Com o possível início da redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos, processo conhecido como “tapering”, podemos esperar uma migração de recursos na Bolsa brasileira para as empresas voltadas ao mercado interno, em detrimento das exportadoras, segundo a análise do time de research do Inter.
Isso porque as exportadoras tendem a se beneficiar de momentos de alta liquidez global, como vem sendo o período de recuperação dos efeitos pandemia do coronavírus sobre a economia, uma vez que a liquidez elevada normalmente vem acompanhada de alta de preços e maior demanda por insumos. Mas o cenário pode mudar com o fim da política monetária expansionista.
Com a possibilidade de redução da liquidez e dos aportes no setor de commodities, a equipe da Inter Research, em relatório, avalia que os setores financeiro e de consumo, que historicamente andam na contramão das commodities na Bolsa, devem apresentar bons resultados.
Para elaborar o relatório, os analistas do Inter fizeram um levantamento do volume de liquidez disponível no mundo nos últimos 10 anos, de acordo com o índice Global Money Supply da Bloomberg, e observaram o comportamento do mercado brasileiro de ações durante o período compreendido entre 2016 e 2018.
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Bancos
Para o desempenho dos bancos, contribui o atual ciclo de alta da taxa Selic, que possibilita um aumento do spread bancário, além da esperada retomada do emprego no País, que pode aquecer o mercado de crédito. Em adição, os grandes bancos vêm buscando reduzir seus custos operacionais por meio da digitalização de serviços, o que deve impactar positivamente os balanços.
Setor de consumo
A boa performance do setor de consumo depende principalmente da retomada do emprego, uma vez que o Brasil encerrou o segundo trimestre deste ano com 14,4 milhões de desempregados. A reabertura do setor de serviços e do varejo físico podem contribuir para a geração de empregos no decorrer do segundo semestre, estimulando o consumo.
Projeções
Para 2022, a equipe do Inter acredita que os balanços das companhias devem ser mais robustos, com aumento das receitas em virtude da economia aquecida. Por outro lado, os preços-alvo para as ações das empresas devem ser impactados negativamente pelos juros mais altos e pela preocupação com a situação fiscal delicada do País e com o cenário político instável às vésperas das eleições.