O massacre de Ghuta, periferia de Damasco, ocorrido em 21 de agosto de 2013, lançado pelo governo sírio Bashar al-Assad, chocou toda a comunidade internacional. Mais de 1.400 pessoas morreram vítimas de gás sarin.
Em resposta, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, traçou sua linha vermelha na Síria, numa clara sinalização de que as forças militares norte-americanas iriam intervir no conflito.
O mundo olhava atentamente para Washington à espera de um ataque, que não ocorreu. Pouco depois de estabelecer a linha vermelha, Obama retrocedeu, submetendo sua decisão ao Congresso, eliminando qualquer possibilidade de ação militar no curto prazo.
O recuo dos Estados Unidos na Síria não só foi vergonhoso, como ofereceu condições para o crescimento do Estado Islâmico no País, além de criar brecha para milícias iranianas e forças especiais russas entrarem no conflito ao lado de Bashar al-Assad. A decisão humilhante de Obama também irritou vários aliados dos Estados Unidos na época, inclusive, seu relacionamento com François Holland, presidente da França, ficou prejudicado permanentemente.
Cerca de quatro anos após o massacre de Ghuta, forças sírias realizaram um suposto novo ataque químico em Khan Cheikhoun, deixando mais de 80 mortos, chocando novamente toda a comunidade internacional.
Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, condenou o ataque e disse que algo deve acontecer Bashar al-Assad. Ao contrário de seu antecessor, Trump tomou uma difícil decisão com rapidez surpreendente. Na manhã desta sexta-feira, uma chuva de 59 mísseis Tomahawk destruiu a base aérea de Shayrat, na cidade de Homs, de onde se acredita que partiram os caças sírios que lançaram o ataque químico nesta semana.
Esta é a primeira vez que os Estados Unidos atacam diretamente as forças de Assad em seis anos de guerra, marcando uma reviravolta na política externa americana. Trump enviou uma advertência não só a Bashar al-Assad, mas também um recado à Rússia, ao Irã e a Coreia do Norte. É um ato simbólico, mas que demonstra a força de uma potência e recupera parte do respeito perdido no passado.
Uma vasta gama de aliados dos Estados Unidos na Ásia, Europa e Oriente Médio apoiaram o ataque na Síria. Há muitos anos não se via manifestações generalizadas de aliados apoiando ações militares norte-americanas tão rapidamente, o que pode ser uma sinalização de reaproximação com importantes implicações geopolíticas.
No Brasil, o quadro fiscal segue bombardeado pelo fogo amigo. Após abrir a porteira da reforma da previdência, o governo lamentavelmente permitiu passar mais uma boiada nesta última quinta-feira. Os novos grupos de beneficiários provocarão uma redução de 15% a 20% na economia estimada em 10 anos com a mudança do regime previdenciário, o que representa uma quantia expressiva de 112 bilhões a 160 bilhões de reais no período.
Como se não bastasse, o governo piorou significativamente o déficit primário para 2018 nesta sexta-feira. A nova meta a ser perseguida foi revisada de um rombo de 79 bilhões para incríveis 129 bilhões de reais.
A equipe econômica segue utilizando o mesmo discurso de transparência e credibilidade fiscal, pois ainda conta com certo nível de tolerância do mercado, mas na prática o que se observa é um desastre sem precedentes em termos de política fiscal.
Pior, o governo utiliza um discurso ortodoxo que não tem se materializado. A estratégia era convencer empresários a investir e, assim, destravar a economia e recuperar os fundamentos fiscais. Não funcionou. Até porque, as atitudes não estão correspondendo aquilo que se esperava no passado. Na prática, a situação fiscal só tem piorado e o processo de recuperação econômica, prorrogado. Isso não só agride profundamente os fundamentos da austeridade, como também estimula a volta das políticas heterodoxas em 2018.
A bolsa de valores fechou a semana em leve baixa, sem apresentar novidade em relação aos dias anteriores.
Nos Estados Unidos, o índice S&P500 também fechou a semana em leve baixa.