Recentemente atingimos o nível mais alto, em pontos, da história do principal benchmark do mercado brasileiro, o Ibovespa. Mas e agora, para onde pode ir o mercado? A resposta sincera é o óbvio, que não temos bola de cristal e não temos certeza alguma de para onde irá o mercado, apenas podemos colher indícios por meio das informações e estudando o que aconteceu e aí tirar um direcionamento para o lado que queremos investir.
Dados do Bank of America nos mostram que, no mercado americano, pegando em verde os anos posteriores aos anos que fecharam em recordes de alta, podemos ver que a maioria dos anos seguintes a recordes de alta continuaram com a tendência, e os piores anos foram apenas 4 de um total de amostra de 32 períodos, mostrando uma queda em 12,5% dos anos seguintes a topos históricos e uma continuação de alta em 87,5% dos anos, como podemos ver abaixo. O mercado brasileiro não é uma ilha, possuindo uma correlação próxima a 1 com o mercado americano. Sendo assim, há uma tendência de repetir-se aqui no Brasil esse mesmo tipo de evento.
Outro ponto importante que temos que observar é o fluxo de dinheiro que está entrando no mercado de ações via incentivos dos bancos centrais mundiais. Com a entrada de Joe Biden, a tendência de incentivos deve continuar. No primeiro discurso como presidente, o mesmo afirmou que pretende direcionar ao mercado cerca de US$ 1,9 trilhão a mais de incentivos, inclusive comentando sobre um aumento na hora recebida pelos americanos (que nos EUA é de competência estadual) para US$ 15. A Flórida, por exemplo, tem um recebimento mínimo por hora de US$ 8-9, o que traria cerca de 76% de aumento. Mais dinheiro na economia, mais dinheiro respingando para o mercado financeiro. Esse fenômeno vem acontecendo recentemente e merece atenção, principalmente depois do início da pandemia.
Na figura abaixo, podemos verificar que, após o início da pandemia e com o início dos incentivos no mercado (na linha laranja), com o número de pessoas ficando em casa aumentando, junto com o dinheiro recebido pelos americanos, o número de contas no aplicativo Robhinhood acabou disparando, trazendo milhões de investidores. Com o aumento de fluxo no mercado, ações mais populares coincidentemente também subiram, ajudando no atingimento do topo histórico no S&P 500, que ficou muito acima do momento pré-pandemia.
Continuando ainda nos mercados e seguindo a linha de raciocínio do fluxo de investidores e de dinheiro, o peso de alocação em ações ainda teria um maior potencial de aumento, segundo o JPMorgan. Além disso, com taxas de juros nas mínimas históricas, é de se pensar que visando um potencial de retorno maior, então é normal os investidores procurarem por mais risco, aumentando a alocação em ações-equities.
Partindo para dados da economia real, outro ponto importante que podemos verificar é o PMI, um indicador importante que pode ser caracterizado como o “Índice de Gerente de Compras” e nos traz uma medida em tempo hábil e preciso de como está a saúde da economia mundial.
Abaixo, podemos notar que os backlogs, ou carteira de pedidos, estão aumentando. A tendência é que um movimento nos pedidos aconteça antes e depois de uma recuperação ou queda da economia. No quadro abaixo, conseguimos ver que a carteira de pedidos está acima e evoluindo e que deve ocorrer uma recuperação de preços.
Sendo assim, analisando períodos posteriores a topos históricos, fluxo de investidores, mais incentivos dos governos, carteira de pedidos e percentual alocado em renda variável nos EUA, ainda temos possibilidade de continuação na tendência de alta do mercado. Eu, como tenho um caráter mais fundamentalista na hora de investir em ativos, penso que mesmo com o potencial de manutenção desse movimento, cada vez mais é necessário um filtro, aumento na diligência e na seletividade de ativos. Teremos os resultados do último trimestre do ano nos próximos dias e isso tende a demonstrar com maior clareza o andamento da economia. Nesses momentos também é que encontramos as grandes oportunidades. Muita gente se esquece, mas as cotações das ações, no médio-longo prazo, andam próximas aos lucros e a geração de caixa por parte das empresas. Observar isso é investir de maneira correta e diligente, dando valor ao seu dinheiro!
Evolução dos fundos de investimentos imobiliários
Em dados recentes da Economática, notamos a evolução e crescimento dos investidores em fundos imobiliários. Acredito ser esse um dos melhores investimentos para quem pensa em fluxo e criar patrimônio, gerando uma renda para longo prazo, com menor volatilidade que o mercado de ações e potencial similar. Em 2020, praticamente dobrou o número de investidores nessa modalidade, com um número acima dos 3,731 milhões de investidores. Quanto maior o número de investidores, melhor.
Dado importante é a mediana do dividend yeld dos fundos imobiliários, que ficou em 2020 mais do que o dobro do CDI, chegando a 2,54x mais. Quem sabe o poder dos juros compostos e o potencial e poder do reinvestimento no médio-longo prazo...
Dado importante também foi a liquidez média diária dos fundos imobiliários. O valor de 2019, para 2020, quase dobrou. Com um maior número de investidores participando do mercado é normal também que o valor negociado aumente.
Fico por aqui!
Um grande abraço,
Eliseu Manica Júnior