Começando pelo Brasil…
Meu Brasil brasileiro…meu mulato izoneiro…
Izoneiro para quem não sabe o que significa é: afetado, mexeriqueiro, intrigante! A música já te ensina…você que não quer aprender! Rs Somos intrigante, afetados, mexeriqueiros…a música não fala de um mulato sensato, pragmático, ordeiro… então “THIS IS BRAZIL”!
Não preciso nem falar do que estou me referindo não é mesmo? 11 de 10 grupos de whats so falam disso. Da intervenção estatal na Petrobras (SA:PETR4), que sucede aquela que aconteceu no Banco do Brasil (SA:BBAS3), na Eletrobras (SA:ELET3), na Sanepar (SA:SAPR11) no Paraná, e poderia seguir. Olha o tombo:
Qual efeito prático disso: nos traz a memória que somos um local de investimento de RISCO!!
Brasil oferece ótimas alterenativas de retorno? SEMPRE! Mas também, muito disso deriva do prêmio de se investir num ambiente extremamente inóspito para business! Não por acaso nosso rating é semelhante ao Paraguai, Cazaquistão, Bangladesh, Vietnã, Macedônia, entre outros.
Sobre tudo que vejo, penso que o cenário ficou, sim, ruim! 2022 está logo ali e o governo não tem sido hábil para fazer o país avançar. Chegando perto da eleição, o risco aumenta. Essa inaptidão para tocar o país só aumenta a força de uma esquerda num cenário político. Então, tenho sim meus receios.
E isso foi sendo colocado nos preços com um câmbio que não cede e uma bolsa que tem underperformado em relação a outros emergentes e as commodities também (nossos “pares”). Abaixo o IBOV em linha verde, emergentes (vermelho) e commodities (preto).
Como se resolve isso?
Simples! O Brasil é aquele mau aluno que depende de si mesmo! Só baixar a cabeça e fazer o que tem que ser feito. O que no caso de um cara “izoneiro” é difícil!
Se resolve com reformas. A meu ver é a única coisa que pode salvar o ano. Vacinação está lenta e isso bate na velocidade de recuperação da economia. No gráfico abaixo tirei EUA, Reino Unido, Israel e outros países que já estão beeem a frente em termos de vacinação. Se isso fosse o Brasileirão eu diria que não seremos rebaixados, mas estamos longe de conseguir uma Libertadores.
MINHA PERCEPÇÃO SOBRE MERCADO…
O mercado de ações brasileiro tem me dado um baile! Na saída da crise em abril do ano passado acreditava que o fluxo estrangeiro poderia retornar para o Brasil em algum momento e uma porta de entrada tradicional seriam os bancos. Minhas ações no setor se valorizaram, mas beeeem menos que a média do mercado. Ou seja, errei.
Acreditava também que o investimento em ativos imobiliários, entenda-se, shoppings, properties e construtoras, guardavam um valor intríseco e uma boa margem de segurança. Afinal de contas, no fim do dia você está investido em tijolos e isso no longo prazo tende a retornar. Minhas ações no setor não andaram. Portanto, errei!
Bolsa brasileira voou com cases “tech” tupiniquins; commodities; e algumas empresas de menor porte que ofereceram forte inflexão.
Logo, fica claro que tenho estado errado nas minhas avaliações.
Já houve uma correção no mercado que saiu de 125 mil para 118 mil pontos
A julgar pelo humor do final de semana e as declarações do presidente, seria razoável supor que bolsa sofre um pouco mais.
Mas, olhando para frente, me chama atenção a queda recente das ações de varejo e construtoras ; setor elétrico também parece bem descontado (apesar das declarações do presidente). Não me sinto confortável para investir em cases de commodities depois das altas recentes, nem das empresas “tech brasileiras”.
LEIA MAIS - Setor elétrico: oportunidade ou risco em 2021?
De resto tenho focado em enviar mais recursos para fora e aumentar minha parcela da carteira no exterior. Atualmente estou com 41% fora; 8% em caixa no Brasil e 51% investidos no Brasil.
INTERNACIONAL
Sobre o mercado global, vou focar num tema que foi bastante comentado na semana que passou, mas que não vi ninguém comentando no Brasil…
OS JUROS AMERICANOS E A MÁQUINA FINANCEIRA GLOBAL:
Pensa que o sistema financeiro mundial é uma grande máquina que atua com diferentes inputs e outpus. Um dos principais inputs que rege a precificação de títulos no mundo todo são os JUROS AMERICANOS.
Por ser a principal economia do mundo, país o qual ainda detém a moeda de reserva de valor global e os seus títulos de dívida (treasury bonds) ainda serem considerados os títulos de referência global (a famosa taxa livre de risco), os juros americanos assumem um papel de protagonista importante que não pode ser ignorado.
Por que estou falando isso?
Porque tem me chamado atenção o movimento dos juros americanos – vide gráfico abaixo.
CONFIRA: A curva de juros dos títulos do Tesouro dos EUA
Nos últimos 7 meses a curva de juros americana saiu de aproximadamente 0,5% para 1,35%. Sim, eles ainda estão baixos olhando em um contexto longo de 10 ou 20 anos de histórico, no entanto o fato é que a taxa quase triplicou nesse período não é mesmo? Ninguém fala, e talvez realmente não seja a coisa mais preocupante atualmente, ainda assim achei interessante comentar. Se de fato subirem, temos uma cascata de mudanças no tabuleiro global de investimentos, então vamos a eles.
Por que a curva de juros longa (rendimento dos treasurie bonds de 10 anos) está subindo?
Apesar da economia ainda dar sinais de fraqueza, os juros seguem sua toada de alta no mercado futuro. O que isso quer dizer? Basicamente que o mercado acredita que a injeção massiva de dinheiro na economia e a alta recente das commodities vá gerar alguma inflação. E se isso acontecer, o juro de equilíbrio não seria os atuais zeros. Apesar do Federal Reserve seguir reafirmando que os juros permanecerão baixos por um período muito longo, os agentes do mercado não dividem dessa mesma opinião. Eles olham para o futuro e veem uma perspectiva crescente de inflação que tenderia a ser combatida com elevação de juros.
Não por acaso também, temas correlatos a essa alta dos juros têm sido bastante procurados no google nos últimos dias…
Juros: o preço do dinheiro?
Todos os produtos têm um preço. Os juros nada mais são do que o preço do dinheiro. Ao flutuarem, as taxas nos dizem que o preço do dinheiro no futuro ficará mais caro.
Dinheiro mais caro no futuro?
Pois é, juros maiores (ainda que no futuro) encarecem os custos de dívida das empresas e reduzem o valor presente dos fluxos de caixa ou dividendos futuros das ações, logo acabam tendo um impacto negativo sobre o mercado de ações.
Juros e ações não se dão bem?
Essa é uma relação historica e bem conhecida: a ideia do juros pra cima, bolsa para baixo. Mas como estamos com juros muito baixos e estamos falando dos juros negociados no mercado, na curva de juros, eu diria que tem suas peculiaridades. O estudo da estrategista chefe da Fidelity, Denise Chisholm, é bem interessante.
No gráfico da esquerda você tem: (i) a variação anual do S&P (linha azul) parametrizado pelo eixo da esquerda; (ii) Yield real (juros menos inflação) de um título de 10 anos do governo americano parametrizado pelo eixo da direita, o qual está em base invertida (linha verde). O que esse gráfico quer te dizer é que direita ela mostra que existe uma correlação inversa relevante entre ações e taxas de juros reais. Parece complexo, mas em suma ele nos diz o seguinte: quando o yield dos juros americanos aumenta (linha verde vai para baixo) temos um impacto negativo no mercado de ações (linha azul).
E na direita temos um gráfico da correlação inversa dessa relação ao longo de anos. O que esse gráfico nos diz é que sim existe uma correlação entre esses 2 indicadores, sendo ela negativa, ou seja, quando os juros sobem e se tornam reais temos impacto negativo na bolsa.
Impacto em outros mercados?
- Ações. Primeiro e mais óbvio é que se você tiver yield nos títulos de dívida, o investimento em ações passa a ter um “competidor”. Hoje temos o acronimo TINA para dizer que “there is no alternative” para investimentos considerando taxas de juros zero. Mas se as taxas não são zero? Especialmente importante num momento de bolsa nas máximas.
- O potencial das empresas de tecnologia tradicionalmente se encontra no potencial aumento de fluxo de caixa futuros descontados e trazidos a valor presente. Uma alta de juros tenderia a reduzir o valor presente dos fluxos de caixas futuros dessas empresas. Como no caso delas o futuro é muito relevante para o seu valuation, elas acabam podendo sofrer mais nesse cenário.
- A queda recente do ouro e suas mineradoras foi atrelado justamente a esse aumento de yield da curva de juros de 10 anos. Se o juro deixa de ser zero, por que investir no ouro que não gera yield algum? Se o ouro cai, por que investir em mineradoras? Não estou aqui dizendo se concordo ou não, apenas fazendo uma leitura. Esse é o racional por trás.
- Dívida. Existem uma montanha de dívidas no mundo, tem varios gráficos que mostram que o nível de individamento nunca foi tão alto em nível agregado. Essa alteração na engrenagem por conta dos juros poderia a meu ver “fundir” essa máquina. Alguns advogam inclusive que a maior bolha estaria justamente nos títulos de dívida.
- Emergentes. Difícil dizer, mas se os juros da economia de referência se elevam, entendo que os juros de emergentes deveriam se ajustar também. Em outras palavras, corrobora a ideia de que juros de 2% no Brasil é cada vez algo que vai ficar no passado. Fora isso, qualquer coisa que afete ativos de risco de países desenvolvidos tenderia a afetar ativos de risco daqueles países que já são um risco por si só.
NÃO É BOLHA
Um mês atrás escrevi a tônica com esse título: Afinal de contas é bolha ou não é?
Esse é um assunto polêmico. A meu ver é virtualmente impossível de determinar ex-ante. A simples alta de preços não caracteriza uma bolha, e fora isso você não tem uma definição formal do que vem a ser uma bolha. Mas em pesquisa recente da Merril Lynch com investidores, apenas 13% acreditam que estamos vivendo uma bolha.
BOAS NOVAS
E para acabar bem essa tônica, afinal é segunda-feira né! Durante meses e meses falamos da evolução e crescimento dos casos de coronavírus. Então agora convém também espalhar boas notícias. A boa notícia é que na medida em que o número de vacinados aumentam, temos visto uma diminuição no número de hospitalizações no mundo. Nos EUA não está sendo diferente. Até o momento (19/02) temos cerca de 17% da população americana vacinada. E o impacto disso nas hospitalizações pode ser visto no gráfico abaixo.
Era isso.
Aquele Abs.