A temporada de balanços do primeiro trimestre em Wall Street começa nesta semana, com os gigantes do setor bancário JPMorgan Chase (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34), Wells Fargo (NYSE:WFC) (SA:WFCO34), Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34), Morgan Stanley (NYSE:MS) (SA:MSBR34) e Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34) divulgando seus mais recentes resultados financeiros.
Dados da FactSet mostram que os analistas esperam que o lucro das empresas do S&P 500 dispare 24,5% em comparação com o mesmo período do ano passado, principalmente devido ao impacto cada vez menor da crise sanitária sobre diversas indústrias.
Se confirmado, o 1º tri de 2020 marcará o maior crescimento de lucros ano a ano no índice desde o 3º tri de 2018, quando cortes tributários feitos pelo ex-presidente Donald Trump fez a rentabilidade das empresas disparar.
No âmbito setorial, nove devem registrar crescimento de lucros ano a ano, com destaque para os segmentos de consumo discricionário, financeiro e materiais. Por outro lado, dois devem registrar declínio nos resultados em relação ao ano passado, especialmente os setores da indústria e energia.
As expectativas de receita também são encorajadoras, com previsão de crescimento de vendas de 6,4% ante mesmo período do ano passado. Se confirmado, esse será o maior crescimento anualizado de receita registrado pelo índice desde o 4T2018.
Oito setores devem relatar crescimento anualizado de receitas, com destaque para tecnologia da informação, consumo discricionário e serviços de comunicação. Por outro lado, três devem divulgar queda no crescimento das vendas ano a ano, mais uma vez com destaque para os setores de energia e indústria.
Analisamos abaixo dois setores cujos resultados financeiros têm tudo para mostrar uma melhora significativa frente ao ano passado e um setor cujo desempenho deve sofrer a mais forte queda em meio às atuais condições de mercado.
2 Setores para Comprar
1. Consumo discricionário: entusiasmo da reabertura deve impulsionar resultados
- Crescimento projetado do LPA no 1T: +103,2% ano a ano
- Crescimento projetado da receita no 1T: +15,0% ano a ano
O setor de Consumo Discricionário, que foi duramente afetado pelos bloqueios relacionados à Covid há um ano, deve registrar o maior crescimento anualizado nos resultados entre todos os 11 setores, com uma impressionante disparada de 103,2% no LPA do primeiro trimestre, de acordo com a FactSet.
A expectativa é que nove em cada dez subsegmentos do setor tenham crescimento de dois dígitos nos lucros, com destaque para fabricantes automotivos e varejistas de artigos de luxo, que devem ver seu LPA coletivo disparar 1.116% e 484% respectivamente frente ao ano passado.
O setor, que talvez seja o mais sensível a condições econômicas e gastos com consumo, também deve registrar o maior crescimento de receita ano a ano de todos os 11 setores, diante da previsão de crescimento de 15% nas vendas no 1º tri.
Estima-se que seis em cada dez segmentos do setor registrem ganhos de dois dígitos, com destaque para ações de internet e marketing direto, cujo LPA coletivo deve saltar 38% em relação ao ano passado.
De fato, o fundo Consumer Discretionary Select Sector SPDR® (NYSE:XLY), que rastreia um índice de ações de consumo discricionário do S&P 500 ponderado por sua capitalização de mercado, já subiu quase 11% desde o início do ano, atingindo uma série de máximas recordes nos últimos pregões.
Suas dez maiores ações são Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34), Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34), Home Depot (NYSE:HD) (SA:HOME34), McDonald’s (NYSE:MCD) (SA:MCDC34), Nike (NYSE:NKE) (SA:NIKE34), Starbucks (NASDAQ:SBUX) (SA:SBUB34), Lowe’s (NYSE:LOW), Booking Holdings (NASDAQ:BKNG), Target (NYSE:TGT) (SA:TGTB34) e TJX Companies (NYSE:TJX).
2. Materiais: preços mais altos das commodities devem impulsionar vendas e lucro
- Crescimento projetado do LPA no 1T: +46,4% ano a ano
- Crescimento projetado da receita no 1T: +9,6% ano a ano
O setor de materiais deve registrar o terceiro maior salto nos lucros entre todos os 11 setores, com previsão de crescimento de 46,4% no LPA em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a FactSet.
Como os preços mais altos de matérias-primas como ouro, prata e cobre estão beneficiando o setor, a expectativa é que ele registre o quarto maior crescimento ano a ano na receita, graças a vendas quase 10% maiores.
Não é de surpreender que todos os quatro segmentos do setor têm previsão de crescimento explosivo na receita no 1º tri, com o fundo SPDR® S&P Metals & Mining (NYSE:XME) provavelmente disparando 501% nas vendas ano a ano.
Duas empresas do grupo se destacam por seu potencial de gerar resultados impressionantes. A primeira é a Nucor (NYSE:NUE), cuja previsão de LPA é de US$ 3,07, em comparação com US$ 0,99 há um ano. A segunda é a CF Industries (NYSE:CF), que deve reportar LPA de US$ 0,58, frente a US$ 0,33 no mesmo período do ano passado.
O fundo Materials Select Sector SPDR® (NYSE:XLB), que rastreia empresas listadas no S&P 500 por um índice ponderado pela capitalização de mercado, testemunhou o quarto maior aumento de preços entre todos os 11 setores nos primeiros três meses de 2021, saltando 8,8%.
Suas dez maiores participações são Linde (NYSE:LIN), Air Products & Chemicals (NYSE:APD), Sherwin-Williams (NYSE:SHW), Ecolab (NYSE:ECL), Freeport-McMoRan (NYSE:FCX) (SA:FCXO34), Newmont Mining (NYSE:NEM), Dow Chemical (NYSE:DOW), DuPont de Nemours (NYSE:DD) (SA:DDNB34), International Flavors & Fragrances (NYSE:IFF) e Corteva (NYSE:CTVA).
1 Setor a Ser Evitado
Indústria: Companhias aéreas devem liderar queda anualizada
- Declínio projetado no LPA do 1T: -16,6% ano a ano
- Declínio projetado da Receita no 1T: -3,3% ano a ano
A indústria deve registrar o maior declínio anualizado entre todos os 11 setores, com um LPA 16,6% menor, segundo a FactSet. Dos seus 12 segmentos, quatro deve registrar queda nos lucros, com destaque para as companhias aéreas.
O setor industrial também deve registrar o segundo maior declínio anualizado, com uma queda de 3,3%. A indústria aérea mais uma vez deve ser a maior contribuidora para o declínio anualizado da receita do setor, com -54%, na medida em que continua lidando com o impacto negativo da contínua crise sanitária do coronavírus.
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No âmbito corporativo, a Delta Air Lines (NYSE:DAL) (SA:DEAI34), American Airlines (NASDAQ:AAL) (SA:AALL34) e United Airlines (NASDAQ:UAL) devem contribuir mais com a queda dos resultados do grupo. As perdas previstas são de US$ -0,51 a US$ -2,84 para a Delta, de US$ -2,65 a US$ -3,89 para a American e de US$ -2,57 a US$ -6,82 para United.
Apesar da queda esperada nas receitas e lucros, este setor registrou alta nos preços de 11% durante o trimestre, o terceiro melhor desempenho de todos os 11 setores.
De fato, o principal fundo do setor, o Select Sector SPDR® (NYSE:XLI) está sendo negociado perto do nível recorde, superando a marca de US$ 100 pela primeira vez na história nesta semana.
Suas 10 principais participações são Honeywell International (NYSE:HON) (SA:HONB34), Union Pacific (NYSE:UNP) (SA:UPAC34), Caterpillar (NYSE:CAT) (SA:CATP34), United Parcel Service (SA:UPSS34) (NYSE:UPS), Boeing (NYSE:BA) (SA:BOEI34), General Electric (NYSE:GE) (SA:GEOO34), Deere (NYSE:DE), Raytheon (NYSE:RTN) (SA:RYTT34), 3M (NYSE:MMM) (SA:MMMC34) e Lockheed Martin (NYSE:LMT) (SA:LMTB34).