Investing.com — O valuation do S&P 500 registrou uma elevação expressiva nos últimos anos, alimentado por uma expansão nos lucros projetados e pela redução do temor de recessão.
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De acordo com a Yardeni Research, o índice alcançou recentemente um múltiplo de preço/lucro (P/L) de 22,3, refletindo uma alta de 45,8% desde a mínima de outubro de 2022, quando estava em 15,3. Essa ascensão foi parcialmente sustentada por um avanço de 15,5% no lucro por ação (LPA) esperado para o futuro.
Historicamente, múltiplos P/L próximos a esses níveis costumam acender sinais de alerta.
“Se os valuations crescerem muito mais, podemos precisar aumentar nossas probabilidades subjetivas de um cenário de superaquecimento para acima dos atuais 25%,” alerta a Yardeni Research.
Otimismo econômico sustenta valuations
Um dos principais fatores dessa elevação é a expectativa de uma expansão econômica prolongada. Com o enfraquecimento do aperto monetário do Federal Reserve e a resiliência econômica em evidência, investidores estão dispostos a pagar prêmios mais altos pelas ações.
A capacidade de os lucros futuros crescerem antes de uma recessão parece ser fundamental para justificar os valuations atuais. “Quanto mais longa a expansão, mais tempo os lucros têm para justificar o múltiplo atual,” observa Yardeni.
À medida que os temores de recessão de 2022 se dissiparam ao longo dos últimos três anos, os investidores demonstraram mais confiança na robustez da economia e no crescimento dos lucros. Esse movimento levou a uma valorização acentuada dos múltiplos, mesmo com a manutenção de uma política monetária relativamente restritiva.
O papel das grandes de tecnologia
Entre os principais agentes dessa valorização estão as ações do grupo conhecido como “7 Magníficas”, cujo múltiplo P/L médio alcançou 29,1, superando significativamente a média do S&P 500. Excluindo essas gigantes, o múltiplo P/L das 493 outras empresas do índice cai para 19,5.
Indicadores de valuation trazem perspectivas mistas
Modelos de valuation apresentam um cenário ambivalente, segundo Yardeni. O índice Buffett, que compara o valor de mercado das ações nos EUA com o PIB do país, atingiu um recorde de 2,96 no segundo trimestre de 2024. Warren Buffett historicamente considera níveis acima de 2,0 como indicativos de sobrevalorização.
Outros indicadores, porém, são menos preocupantes. O modelo de valuation do Federal Reserve, que compara o retorno projetado dos lucros com os rendimentos dos Treasuries de 10 anos, aponta uma quase paridade, divergindo das discrepâncias acentuadas observadas em bolhas passadas.
Além disso, o spread entre o retorno dos lucros do S&P 500 e a inflação medida pelo IPC, outro parâmetro de valuation, tem permanecido levemente positivo nos últimos seis trimestres, enquanto, em crises anteriores, geralmente era negativo.
Riscos no horizonte
Com o aperto monetário deixando de ser uma ameaça tão relevante ao crescimento econômico, novos riscos podem surgir. Yardeni destaca a possibilidade de crises geopolíticas que elevem o preço do petróleo, embora crises recentes não tenham tido impacto substancial sobre os valores da commodity.
Outro risco potencial seria uma nova guerra tarifária sob o ex-presidente Donald Trump, que sinalizou disposição para impor tarifas aos parceiros comerciais dos EUA.
“Até agora, os investidores não estão preocupados com o ‘Homem das Tarifas’, que consideram usar uma retórica incisiva como tática de negociação. Concordamos,” conclui a Yardeni Research.
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