Em quatro meses, o fundo Nu Seleção Cautela, da Nu Asset (gestora do Nubank (SA:NUBR33) (NYSE:NU)), tornou-se o maior fundo multimercado do país em número de cotistas.
Segundo dados da consultoria Economatica, o fundo atingiu 236.413 cotistas, mesmo com menos de um ano de existência. Agora, o que todo investidor quer saber é se vale a pena investir.
Experiência de investimento
A ideia do roxinho era criar produtos que fossem acessíveis a qualquer investidor, seja qual fosse o tamanho dele, tudo de acordo com o lema do banco: ser menos burocrático, com menos custo e mais acessível a todos.
Nesse sentido, os produtos possuem um investimento mínimo irrisório, 1 real, custam 0,53 por cento de taxa de administração e sem custos de performance.
Contudo, eis a questão que vale 1 milhão de reais em barras de ouro (que valem mais do que dinheiro):
— Seriam estes bons fundos? Vale a pena investir nos fundos do Nubank?
Antes, precisamos entender do que são feitos os fundos Nu Seleção.
Os produtos são feitos de FoFs (fund of funds), ou seja, uma estrutura de um fundo que investe em outros fundos. Em palavras simples, é uma coleção de estratégias dentro de um mesmo guarda-chuva e você compra esse pacote.
É como se fosse oferecido a você um prato pronto, com os seguintes itens: arroz, feijão, carne, salada e deliciosas batatas fritas, tudo em proporções exatas, e você paga um preço por isso. Se for “fitness”, não há como pedir para retirar as batatas, ok?
O que vem dentro deste “prato” do Nubank?
Em vez de comidas típicas brasileiras, basicamente, você terá uma alocação entre ativos de Renda Fixa, ações listadas no Brasil, ações internacionais e um kit de proteções (tipicamente, o mercado utiliza dólar e ouro).
Os investimentos nessas classes de ativo são em fundos passivos, sendo essa uma forma de investir que busca replicar a rentabilidade de índices de mercado; por exemplo, para ações brasileiras, o Ibovespa, enquanto para ações internacionais, o S&P 500. Já os fundos cambiais são usados para replicar a performance do dólar e um pouquinho de fundos de ouro.
Vamos a outro exemplo. No caso do Nu Seleção Cautela, o maior fundo do banco roxo, com 230 mil cotistas, essa proporção é (aproximadamente):
- 95 por cento renda fixa: 87 por cento do CDI e sem emoção e 8 por cento em ativos prefixados e indexados à inflação;
- 4 por cento entre Ibovespa (ações Brasil) e o S&P 500 (ações americanas);
- 2,3 por cento em proteções: tipicamente se utiliza Ouro e dólar.
É esse “prato” que você está comprando, nessas exatas proporções. Elas podem ser ajustadas ao longo do tempo, mas hoje essa é a foto.
Quais são os pontos que incomodam?
- O produto do Nubank é bastante focado em Renda Fixa.
Ainda que seja um produto conservador e deve ser com menos risco, 95 por cento parece muito. O retorno de um produto como esse tende a ser basicamente CDI (ou um pouco a mais). Tanto que, desde o lançamento do fundo, estão com um retorno de 89 por cento do CDI — o mínimo deveria ser 100 por cento do CDI.
- Nesse sentido, outro ponto que incomoda é que tudo parece ser feito por meio de fundos de gestão passiva. Algumas áreas, como fundos de Renda Fixa, ações internacionais e cambial, por exemplo, podem ser bons instrumentos, entretanto para ações no Brasil parece ser um erro.
Para ele, o Ibovespa é um índice ruim historicamente e uma boa seleção de gestores de ações já se provou capaz de conseguir entregar um retorno bem acima do Ibovespa ao longo dos anos.
No geral, sentimos falta de outras estratégias, como os multimercados, nos quais achamos que os bons gestores ativos conseguem tirar um bom valor.
A ideia cumpre bem os papéis que o banco propõe: ser pouco burocrático, acessível e barato.
Mas será que o fundo Nu Seleção Cautela será um produto melhor para os 63 milhões de brasileiros com investimentos em poupança? Pode-se dizer que sim, porém, em termos de resultado, consideramos que não será a melhor escolha.
Há formas mais legais (e rentáveis) de explorar essa indústria de fundos.