Por Ana Julia Mezzadri
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Investing.com - A pandemia de Covid-19, e os consequentes bloqueios para conter a disseminação do vírus, afetaram uma série de setores da economia. Talvez o mais impactado, no entanto, tenha sido o turismo.
A CVC Brasil (SA:CVCB3) certamente sofreu os impactos, que foram quase um “golpe final” em uma empresa que já vinha lutando para se recuperar de um escândalo que veio à tona no ano passado: uma fraude contábil de mais de R$ 360 milhões foi descoberta nos registros da companhia.
“É de conhecimento geral que o setor de turismo e viagens em geral foi muito impactado pela pandemia e por medidas de restrição, e vimos isso pesar de uma forma muito severa na estrutura de capital da empresa, na operação, trazendo resultados negativos de prejuízo recorrente ao longo de 2020”, explica Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora.
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Desde então, a companhia vem tentando se reinventar e reestruturar suas operações. Depois de ter registrado queda de mais de 50% no ano passado, as ações da empresa já subiram mais de 20% neste ano. Ou seja, o mercado tem visto sinais de recuperação.
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Um dos pontos que tem sustentado o otimismo em relação à empresa é a demanda reprimida. Como ninguém pode viajar por um longo período, a aposta é que, conforme a reabertura ganha força, muitos irão querer recuperar o tempo perdido.
O fato de o setor ter sofrido durante a pandemia também abre espaço para que as empresas mais consolidadas ganhem terreno. Como explica Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos: “Muitas empresas de turismo acabaram sofrendo muito durante a pandemia, e nem todas tinham o acesso a capital que a CVC possui. Então vimos muitas quebrando ou tendo uma capacidade operacional menor, o que abre espaço para que a CVC aumente seu market share.”
Phil Soares, analista da Órama Investimentos, também vê a ação com otimismo: “Esse é um setor muito pulverizado, o que resultou em um ambiente em que a CVC vai ter tudo para ir bem ao longo dos próximos dois anos. O mercado está com demanda reprimida e, ao mesmo tempo, a oferta está destruída.”
Outro ponto que gera otimismo é o processo de reestruturação por que a empresa vem passando. Segundo Esteter, a pandemia foi um “choque de realidade” para a CVC e fez com que a companhia entendesse de vez que seu modelo de negócio estava engessado e precisasse ser revitalizado.
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Ainda que as propostas de mudanças e reestruturação apresentadas pela companhia sejam muito atrativas, é importante ressaltar que há um risco de execução. “A gente não sabe se eles vão ser bem sucedidos ou não em entregar. Agora, o que eu sei é que tem muita gente competente lá dentro. Isso me levanta uma suspeita de que pode ser que eles sejam bastante bem sucedidos”, diz Soares, que mantém o otimismo.
Outro risco apontado pelos analistas com quem eu conversei é o cenário político turbulento, que pode fazer com que o dólar suba e, assim, dificultar as vendas de viagens internacionais. Uma piora no quadro da pandemia, que pode fazer com que os bloqueios retornem, também pode prejudicar as operações da CVC.
Com todos esses riscos, somados aos impactos da pandemia, Guerra é um pouco mais cautelosa na sua análise sobre a ação. “É importante entender que esse é um momento de recuperação de uma base baixa do valor da ação, mas que para o longo prazo a empresa ainda pode encontrar alguns desafios estruturais”, explica.
E aí, acha que dá para ser otimista com a CVC? Será que a companhia vai conseguir se recuperar do escândalo e da pandemia que veio em seguida? Siga o Investing.com Brasil nas plataformas de streaming para acompanhar a nossa cobertura completa das empresas listadas nos nossos podcasts.