Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 26/02/2021
As ações caíram forte, e esse declínio não foi uma surpresa para muitos investidores. Os valuations de muitas ações estão em níveis historicamente altos. E agora que os juros estão subindo, o mercado acionário está em meio a uma enorme reprecificação.
O grande movimento de alta foi impulsionado pela noção de que os juros baixos poderiam expandir os múltiplos P/L. Mas as taxas subiram forte nas últimas semanas. Esses juros mais altos estão deixando o mercado acionário mais caro em comparação com os títulos governamentais. Se as ações reprecificarem essa mudança, pode ser que vejamos uma forte liquidação do mercado, talvez de mais de 20%.
O S&P 500 viu seu índice P/L subir substancialmente desde as mínimas de março de 2020. De fato, eles atingiram níveis inéditos desde o fim dos anos 1900, com o S&P 500 sendo negociado agora a 22 vezes suas estimativas de lucro prospectivo de 12 meses a US$ 176,03. Esse é o maior valuation já visto para esse múltiplo desde o início dos anos 2000.
Ao avaliar o S&P 500 com base nos resultados frente às expectativas de inflação neutra de 10 anos, é possível perceber que os valuations estão extremamente altos. Com um spread de 2,5% atualmente contra a média móvel de 200 dias de 2,8% e uma média histórica de 4,24% desde 1997, pode-se notar que as taxas em ascensão no Treasury de 10 anos e TIPS de 10 anos podem prejudicar as ações, ao desencadear uma enorme reprecificação.
Nos últimos 5 anos, o spread médio entre o S&P 500 e as expectativas de inflação neutra a 10 anos tem ficado em torno de 3,9%. Considerando que o spread cresça até a média histórica de 3,9%, o rendimento dos resultados do S&P 500 deveria voltar para quase 6%. Isso faria com que o S&P 500 tivesse um P/L de cerca de 16,5, com base lucro prospectivo de US$ 176,03, o que o faria cair para aproximadamente 3.000, uma queda de 27%.
Tudo indica que as ações de tecnologia tiveram muita expansão de múltiplos nos últimos 12 meses e podem ser as mais afetadas por um ambiente de reprecificação gerado pela alta dos juros. O aumento significativo e constante dos juros se tornou a corda de salvação dos investidores que buscam um lugar para estacionar seu dinheiro.
A Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34), por exemplo, está sendo negociada a 3,2 vezes suas estimativas de vendas para 12 meses, ou seja, encontra-se na extremidade superior da sua faixa histórica e bem acima da média de quase 2. A NVIDIA (NASDAQ:NVDA) (SA:NVDC34), da mesma forma, viu seu P/L saltar para cerca de 45 vezes as estimativas de resultados de 12 meses e está na extremidade superior da sua faixa de 5 anos.
Os bancos, por outro lado, têm sido os grandes vencedores recentemente. Se bem que ainda possam ser puxados para baixo, eles devem se beneficiar no longo prazo. A alta dos juros na ponta longa da curva ajudou a acentuar sua inclinação. Isso deve ajudar a receita dos bancos e sua margem líquida de juros, melhorando seus lucros.
Ações como JPMorgan (NYSE:JPM) (SA:JPMC34) ou Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34), embora não estejam baratos nos níveis atuais após a forte corrida de alta, sem dúvida podem ser atraentes em uma correção de mercado mais amplo. Principalmente se o ambiente da alta de juros com contínuo crescimento econômico.
Uma queda do mercado sem dúvida será bem-vinda após uma corrida tão eufórica nos últimos 12 meses. Tentar prever uma correção nunca é uma tarefa fácil. Mas o ambiente de juros elevados e ações supervalorizadas parece ter criado uma tempestade perfeita.