Por Ana Julia Mezzadri
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Investing.com - Na manhã desta quinta-feira (15), a Lojas Renner (SA:LREN3) anunciou a aquisição da plataforma online Repassa. Ainda que o podcast tenha sido gravado antes deste anúncio, o mercado já vinha antecipando movimentos neste sentido.
Isto porque o anúncio vem depois de a empresa realizar uma captação bilionária que levantou controvérsia entre os analistas.
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Bull case: a tese de alta
Apesar desse movimento, a Lojas Renner não deixou de ser uma empresa queridinha dos analistas. Os três analistas com quem conversamos, Pedro Serra, da Ativa Investimentos, Phil Soares, da Órama Investimentos, e Gustavo Ribas, da Reach Capital, concordam que companhia é muito bem gerida e com grande potencial.
Esse otimismo, inclusive, ultrapassa a empresa e se estende ao setor de vestuário de moda.
“Com as pessoas ficando mais em casa, consumiu-se muito menos roupa, e a tendência que vemos em todos os países que já estão um pouco mais avançados do que o Brasil na saída da quarentena é um consumo muito forte de roupas”, explica Ribas.
O fato de muitas pessoas ainda optarem por lojas físicas na hora de comprar roupas também pesou sobre o mercado no último ano, o que pode ser um catalisador de alta conforme as coisas volta ao normal. “O varejo em geral foi afetado, mas o vestuário foi mais afetado do que o resto porque tem aquela coisa do cliente que gosta de comprar ao vivo. E o que a gente viu foi o impacto disso no meio de uma pandemia em que lojas físicas não podiam abrir”, explica Soares.
O analista completa: “Como ela por um lado foi uma das mais afetadas, por outro lado também vai ser uma das que mais vai se recuperar em relação ao ano anterior com a normalização. Então não tem como não estar otimista.”
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Controvérsia
Ainda que muitos, como Phil Soares, enxerguem a captação realizada pela Renner como positiva, considerando que o caixa do ano passado foi inferior ao normal, outros discordam.
Para Serra, a captação poderia vir depois do anúncio de uma aquisição. “Ela poderia simplesmente utilizar um banco para fazer um empréstimo ponte. Você faz a aquisição, anuncia, o banco empresa e, na sequência, você faz uma captação no mercado e paga esse empréstimo ao banco”, explica.
A hipótese de uma ou mais aquisições, no entanto, veio ganhando força desde o follow-on, pois é praticamente consenso no mercado que o setor de varejo de moda irá passar por uma fase de consolidação.
“A própria companhia diz que está olhando várias oportunidades, não só inorgânicas, mas o mercado fez a conta e viu que esses R$ 4 bilhões é muito dinheiro para um movimento puramente orgânico”, completa Gustavo Ribas.
Riscos
Apesar de todos serem otimistas, os analistas consultados levantaram alguns alertas para quem tem ou está pensando em ter ações da Renner na carteira. O primeiro tem a ver com a velocidade de reabertura da economia e as condições econômicas passada a euforia pós-reabertura.
“A gente coloca uma recuperação boa para a Renner no curto prazo, mas no longo prazo temos mais cautela”, diz Serra.
Soares aponta ainda o risco de deterioração da cultura da companhia com a saída de José Galló do cargo de CEO da companhia em 2019. “Toda essa questão se o novo management vai conseguir manter a cultura e manter a empresa competitiva é uma discussão super relevante que eu acho que tem que ser acompanhada trimestre a trimestre”, explica.
E aí, deu pra entender um pouco mais sobre as expectativas em torno da Renner e do setor de varejo de moda? Acha que vale a pena investir em busca de segurança? Siga o Investing.com Brasil nas plataformas de streaming para acompanhar a nossa cobertura completa das empresas listadas nos nossos podcasts.