Mais uma vez, imaginávamos um início de ano tranquilo, mas, tal qual 2022, 2023 tem sido cercado por desafios. Lá fora, apesar do arrefecimento dos efeitos da guerra entre Ucrânia e Rússia na economia, uma política monetária mais dura, especialmente, do Federal Reserve, tem preocupado os agentes de mercado por conta de uma possível recessão nos Estados Unidos.
As decisões mais recentes dos bancos centrais, por sua vez, tanto na América do Norte quanto na Europa, trouxeram sinalizações claras de que o ciclo de aperto de juros não terminou. Pode até, nos últimos dias, ter diminuído o ímpeto por causas pontuais (crise de algumas instituições financeiras), mas com a dinâmica benigna da inflação de curto prazo, não significa que o trabalho esteja feito.
Com este movimento, em tese, os mercados de renda variável sofrem, especialmente, com a forte volatilidade.
No S&P 500, por exemplo, temos visto o índice bater a marca dos 4 mil pontos para depois voltar à casa dos 3,5 mil pontos, em um claro movimento de oscilação decorrente das decisões do FED.
No Brasil, as decisões de juros não são menos importantes. Recentemente, repercutiu na imprensa as críticas do presidente Lula em relação ao Banco Central, que manteve a Selic em 13,75%, que chegou neste patamar a fim de conter a alta da inflação.
Sem entrar no mérito de certo ou errado, ambos os lados têm motivos para suas respectivas defesas de tese e a ideia deste artigo é ajudar o investidor neste momento.
Dito isso, a grande questão é que, de fato, uma taxa de juros elevada tende a prejudicar os resultados das companhias listadas e do Índice Bovespa como um todo.
Porém, em momentos como esse a frase do financista britânico Nathan Rotschild sobre “comprar ao som de canhões e vender ao som de violinos” faz todo sentido. Em outras palavras, o que ele quer dizer é que as dificuldades costumam trazer também oportunidades.
Hoje, quando olhamos para a média dos últimos 15 anos do Preço x Lucro do Ibovespa (11x) há um desconto de cerca de 35%, projetado para os próximos 12 meses no nível de 7,1xx, próximo ao seu menor patamar histórico.
Além disso, o Fluxo de Capital Estrangeiro para a Bolsa de Valores bateu recorde em 2022 com cerca de R$120 bilhões. Em 2023, este número já está na casa de R$11bilhões, o que mostra um certo apetite dos “gringos” pelo Brasil.
Por outro lado, quando olhamos para o passado, podemos ver que a última vez em que a Selic esteve no patamar de 13,75% a.a, o Ibovespa estava na faixa dos 45 mil pontos e que, após a redução dos juros, o índice registrou forte valorização vide o gráfico abaixo.
Taxa Selic (linha branca) e Ibovespa (linha laranja). Fonte: Bloomberg
Respondendo ao questionamento inicial do artigo sobre ser um bom momento para investir na bolsa: a resposta é sim.
Apesar da volatilidade do mercado e dos problemas que pairam sobre a cabeça do investidor, são os períodos turbulentos que costumam gerar distorções nos preços dos ativos e trazer boas oportunidades.
Quem já investe acaba sofrendo com quedas, porém, também são nessas ocasiões que as carteiras podem - e devem - ser balanceadas.
A dica é simples: não coloque todos os ovos em apenas uma cesta e cuidado para não “pegar a faca caindo”. A diferença entre o remédio e o veneno pode estar na dose.
Por último, deixo essa imagem abaixo sobre os Ciclos de Sentimento dos Investidores. A pergunta que fica é: em qual momento estamos? Ou melhor, qual é o seu sentimento hoje?
Pense nisso! Até o próximo artigo!