A reversão da demissão de Andre Brandão, CEO do Banco do Brasil (SA:BBAS3) ontem pela equipe econômica foi um evento de significância muito maior do que a simples correção de uma decisão equivocada do presidente Jair Bolsonaro.
É notória a divisão no governo entre as alas “política” e “técnica” e Bolsonaro costuma ouvir usualmente àquela que “grita mais alto”, sendo a primeira obviamente mais insistente nas suas demandas, para então receber um apaziguamento da segunda.
Ou seja, primeiro ele ouve o político reclamar, daí então a equipe técnica explica o porquê de certas coisas ocorrerem.
Ainda que desgastante, a equipe técnica, mesmo sem o apoio necessário e constante do presidente, costuma ‘vencer’ tais batalhas e ontem foi um exemplo disso, o que suplantou a necessidade de Bolsonaro de agradar o Congresso para garantir as eleições favoráveis em ambas as casas.
Outro ponto importante foi o monitoramento que sabemos que tanto a equipe econômica, quanto outros setores do governo fazem das redes sociais. As reações à possível demissão não podiam ser piores, refletindo inclusive nas ações do banco e perda de valor de mercado.
Daí vemos que a equipe econômica continua a ter ao menos alguma influência importante sobre o presidente, ao ponto de evitar um evento grave e que poderia soar que seria possível ceder a pressões sobre o teto de gastos e outras questões fiscais ainda mais graves.
Sabemos que nada está resolvido, dada a inconstância do governo, porém em um próximo momento menos atribulado, as reformas ainda têm alguma esperança de receberem apoio do governo, ao invés de programas de estímulo.
Em nível global, os mercados se mantiveram ontem positivos com a fala do presidente do Federal Reserve Jerome Powell sobre as perspectivas ainda longevas de retirada dos estímulos e com o possível pacote de US$ 2 trilhões do presidente eleito Joe Biden, além da vacina da Johnson & Johnson (NYSE:JNJ) (SA:JNJB34).
Tudo isso perdeu força nos EUA, pois os sinais de que o pacote receberia US$ 500 bi a menos reverteram parte do humor dos investidores, adictos de estímulos constantes e em busca de experiências mais instigantes em ativos de maior risco como o Brasil.
O pacote na verdade é de US$ 1,9 tri.
E por aqui, os anos de descaso com a saúde pública, escolhas errôneas de investimentos de infraestrutura (não se faz jogo em hospital) e a condução desastrosa atual da crise pandêmica desde a esfera federal até a municipal faz o mercado olhar assim, en passant, pelos eventos como os de Manaus.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é negativa e os futuros NY abrem em baixa, após divulgação do pacote de Joe Biden.
Em Ásia-Pacífico, mercados negativos, puxados por ações de tecnologia.
O dólar opera em alta contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam negativos em todos os vencimentos.
Entre as commodities metálicas, quedas, com exceção ao ouro e ferro.
O petróleo abriu em queda em Londres e Nova York, com temores de novos lockdowns.
O índice VIX de volatilidade abre em alta de 1,68%.
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 5,2039 / -1,95 %
Euro / Dólar : US$ 1,21 / -0,156%
Dólar / Yen : ¥ 103,66 / -0,096%
Libra / Dólar : US$ 1,36 / -0,292%
Dólar Fut. (1 m) : 5199,11 / -2,02 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Julho 22: 4,28 % aa (4,77%)
DI - Janeiro 23: 4,96 % aa (-1,49%)
DI - Janeiro 25: 6,48 % aa (-1,82%)
DI - Janeiro 27: 7,10 % aa (-2,47%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: 1,2691% / 123.481 pontos
Dow Jones: -0,2220% / 30.992 pontos
Nasdaq: -0,1243% / 13.113 pontos
Nikkei: -0,62% / 28.519 pontos
Hang Seng: 0,27% / 28.574 pontos
ASX 200: 0,00% / 6.715 pontos
ABERTURA
DAX: -0,360% / 13938,39 pontos
CAC 40: -0,472% / 5654,35 pontos
FTSE: -0,318% / 6780,33 pontos
Ibov. Fut.: 1,25% / 123488,00 pontos
S&P Fut.: -0,331% / 3791,20 pontos
Nasdaq Fut.: -0,124% / 12881,75 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: -0,18% / 81,07 ptos
Petróleo WTI: -1,31% / $52,87
Petróleo Brent: -1,24% / $55,53
Ouro: 0,35% / $1.855,54
Minério de Ferro: 1,93% / ¥ $169,80
Soja: -0,77% / $1.423,00
Milho: -0,09% / $535,50
Café: -0,24% / $127,30
Açúcar: -1,08% / $16,54