Dois BCs, dois desafios diferentes, dois cenários adversos, duas respostas em linha com tais cenários.
O Federal Reserve ontem emitiu um sinal de que o aperto monetário pode estar próximo do fim neste ciclo ao elevar 25 bp, porém entendeu que o atual panorama possui mais questões em aberto do que respostas.
Em sua entrevista, o chairman Powell citou constantemente que, apesar do peso ‘facilitador’ dos eventos bancários recentes, criando uma espécie de aperto monetário indireto e ainda que a extensão desses efeitos é incerta, a inflação continuava desafiador, assim como o mercado de trabalho.
Mesmo aliviando o discurso de novos aumentos, retirando o termo “constantes”, não deu como finalizado o aperto ao citar que “algum endurecimento adicional da política pode ser apropriado para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo.”
Além disso, Powell sugeriu que o processo de aperto pode estar se aproximando do fim, a depender de como reagem os indicadores de inflação, atividade e mercado de trabalho, mas sugeriu também que nenhum corte de juros está programado para este ano, ou seja, reduziu parte das esperanças desenhadas na curva de juros.
Há, portanto, um cenário altamente em aberto, onde diversos indicadores de atividade econômica serão essenciais para confirmar a decisão de aliviar o processo de aperto, mas nada firme e concreto, decretando o fim do ciclo e muito menos, a sua reversão.
Do lado de cá., o Banco Central não se deixou ‘sensibilizar’ pelas constantes demandas do governo pelo início do afrouxamento monetário e mandou um recado duro, ao citar novamente o risco fiscal como importante fator.
A inflação subjacente (núcleo) ainda elevada foi também posta como fator relevante para a manutenção dos juros nos atuais patamares e foi inclusive citada a possibilidade de, se necessário for, o COPOM pode promover ajustes adicionais da taxa de juros, algo que soa como um terror nas fileiras do executivo.
A reação foi inevitável, mas mascara a ausência de um plano fiscal crível e busca culpados pelos erros que, agora, partem do governo e demonstra a busca por um bode expiatório para um crescimento econômico fraco que ocorrerá em 2023.
Sobre o Banco Central estar certo ou não, este momento se esvaiu, quando muito recentemente havia um desenho natural do início do afrouxamento monetário no Brasil, mas que foi rechaçado pela postura beligerente e descomprometida com o fiscal por parte do governo, adiando o processo à revelia dos desejos oficiais.
Agora, uma postura que poderia ser traduzida como subserviente ou mesmo, obediente do Banco Central seria perigosa neste momento e vai na contramão do princípio de automonomia da instituição, portanto a atual postura é sim passível de defesa, especialmente enquanto não houver sinais críveis de que as reformas e o arcabouço fiscal estejam prontos para serem discutidos no congresso.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é negativa e os futuros NY abrem em alta, como reação à decisão do FOMC.
Em Ásia-Pacífico, mercados sem rumo, após o FOMC citar a possibilidade de pausa nos juros americanos.
O dólar opera em alta contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam positivos em todos os vencimentos.
Entre as commodities metálicas, altas, exceção ao minério de ferro e ao cobre.
O petróleo cai em Londres e em Nova York, com o aumento surpresa dos estoques americanos.
O índice VIX de volatilidade abre em baixa de -2,74%.
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 5,2371 / -0,11 %
Euro / Dólar : US$ 1,09 / 0,138%
Dólar / Yen : ¥ 131,21 / -0,160%
Libra / Dólar : US$ 1,23 / 0,163%
Dólar Fut. (1 m) : 5251,00 / -0,41 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Janeiro 24: 13,02 % aa (0,09%)
DI - Janeiro 25: 12,05 % aa (-0,46%)
DI - Janeiro 26: 12,09 % aa (-0,80%)
DI - Janeiro 27: 12,32 % aa (-0,85%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: -0,7698% / 100.221 pontos
Dow Jones: -1,6292% / 32.030 pontos
Nasdaq: -1,6033% / 11.670 pontos
Nikkei: -0,17% / 27.420 pontos
Hang Seng: 2,34% / 20.050 pontos
ASX 200: -0,67% / 6.969 pontos
ABERTURA
DAX: -0,709% / 15108,29 pontos
CAC 40: -0,551% / 7091,85 pontos
FTSE: -1,047% / 7487,61 pontos
Ibov. Fut.: -0,92% / 100670,00 pontos
S&P Fut.: 0,26% / 3981 pontos
Nasdaq Fut.: 0,832% / 12804,25 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: 0,09% / 102,66 ptos
Petróleo WTI: -1,20% / $70,05
Petróleo Brent: -0,96% / $75,95
Ouro: 0,46% / $1.978,99
Minério de Ferro: -1,72% / $118,20
Soja: -0,12% / $1.446,25
Milho: 0,51% / $636,75
Café: -0,28% / $177,50
Açúcar: 0,24% / $21,19