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Teses de Investimento: O case da Méliuz, pioneira do cashback no Brasil

Publicado 22.01.2021, 19:17
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Por Ana Julia Mezzadri

Investing.com - Desde seu IPO em novembro de 2020, a ação da Méliuz (SA:CASH3) subiu mais de 180% e a companhia vem se tornando uma das “queridinhas” entre os investidores — e não só eles. Os analistas também têm, no geral, uma visão positiva para a companhia.

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Em relatórios de início de cobertura, o BTG Pactual e o Itaú BBA têm recomendação de Compra para a ação, com preços-alvo de, respectivamente, R$ 18 e R$ 20, enquanto o Bradesco BBI mantém recomendação Neutra, mas classificação de outperform, com preço-alvo de R$ 20. O papel está ainda entre as top picks do setor do BTG e do Bradesco.

No fechamento do mercado de sexta-feira (22), o papel era cotado a R$ 30,96, em forte baixa de 4,91%, após ter registrado mínima de R$ 30,37 e máxima de R$ 35,50 ao longo do dia, com R$ 361,83 milhões em volume negociado.

O IPO da companhia, primeiro entre startups e fintechs na B3, levantou R$ 300 milhões, e a empresa hoje vale cerca de R$ 3,5 bilhões.

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Confira as teses de investimento para a Méliuz.

Bull Case: a tese de alta

A pandemia de coronavírus acelerou algo que já era tendência: os crescimentos das plataformas de e-commerce. Mas ainda há muito espaço para crescer: segundo o BTG, em relatório de 13 de dezembro, a porcentagem de compras online entre as vendas de varejo no Brasil era de apenas 5,5% em 2019, contra 10,9% nos EUA.

Junto com o crescimento do e-commerce e o fortalecimento da concorrência nesse mercado, crescem também as plataformas que oferecem meios de aquisição e retenção de clientes e de publicidade digital, entre elas as de cashback e cupons.

O Itaú BBA, em relatório de 14 de dezembro, cita uma série de dados que sustentam essa tese: o gasto com publicidade digital como porcentagem do total de vendas no Brasil é atualmente de 14,4%, contra 22% nos EUA; e a porcentagem do orçamento de publicidade digital alocado em plataformas de cashback e cupons é de 1,75%, vs. 6,05% nos EUA. Supondo que os dois indicadores alcancem os níveis norte-americanos, a indústria poderia ser cinco vezes maior do que é hoje.

“Esse mercado no Brasil ainda é relativamente pouco explorado, apesar de termos um potencial bastante interessante, e acho que a pandemia tem acelerado essa tendência. E além do potencial que vem do crescimento do e-commerce no Brasil, temos as plataformas de cashback ganhando espaço como canal alternativo de vendas”, completa Marco Calvi, analista do Itaú BBA, em entrevista ao Investing.com.

Além desse potencial de crescimento para as plataformas de cashback em si, a Méliuz tem expandido sua oferta de produtos e serviços. Em 2019, a companhia lançou um cartão de crédito, em parceria com o Banco Pan (SA:BPAN4). E mais novidades estão por vir, principalmente nos segmentos de crédito, pagamentos e seguros.

“Por apresentar uma experiência boa e amigável para o usuário, a companhia costuma reter o cliente. Com isso, ela tem a oportunidade de lançar outros serviços financeiros em adição ao cartão de crédito”, explica Calvi.

Além da expansão para novos produtos, a companhia pretende usar seu caixa de R$ 300 milhões para impulsionar a aquisição de consumidores e contratar mais pessoas. Segundo o CEO Israel Salmen, em entrevista ao Neofeed, o time deve dobrar nos próximos dois anos.

A gestão fala ainda na possibilidade de realizar aquisições de startups que ofereçam funcionalidades interessantes, que já tenham passado por sua fase inicial, tenham um plano claro de crescimento e gerem caixa.

Outro ponto destacado por todos os analistas é o time de gestão e a cultura da companhia. “A Méliuz tem uma vantagem competitiva clara em contratar pessoas especializadas, o que permite continuar inovando em um ritmo mais rápido”, destaca o Bradesco, em relatório de 15 de dezembro. A sede em Manaus, hub de tecnologia, facilita a contratação de talentos, na visão do banco.

O Bradesco destaca ainda o baixo valuation da ação, considerando que é um player de tecnologia com projeções de aumento de receita.

Finalmente, tanto o Itaú quanto o BTG veem a Méliuz bem posicionada não apenas para crescer por conta própria, mas também para ser um possível alvo de M&A por players maiores, movimento observado em plataformas de cashback no exterior.

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Bear Case: a tese de baixa e riscos

O principal risco para a companhia nos próximos anos está justamente ligado a este crescimento nos mercados de e-commerce e cashback no Brasil. Segundo Salmen, a baixa penetração em comparação a outros países, como os EUA, cria a expectativa de que o mercado cresça muito, o que significa o ingresso de novos players.

De fato, isso já vem acontecendo. O Banco Inter (SA:BIDI4), por exemplo, lançou uma iniciativa de cashback em 2020. PagSeguro (NYSE:PAGS) e Banco C6 também ingressaram no segmento.

O take rate, porcentagem que a companhia ganha sobre cada transação, pode ser pressionado por esse aumento de concorrência, segundo o Bradesco.

Na visão do Itaú, os concorrentes da Méliuz poderiam utilizar o cashback como ferramenta de aquisição e retenção de clientes e optar por não monetizá-lo, buscando lucratividade por meio de outros produtos, como investimentos, pagamentos, seguros e crédito. Isso poderia ser prejudicial para a Méliuz, cuja oferta de produtos ainda é reduzida.

Há ainda outro risco: “Por ser uma empresa com expectativa de crescimento bem forte, logicamente há risco de execução. Devemos esperar essa companhia lançando novos produtos e novas funcionalidades dentro do ecossistema em uma velocidade razoável”, diz Calvi.

O próprio CEO da companhia disse ao Neofeed que acredita que a performance da ação está relacionada aos fortes resultados prévios do quarto trimestre, mas que sabe que a companhia precisa continuar entregando.

Mais especificamente, nessa frente, o BTG Pactual, apesar de claramente otimista em relação à companhia, diz precisar de “uma visão mais clara sobre como eles estão monetizando novos clientes, principalmente em novos produtos e serviços”, segundo relatório da última quinta-feira (21).

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Outro risco, levantado pelo Bradesco, é a forte dependência de plataformas de e-commerce. O banco destaca que, em algum momento, essas companhias podem passar a ver a Méliuz como um risco, ou podem encontrar maneiras mais eficientes de anunciar seus produtos. O BTG concorda: “43% da receita da Méliuz vem de apenas três players de e-commerce, o que também é um risco importante.”

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