Publicado originalmente em inglês em 14/04/2021
Com o início da temporada de balanços do 1º tri de 2021 das companhias aéreas americanas nesta semana, todas as atenções estarão voltadas às suas projeções para a temporada de viagens de verão, que deve se recuperar após a vacinação em massa nos EUA.
Os primeiros sinais mostram que, passada a maior queda no tráfego aéreo durante a pandemia, as aerolinhas terão uma estação agitada. A Delta Air Lines (NYSE:DAL) (SA:DEAI34) disse na semana passada que convocou todos os seus 1.713 pilotos em recesso no dia 1 de abril, antes que a falta de pessoal contribuísse com mais de 100 cancelamentos de voos.
Essa convocação mostra como as companhias aéreas americanas estão aumentando esforços para um possível verão movimentado, à medida que mais pessoas se vacinem contra a Covid-19. A United Airlines (NASDAQ:UAL) afirmou, no fim de março, que contrataria 300 novos pilotos para atender a demanda crescente.
A Delta divulgará seu balanço na quinta-feira, antes da abertura do mercado. Em média, os analistas esperam um prejuízo de US$ 2,84 por ação sobre vendas de US$ 4,02 bilhões. Os investidores prestarão atenção à taxa de queima de caixa e a qualquer sinal de recuperação nas viagens a negócios.
A American Airlines (NASDAQ:AAL) (SA:AALL34), antes da divulgação dos seus número do 1º tri, alertou os investidores ontem que poderia registrar um prejuízo de mais de US$ 1,2 bilhão no período ao apresentar seus resultados na próxima semana e que a recente alta nas vendas não evitaria a queima de caixa.
A American Airlines foi a segunda grande companhia aérea dos EUA após a United a alertar que a pandemia de Covid-19 ainda estava afetando seus resultados financeiros, um sinal de que pode levar mais tempo do que o esperado para que a dor financeira da pandemia seja mitigada, depois de ela devastar as viagens internacionais.
Sinais de retomada
Apesar desses alertas, há sinais de esperança de que os americanos estejam viajando mais pelo país, ajudando as companhias aéreas a reduzir seus prejuízos. Mais de 1,5 milhão de passageiros passaram por postos de segurança domésticos em 4 de abril, em comparação com apenas 122.029 no ano passado.
A United e a American disseram que seus aviões estavam com cerca de 80% da sua capacidade preenchida. A consistência da Delta melhorará durante a primavera e verão locais, “à medida que mais colaboradores sejam vacinados e mais pilotos voltem a trabalhar”, declarou a companhia em um informe na semana passada.
A possível retomada das viagens desencadeou um forte rali nas ações das companhias aéreas. Com o anúncio de vacinas eficazes em novembro, as ações do setor dispararam, impulsionando o fundo focado em aéreas US Global Jets (NYSE:JETS). O ETF se valorizou 48% nos últimos seis meses.
Esse rali mostrou a confiança dos investidores em que o desenvolvimento de vacinas eficazes ajudará a melhorar a demanda de viagens e acabará beneficiando os integrantes mais castigados do mercado acionário. A pandemia encerrou uma década de sequência de lucros registrados pelas aéreas, gerando prejuízos de mais de US$ 20 bilhões para o segmento no ano passado.
Mas uma recuperação na demanda de viagens pode não ocorrer tão cedo assim, nem de maneira tão agressiva como alguns investidores esperam, devido às proibições de viagens internacionais e à demanda ainda deprimida de viagens a negócios.
De acordo com Helane Becker, analista da Cowen:
“Globalmente, os países ainda precisam reabrir suas fronteiras, bem como atrações turísticas e outros lugares antes que as pessoas voltem a viajar internacionalmente. As companhias aéreas precisam da reabertura dos negócios e das fronteiras para resolver o problema da receita”.
O CEO da United Airline, Scott Kirby, afirmou, em janeiro, que muitas evidências mostravam que havia uma demanda reprimida muito grande por viagens, mas tinha menos certeza se ela se concretizaria ainda neste verão norte-americano.
De acordo com algumas estimativas, a categoria comercial pode acabar ficando 15% menor por conta da tendência de uso de videoconferências, iniciada durante a pandemia.
Segundo o Deutsche Bank, as companhias aéreas americanas continuarão enfrentando dificuldades com uma carga de dívida recorde de US$ 170 bilhões. Isso significa que as “companhias aéreas não terão outra escolha senão alocar a maioria do seu fluxo de caixa livre na quitação de dívidas”, declarou o banco.
Conclusão
A forte recuperação das ações aéreas mostra a confiança dos investidores de que as pessoas voltarão à sua rotina normal de viagens assim que forem vacinadas. Mas esse otimismo está bastante refletido em seus preços atuais e não deixam espaço para altas maiores no curto prazo.
A próxima temporada de balanços deve provar o ponto de que as linhas aéreas terão uma longa jornada pela frente até recuperar as perdas e gerar lucro.