Publicado originalmente em inglês em 17/11/2020
Após o forte baque sofrido em março pela covid-19, as grandes petrolíferas estão mostrando alguns sinais de vida.
O fundo Vanguard Energy (NYSE:VDE) – que tem entre suas 10 maiores participações a Exxon Mobil (NYSE:XOM) (SA:EXXO34), a Chevron (NYSE:CVX) (SA:CHVX34) e a Phillips 66 (NYSE:PSX) (SA:P1SX34) – superou em muito o desempenho do S&P 500 no último mês. O ETF se valorizou 11% em comparação com o índice de referência, que subiu apenas 1%.
Essa impressionante corrida vem depois do otimismo dos investidores de que o pior já passou para esse segmento altamente cíclico do mercado, na medida em que os ensaios bem-sucedidos de combate à pandemia de covid-19 restauraram as expectativas de uma atividade econômica completa, que impulsionará os produtos de energia.
A Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) e a BioNTech (NASDAQ:BNTX) anunciaram, no início deste mês, que sua vacina contra o coronavírus era 90% eficiente na última etapa dos testes. Outra desenvolvedora, a Moderna (NASDAQ:MRNA), afirmou ontem que os dados do seu ensaio de fase 3 mostram que sua vacina é mais de 94% eficiente na prevenção do vírus. A CEO da companhia, Stephane Bancel, classificou o feito como “divisor de águas".
Esses desenvolvimentos positivos alimentaram a esperança dos investidores de que a atividade econômica se normalizará em 2021. De acordo com a Agência Internacional de Energia, o progresso da vacina pode impulsionar bastante a demanda na segunda metade de 2021, depois de enfrentar grande desaceleração na última onda de lockdowns.
Em sua perspectiva para 2021, os estrategistas do Morgan Stanley recomendam aos investidores que continuem “pacientes” nos mercados de commodities.
“Essa recuperação global é sustentável, síncrona e apoiada pela política monetária, seguindo o manual normal pós-recessão”, escreveram em uma nota divulgada pela Bloomberg. “Mantenham a fé, confiem na recuperação”.
Recuperação das grandes petrolíferas
Diante dessas previsões otimistas para a economia mundial e a alta dos preços do petróleo, algumas das ações do setor mais atingidas mostraram um forte desempenho nas últimas duas semanas. Negociadas a US$ 37,59 na segunda-feira pela manhã, as ações da Exxon subiram cerca de 20% desde 28 de outubro, enquanto a Chevron se valorizou quase 30% no mesmo período.
Apesar desse movimento impressionante, ainda há muitos riscos que podem descarrilar essa recuperação e ameaçar as apostas de investidores de longo prazo.
No curto prazo, novas medidas de bloqueio na Europa e o fraco consumo nos EUA farão com que a demanda petrolífera seja muito mais afetada em 2020 do que se previa, de acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo na semana passada.
Isso significa que levará muito mais tempo para que as gigantes do petróleo revertam sua situação financeira e invistam em crescimento. Ao divulgar seu terceiro prejuízo trimestral seguido, a Exxon disse aos investidores em outubro que pode cortar até 15% do seu quadro funcional no mundo, ou cerca de 14.000 colaboradores, para sobreviver à crise. A gigante está abandonado seus planos de investimento iniciais para economizar dinheiro para sua distribuição de dividendos.
No longo prazo, a perspectiva para as petrolíferas não parece muito boa. O consumo de petróleo pode nunca mais retornar aos níveis vistos antes da crise do coronavírus, de acordo com um recente relatório de uma das maiores produtoras, a BP (NYSE:BP). Mesmo o cenário mais altista considera que a demanda permanecerá “em grande medida estável” nas próximas duas décadas, em vista da substituição dos combustíveis fósseis durante a transição energética.
Resumo
Os investidores estão ficando otimistas com as ações do setor de petróleo, em vista da perspectiva do fim da desaceleração causada pela pandemia no ano que vem. Quando isso acontecer, as ações cíclicas, como as das grandes petrolíferas, podem se beneficiar.
Mesmo assim, não acreditamos que as ações do setor sejam um investimento atraente para investidores de longo prazo. Uma mudança permanente para a energia limpa, políticas governamentais mais rígidas e mudanças no comportamento dos consumidores são alguns dos fatores que podem manter os preços do petróleo deprimidos.