O mercado financeiro está despertando novamente para o chamado Trump trade, à medida que aumentam as chances de um segundo mandato presidencial de Donald Trump. Esse movimento tem implicações variadas para os ativos de risco e o que os investidores precificam em um dia, pode ser desfeito no momento seguinte.
Foi assim ao final da década passada, quando o republicano estava na Casa Branca, e pode ser assim ao longo dos próximos quatro anos. E só. Se eleito em novembro, Trump não poderá tentar uma reeleição. Desde o pós-guerra, nenhum presidente dos Estados Unidos pode ter mais do que dois mandatos - sucessivos ou não.
A não ser que, até lá, a Constituição americana mude - tal qual fez FHC aqui com a emenda da reeleição nos idos dos anos 1990. Mas a indicação na chapa de Trump do primeiro millennial para vice-presidente do Partido Republicano sinaliza uma renovação a partir de 2030. É a política, portanto, que está apenas começando a movimentar os mercados globais.
Trata-se de algo que os negócios locais estão mais habituados. Ontem, o mercado doméstico buscou proteção no dólar, que voltou a se aproximar da faixa de R$ 5,50, e embutiu prêmios nos juros futuros após novas declarações do presidente Lula sobre a questão fiscal. Já o Ibovespa se levantou da queda do dia anterior e retomou o flerte com os 130 mil pontos.
Foi um movimento genuinamente brasileiro. Lá fora, a moeda norte-americana perdeu força em relação aos rivais, à medida que a chance de início de corte nos juros dos EUA já na reunião de julho foi reacendida - por nomes como Goldman Sachs (NYSE:GS) e Mohamed El-Erian. Em Nova York, o índice Nasdaq registrou o pior pregão desde 2022.
Em algum momento, o mercado doméstico deve se alinhar ao ambiente externo. Ainda que seja só por hoje.