Gerar alfa nos investimentos significa obter um desempenho acima das expectativas, geralmente superando um determinado benchmark, como o CDI.
Não há dúvida de que o mercado entrou em um novo ciclo. O início do corte da taxa Selic neste segundo semestre está se tornando cada vez mais evidente.
Em um artigo que escrevi em março deste ano, apresentei as justificativas para o corte da taxa Selic. Em abril, em outro artigo, mencionei seis motivos para o início desse corte.
Quem se antecipou com alocações no Ibovespa diante do expressivo crescimento no segundo trimestre do ano? Houve um aumento de 15,90%, em comparação com os 3,15% do CDI.
Em abril não era necessário abandonar completamente os investimentos de renda fixa em favor dos investimentos de renda variável. É óbvio que essa não é a única solução.
Além disso, concordo que, aqui no Brasil, o investidor pagar para ver não é uma alternativa tão plausível. Mas poucos investidores se anteciparam após a performance positiva do Ibovespa no mês.
Em maio, o cenário começou a ficar mais evidente. No meu artigo "Sell in May and go away", não desta vez: chegou a hora de olhar com otimismo, publicado aqui no Investing.com no dia 03/06, apresentei as justificativas para o investidor procurar ações locais negociadas com valuations descontados. (Eu também não quis pagar pra ver em abril).
E, para a surpresa de poucos, em junho, o Ibovespa avançou 9,0%, o melhor desempenho no mês em dois anos, enquanto o Índice Small Caps subiu 8,17% e o IFIX, índice de fundos imobiliários, 4,70%.
Puxando a sardinha para o meu lado, o que explicou majoritariamente a performance do Ibovespa foi o cenário macroeconômico: IPCA chegando a 3,95% no acumulado de 12 meses, o fortalecimento do cenário para o início do ciclo de corte da Selic e o avanço do arcabouço fiscal no congresso. Todos os fatores previsíveis desde o fim do primeiro trimestre do ano.
Bem, confesso que no mercado financeiro, há muitos "engenheiros de obra pronta". Não estou aqui para olhar pelo retrovisor e dizer que você, investidor, ou quem o assessora, errou ou perdeu o momento. Afinal, quando isso acontece, frequentemente ouvimos a máxima de muitos profissionais do mercado financeiro de que o investimento em bolsa é para o longo prazo, não é mesmo?
Particularmente, não concordo com esses jargões, pois procuro oportunidades em consonância com meus objetivos de curto, médio e longo prazo.
Logo, se há oportunidades no curto prazo, por que devo pensar apenas no longo prazo quando se trata de investimentos em renda variável?
Mas uma coisa é certa: o macro estava/está evidente. Para o IPCA de junho provavelmente teremos a primeira deflação do ano. Ata do Copom evidenciando o início do corte da Selic em agosto. Expectativas para o PIB brasileiro em alta e o mercado de trabalho resiliente.
Neste ínterim, a alocação estratégica com o objetivo de gerar alfa é o que te coloca no jogo no mundo dos investimentos. É o que te faz estudar, procurar informações, entender o cenário, questionar quem te assessora.
Afinal, ninguém tem bola de cristal, mas ficar parado com todo o investimento no CDI não te faz investidor, te faz expectador do mercado e o resultado é um só: um custo de oportunidade altíssimo.