As autoridades entrando em ação.
Com o movimento inédito do Banco da Inglaterra (BoE) ao cortar 15 pontos-base os juros para 0,1% ao ano e elevar para £ 645 bi o programa de recompra de títulos, ante £ 200 bi anteriores, há um consenso entre as autoridades monetárias da gravidade das possíveis consequências do COVID-19 nas economias.
A Europa é agora o epicentro da pandemia global, com o número de mortes da Itália superando o da China e os casos aumentando exponencialmente em todo o continente. Este movimento está se concentrando ao norte do globo, porém tende a chegar com velocidade ao hemisfério sul.
Eis o problema de curto prazo, pois diferentemente da crise do subprime, que atingiu o globo de maneira simultânea, o avanço do vírus ocorre em “etapas” e evita não a prevenção em nível global, mas a recuperação sincronizada dos efeitos, como já ocorre na China.
O Fed, através de sua atuação global em leilões de linha, além de aliviar um importante impacto local na moeda brasileira, tenta resolver o problema da supervalorização global do dólar. Ainda assim, nem todos os BCs do mundo se renderam ao desatino do Fed, com China e Rússia mantendo e Dinamarca elevando os juros.
Para o Brasil, o complicador adicional é o esvaziamento da nossa “caixa d’água” fiscal, ou seja, ainda que os esforços sigam em conjunto com o exterior, “abrir as torneiras” ainda não é uma possibilidade para o governo, sem consequências mais graves.
Em partes, esta limitação fiscal começa a ser observada nas curvas de juros, em seus diversos vértices. Ao não satisfazer uma parcela do mercado que esperava um movimento mais expressivo na reunião do Copom, o BC deflagrou um movimento assustador nos juros futuros logo na abertura.
O janeiro 29 “riscou o teto” dos 10% ao ano e ao não conseguir fazer a colocação de LFT durante alguns dias nesta semana, o cenário suscita os temores da dificuldade de financiamento do governo ou mesmo sinais, ainda insípidos, de uma dominância fiscal.
Dominância fiscal é quando o Estado está incapaz de gerar receita por meio de impostos ou contribuições suficientes para financiar seus gastos (seja por crise econômica, shutdown, recessão, guerra), daí a necessidade de se imprimir dinheiro, ou emitir títulos.
A redução das projeções de crescimento para este ano é igualmente impactante neste sentido, daí a necessidade de atuações em diversas frontes, como a equipe econômica tem atuado até agora, de forma bastante limitada.
A única coisa certa, infelizmente, é o desemprego, pois o comércio já dá sinais que os fechamentos já surtem efeitos nas economias das empresas, empresas demitem de forma a preservar uma parte dos empregados e os serviços serão afetados de maneira indelével.
Neste cenário, as projeções de um PIB entre 0,5% e -1,5% já circulam livremente entre os analistas. Um triste cenário.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é positiva e os futuros NY abrem em alta, com a ajuda do BoE animando os investidores.
Na Ásia, fechamento foi positivo, após a China manter inalterados os juros.
O dólar opera em queda contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam negativos em todos os vencimentos.
Entre as commodities metálicas, altas, destaque à prata.
O petróleo abre em alta, com o cenário de atividade desafiador.
O índice VIX de volatilidade abre em baixa de -9,03%.
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 5,0947 / 0,28 %
Euro / Dólar : US$ 1,08 / -0,834%
Dólar / Yen : ¥ 109,29 / 0,972%
Libra / Dólar : US$ 1,15 / -0,526%
Dólar Fut. (1 m) : 5224,92 / 4,67 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Janeiro 22: 5,81 % aa (-0,12%)
DI - Janeiro 23: 7,03 % aa (30,67%)
DI - Janeiro 25: 8,02 % aa (21,70%)
DI - Janeiro 27: 8,55 % aa (15,85%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: -10,3491% / 66.895 pontos
Dow Jones: -6,3024% / 19.899 pontos
Nasdaq: -4,7028% / 6.990 pontos
Nikkei: -1,04% / 16.553 pontos
Hang Seng: -2,61% / 21.709 pontos
ASX 200: -3,44% / 4.783 pontos
ABERTURA
DAX: -0,933% / 8362,99 pontos
CAC 40: 0,435% / 3771,18 pontos
FTSE: -0,840% / 5037,89 pontos
Ibov. Fut.: -10,88% / 66597,00 pontos
S&P Fut.: -3,266% / 2414,00 pontos
Nasdaq Fut.: -0,069% / 7160,50 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: 1,18% / 60,18 ptos
Petróleo WTI: 12,37% / $22,37
Petróleo Brent: 6,67% / $26,24
Ouro: -0,42% / $1.476,86
Minério de Ferro: 0,54% / $90,44
Soja: 1,06% / $834,25
Milho: 2,39% / $343,00 $343,00
Café: 5,65% / $114,15
Açúcar: 0,94% / $10,71