Fomos dormir ontem com a notícia de que o governo resolveu elevar o IOF para pessoa física e jurídica, visando o financiamento do novo Bolsa Família (chamado “Auxílio Brasil”). Tal decisão deve valer até o final deste ano. Mais um esforço deste governo em tentar recuperar a popularidade, visando as eleições de 2022. Aliás, só se pensa nisso. Claro que o mercado deve acusar o golpe e se manter neste “banzo” atual. Achamos que as bolsas devem se manter de lado até out/2022, sempre impactadas por “ruídos políticos” - decisões populistas ou denúncias inúmeras por interesses contrariados. Vamos em frente. Nesta sexta-feira, se configura mais um dia de perdas para o mercado de ações, com o Ibovespa perdendo os 115 mil pontos e ameaçando os 114 mil. Ontem, fechou com queda de 1,0%, a 114.400 mil, com o dólar avançando 0,54%, a R$ 5,266.
Claramente, observamos, mais uma vez, é o governo recorrendo ao “improviso”, em mais uma medida populista, para tentar reverter a atual onda de perda de popularidade. A elevação do IOF nos parece uma saída provisória, uma “gambiarra”, na busca de recursos para “sustentar” o novo programa de transferência de renda, agora chamado de “Auxílio Brasil”. Nada mudou. Saímos de um governo picaresco e populista, no ciclo lulo-petista, e ingressamos em outro, talvez menos picaresco, mas não menos populista, e muito obscurantista. Não sabemos o que é pior.
Pela decisão de ontem, a alíquota do IOF PJ será elevada de 0,0041%/dia para 0,0055% e da PF, de 0,0082%/dia para 0,0118%. No ano, as alíquotas serão elevadas da seguinte forma: para PJ, de 1,50% para 2,04%, para PF, de 3,0% para 4,08%. São R$ 2,1 bilhões a mais de arrecadação. As novas alíquotas devem valer do dia 20/09 até o dia 31/12/21.
Tal decisão foi tomada para atender a LRF. Claro, nesta, é definido que qualquer nova despesa adicional só pode ser gerada se houver um “fato gerador”, isto é, uma receita como fonte. Para 2022, é intenção do governo usar como fonte a reforma do IR, na incidência de 20% sobre lucros e dividendos. Esta, no entanto, ainda terá que passar pelo Senado.
Em paralelo, segue o governo a tentar encontrar saídas para o impasse dos precatórios. Ontem, a CCJ aprovou a admissibilidade da PEC dos precatórios por 32 votos a 26. Foi uma vitória apertada, o que vislumbra a possibilidade de mais dificuldades à frente.
Ainda no Congresso, a votação da Reforma Administrativa, em Comissão Especial, deve ficar para a próxima terça-feira (dia 21). Ontem, tivemos a leitura do parecer pelo relator, Arthur Maia. Tal adiamento se justifica pelo excesso de “ruídos”. Tão logo seja definida em Comissão, seguirá para o plenário da Câmara, provavelmente no dia 22. Isso tudo resulta na capacidade de mobilização de variados grupos de pressão (servidores da administração direta, judiciário), em fazer valer seus interesses e aprovar uma reforma totalmente inexpressiva. Não teremos nenhuma mudança relevante. Mais uma reforma fraca.
Para a semana que vem, ao que parece, na reunião do Copom, poucos acreditam numa elevação acima de 1,0 ponto percentual da taxa Selic, de 5,25% a 6,25%, embora alguns tenham especulado 1,25 p.p.. Isso nos parece consenso, ainda mais depois de Roberto Campos Neto ter dito que a taxa de juros Selic “irá ser levada aonde for necessário para conter a inflação”. Por outro lado, “não haverá alterações no plano de voo a cada numero novo de alta frequência”. Quer dizer, que mesmo que haja um repique inflacionário, o Banco Central não deve alterar sua estratégia de ajustes da Selic. Ao fim do ano, no entanto, estimativas já variam entre 9% e 10%.
Para a equipe econômica, de acordo com o Boletim Macrofiscal do ministério, a expectativa é de IPCA é de 7,9%, contra 5,9% na anterior.
Mercados
Na quinta-feira, de novidade a “gambiarra” do IOF, para sustentar os auxílios aos pobres, o que deve causar desconforto aos mercados nesta sexta-feira. No mundo, a queda do minério de ferro também segue causando desconforto. Espera-se instabilidade também com o “quadruple witching”, “bruxaria quádrupla”, com vencimentos de opções e futuros de índices e de ações em NY. No Brasil, vencimentos de opções de ações.
Nesta madrugada (05h05), dia 17/09, na Ásia, o minério de ferro seguia em forte queda (-4,0%). O temor de colapso da gigante China Evergrande Group (HK:3333) (-9,0%), corroborava para isso. Os mercados operaram na maioria em alta. Nikkei avançando 0,58%, a 30.500 pontos; KOSPI, na Coréia do Sul, +0,33%, a 3.140 pontos; Shanghai Composite, +0,19%, a 3.613 pontos, e Hang Seng, 0,87%, a 24.882 pontos.
Nesta madrugada do dia 17/09, na Europa (04h05), nos futuros os mercados operavam em alta. DAX (Alemanha) avançando 0,85%, a 15.785 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), +0,90%, a 7.090 pontos; CAC 40 (França), +0,98%, a 6.687 pontos, e EuroStoxx50 +1,01%, a 4.212 pontos.
Nos EUA, as bolsas de NY no mercado futuro, operavam às 05h05, dia 17/09, da seguinte forma: Dow Jones avançando 0,15%, a 34.801 pontos, S&P 500, +0,04%, a 4.476 pontos, e Nasdaq -0,01%, a 15.510 pontos. No mercado de Treasuries, US 2Y avançando 3,09%, a 0,2237, US 10Y +0,26%, a 1,334 e US 30Y, -0,27%, a 1,876. No DXY, o dólar recuava 0,12%, a 92,812. Petróleo WTI, a US$ 72,16 (-0,55%) e Petróleo Brent US$ 75,28 (-0,52%).
Na agenda de sexta-feira, o monitor do PIB, da FGV, e o IPC da Fipe, no Brasil, na zona do euro, o CPI de agosto. Nos EUA, o índice de confiança do Consumidor de Michigan.