Uma das indústrias que mais crescem atualmente no mundo dos investimentos em renda variável, tanto em número de ativos quanto em volume, são os ETFs. Eles são conhecidos como fundos de índice ou fundos negociados em bolsa. O gráfico abaixo mostra o crescimento dos ativos sobre gestão dessa classe de ativos que vem ganhando muito espaço no portfólio dos investidores desde 1993.
Toda essa popularidade não é à toa. As características e os benefícios exclusivos desse veículo de investimento proporcionam muito valor aos investidores, pois oferecem acesso à diferentes áreas do mercado. Seja ações, commodities, derivativos ou títulos de dívida.
Sua estrutura é muito parecida com a de um fundo mútuo. ETFs nada mais são do que uma cesta de ativos que é negociada na bolsa de valores como se fosse uma ação comum. São cinco características-chave que os diferenciam:
CUSTO:
ETFs são um tipo de investimento muito mais barato do que qualquer outro que exista no mercado financeiro. Para se ter uma noção, é possível se expor às 500 ações do índice S&P 500 por 0,03% ao ano, ou seja, apenas US$ 3 para cada US$ 10.000 investidos.
Isso somente é possível pois os ETFs são veículos de investimentos eficientes por natureza. Isso é, requerem pouco custos e despesas com back-office, gestão e infraestrutura comparados a fundos mútuos, por exemplo.
A taxa de administração média dos fundos mútuos americanos são 1,42% ao ano, contra 0,53% dos ETFs. Não parece tanta diferença. No entanto, o efeito dos juros compostos no longo prazo é muito visível. Principalmente, se você considerar que muitos fundos não vêm conseguindo bater seus benchmarks, e vêm cobrando a mais por isso.
TRANSPARÊNCIA:
A maioria dos ETFs negociados no mercado disponibilizam uma transparência diária de suas posições, característica que não acontece com muita frequência com a grande maioria das opções de investimento. Se pegarmos um fundo de ação, por exemplo, eles, geralmente, divulgam suas posições uma vez por trimestre apenas.
NEGOCIAÇÃO:
ETFs são listados na bolsa de valores como se fossem ações. Possuem seu próprio ticker e o investidor pode comprá-lo ou vendê-lo tão fácil e rápidamente como pode comprar e vender ações. Seu preço é determinado de forma muito parecida com o de ações, com base na oferta e demanda do dia de negociação.
EFICIÊNCIA TRIBUTÁRIA:
Quando um fundo mútuo ou um ETF vende ações do portfólio que apreciaram em valor, isto é, obtiveram um ganho de capital, precisam arcar com tributos. No caso dos ETFs, além destes serem menores, ele incorre, por natureza, em menos custos tributários. Por serem um investimento passivo e indexado, giram menos suas ações do que os fundos ativos, tendo menos chances de ter de lidar com ganhos de capital.
DIVERSIFICAÇÃO:
Cada ETF oferece uma diversificada cesta de ativos em qualquer segmento do mercado. Atualmente, existem mais de 2.200 ETFs listados nos Estados Unidos, cobrindo todos os tipos de classes de ativos.
Quando digo que existem ETFs sobre quase tudo, não estou exagerando. Para se ter noção, existem ETFs que cobrem uma estratégia de dividendos, small caps, China ou até Blockchain.
Mas como saber qual é o melhor ETF para o meu portfólio? Onde devo focar os meus esforços para avaliar essa classe de ativos?
Comece estudando o benchmark que tal ETF segue. Parece óbvio, mas não é, visto que a maioria dos investidores focam apenas nas taxas de administração, ativos sob gestão ou no emissor do ETF, e acabam se esquecendo de avaliar este critério qualitativo tão importante.
Obviamente, todas essas características são fundamentais e devem ser analisadas. No entanto, o fator mais importante e diferenciador de um ETF é o índice que ele irá acompanhar. Sendo assim, é fundamental que o investidor entenda as características estruturais, os pontos fortes e fracos de tal índice pois, no final, é ele quem impulsionará a performance do investimento.
Como mencionado acima, uma das maravilhas do ETF é que ele disponibiliza suas posições quase que diariamente. Sendo assim, tire um tempo para estudar, por exemplo, as ações que compõem 50% do ETF, ou as dez maiores em participação. E veja se faz sentido para você, como investidor, e para seu portfólio, como diversificação inteligente, se expor a tais ativos.
É preciso tomar cuidado com ETFs que atribuem um peso muito grande para alguns e poucos ativos específicos. Pois, dessa maneira, o investidor pode não estar tão diversificado quanto pensa.
É importante também analisar a estratégia que tal ETF segue, e definir os objetivos dela com base, por exemplo, no risco. ETFs mais agressivos devem, obviamente, render mais do que os convencionais que querem simplesmente seguir o mercado. Caso contrário, não há o porque aceitar correr mais riscos.
Depois de estudar o que você possui, é importante garantir que tal ETF possua taxas razoáveis, uma boa gestão e liquidez. Sendo assim, compare as taxas de administração de ETFs comparáveis, analise o spread entre os preços de compra e venda e a tendência de negociar de acordo com seu verdadeiro valor patrimonial.
Creio que esta classe de investimento tem muito a crescer ainda, principalmente no Brasil. Eu, particularmente, acredito que a combinação entre um stockpicking bem feito, somado à uma indexação inteligente cria resultados poderosos para seu portfólio.