Quando Janet Yellen assumiu a Secretaria do Tesouro em janeiro de 2021, sua principal preocupação era lidar com o diagnóstico de que a recuperação econômica do Pós -covid teria o formato de um K. Na definição da própria Yellen “we are living in a K- shaped economy, one where wealth built on wealth while certain segments of the population fell further and further behind.” A resposta do governo Biden foi um pacote fiscal de $1.9 tri ( American Rescue Plan), naquela que já foi descrita como a maior expansão governamental desde o Presidente Lyndon Johnson. Além disso, Biden recebeu apoio para outro pacote trilionário focado em infraestrutura.
Críticos como Larry Summers alertaram que tal estímulo poderia ser excessivo e gerar inflação alta. Lembrando que em 2021 a inflação era vista como “transitória”. A preocupação de Summers parecia limitada aos “cheques” caindo na mão dos consumidores. No caso dos gastos de infraestrutura não existia preocupação. No pensamento de Summers, a China tinha construído rodovias e pontes na fase de crescimento e dessa forma os EUA também poderiam (2).
Dessa forma, pelo menos do ponto de vista de proeminentes economistas e policy makers, o problema não está no aumento de gastos, mas sim na sua composição. Isso justifica a continuidade de uma política fiscal expansionista. Se as restrições de oferta continuarem se regularizando, a desinflação deve ocorrer mais lentamente.
O SP500 devolveu aproximadamente 38% da alta iniciada em outubro do ano passado. A despeito de ocasionais problemas geopolíticos, parte significativa dos estímulos fiscais deve ir direto na veia das grandes empresas americanas (é só checar as “compras governamentais” das principais empresas). A manutenção da expansão fiscal é certamente benéfica para acomodar as tensões no mercado de trabalho (por exemplo, desigualdades de gênero), além de contribuir, por meio de diferentes canais, para os resultados das empresas. Agora só falta convencer os “bond vigilantes” americanos, que amassaram os preços das treasuries e o Congresso que vai precisar elevar continuamente o teto da dívida pública. Mas o Tesouro dos Estados Unidos tem munição para um eventual combate.