O que realmente importa
De ontem para hoje: queda de 27% das vendas de veículos em fevereiro, pior resultado da história da balança comercial em fevereiro, nova revisão para baixo nas estimativas para o PIB em 2015, retorno da ameaça de (bi)tributação dos dividendos (máteria da Folha de S. Paulo) até a produção nacional de cloro - quem diria - recuou 4,3% em janeiro;
Tá soda...
- a produção nacional da soda - até tu? - sofreu recuo de 5,4% em janeiro.
Quem se importa?
Ainda sem combinar com o zagueiro (ou comprador), Petrobras anunciou meta de vender US$ 13,7 bilhões em ativos até o final de 2016.
Antes, já havia prometido vender US$ 10 bilhões em ativos até 2017. Mas ninguém cobrou ou lembrou disso diante da boa nova.
Tem algo melhor do que uma meta da Petrobras para estimular as ações?
Déjà vu?
A Lista
Lojas Marisa (& contando...)
Carteira recomendada?
Nada disso. São algumas das empresas que já anunciaram redução em seus investimentos este ano.
Segundo o BTG Pactual, os investimentos em bens de capital de empresas listadas que o banco acompanha devem ser reduzidos em 8% em 2015 e em mais 8% em 2016.
Em 2014, ano de PIB zero na melhor das hipóteses, os investimentos das empresas em geral ficaram estáveis...
O maior descolamento da história
Não é só aqui que, por vezes, acabamos desviando a atenção...
Tenho alertado seguidamente para o problema de alavancagem dos Bancos Centrais e a falta de nexo dos recordes recentes das Bolsas externas.
Volto ao tema. Insisto. Virou um problemão:
O descolamento entre fundamentos (lucros corporativos) e preços de ativos (índice S&P 500) já é maior do que observado no crash de 1987. Superior ao da bolha pontocom (2000-2001) e da crise do subprime (2007-2008).
Sinuca de bico
Ora, se os preços dos ativos já incorporam um cenário irreal para os fundamentos econômicos e das empresas, o que poderia alimentar novas altas nos preços dos ativos?
A melhora de fato nos fundamentos?
Ou novos estímulos à liquidez desenfreada e tomada de risco?
É o típico caso de perde-perde.
Vale a pena investir em imóveis para aluguel?
A questão apareceu em programa de TV...
A conclusão as contas do apresentador (ou de seu consultor): como a taxa de aluguel (aluguel mensal / valor do imóvel) é de, na média, 0,4% ao mês, e a rentabilidade da poupança de 0,6%, não vale a pena. Mas não é aconselhável fazer a comparação da rentabilidade de um imóvel com a poupança. Laranjas com maçãs... Nosso especialista de imóveis Márcio Fenelon lembra que existe uma diferença grande entre o yield do aluguel (ou taxa de aluguel, como chamou o economista) e a taxa interna de retorno (TIR) de um imóvel para aluguel. “Um aluguel com 0,4% de yield significa uma taxa interna de retorno (TIR) MAIOR do que a poupança. O imóvel tem sim um retorno maior do que a poupança, mesmo com esse yield de 0,4% ao mês. Os números indicam que, na verdade, valeria a pena investir no imóvel.”
O retorno sobre o valor investimento da poupança é apurado nesses 0,6%, enquanto o retorno sobre o valor investido em um imóvel está na marcação a mercado, na valorização (ou não) do preço do imóvel ao longo do tempo. Os aluguéis são, por sua vez, uma espécie de “dividendo” para extrair renda recorrente do ativo.
De vez em quando a minúcia da metodologia de análise é essencial o suficiente para provocar uma mudança de 180 graus na decisão.