -4,00% / 110663,00 pontos
S&P Fut.: -0,513% / 3819,30 pontos
Nasdaq Fut.: 2,147% / 12547,50 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: 0,33% / 85,65 ptos
Petróleo WTI: 0,60% / $65,73
Petróleo Brent: 0,50% / $68,72
Ouro: 1,16% / $1.703,11
Minério de Ferro: -4,15% / ¥ $173,56
Soja: 0,31% / $1.442,25
Milho: -0,97% / $559,50
Café: 0,39% / $129,55
Açúcar: -1,17% / $16,08