Após mais um ano de alta do Ibovespa, o mercado abriu o ano de 2019 eufórico.
Máximas renovadas a cada semana, analistas otimistas ao alcance de patamares jamais imaginados para o índice, os mais conservadores pensando em fazer umas “comprinhas”, e até mesmo a quitanda do Seu Zé, pensando em fazer um IPO. Esse é o resumo das primeiras semanas do mercado financeiro. Mas de volta ao passado, pensando no futuro, será que 2018 foi um ano bom para a bolsa?
Não é preciso dizer que o índice Ibovespa é o principal “termômetro” da bolsa brasileira e se consolidou-se desde 1968 como referência a investidores de todo o mundo. O índice é o resultado de uma carteira teórica que é reavaliado a cada 4 meses, e é aí que quero chegar. Existe um manual dos procedimentos e definições para o índice no site da B3, mas o que julgo mais importante é o efeito da ponderação, já que a composição irá se construir pelas ações mais negociadas e por consequência, esses papeis terão maior participação.
Joseph Granville, grande escritor financeiro americano e desenvolvedor do conceito “volume balanceado” através da criação da Linha de Avanço e Declínio, faz uma analogia entre a LAD e o índice Dow Jones: “Num mercado convencional de alta, enquanto a linha de avanço e declínio e o índice Dow Jones estiverem engrenados para cima, estarão num casamento feliz”. O índice americano também é ponderado como o Ibovespa.
Baseado nesse conceito, vamos analisar o gráfico abaixo:
Com acompanhamento desde o início de Novembro/2016, percebemos que o “casamento feliz” do mercado como um todo se estendeu até Setembro/2017, onde o Ibovespa alcançava seus 76.000 pontos. Após esse período, é nítida a grande divergência entre a linha de avanço e declínio do mercado (373 ações no total) com o Ibovespa. As “bolinhas vermelhas” representam os topos e fundos da LAD, enquanto as “bolinhas laranjas”, representam os topos e fundos do índice.
Como praticamente tudo nas projeções do mercado financeiro tem suas subjetividades, também construí uma LAD apenas com as ações do índice. E, no ano de 2018, veja o que ocorreu:
Acho que o casamento aqui, também não foi muito harmônico. A vibração do fechamento em alta do índice, não se refletiu no conjunto de suas ações. Enquanto o fechamento do Ibovespa no ano de 2018 foi de uma alta de 15%, a linha de avanço e declínio recuou 24%. Isso significa que poucos papéis fizeram força para cima e, resumo esse ponto de vista com o gráfico abaixo:
A participação dessas ações no Ibovespa, correspondiam aos 5 papéis de maior peso nos últimos quatro meses de 2018, e representavam juntos 43,37% do todo. Mesmo com a má performance das ações da Ambev (SA:ABEV3), percebam que já tínhamos 9,55% de ganhos.
A conclusão que eu chego, é que, como Granville cita: “o mercado parece estar desengrenado, e a ordem usual dos eventos prediz que o índice reengrenará com a Linha de Avanço e Declínio”, ou seja, para uma baixa.
Enquanto isso não ocorre, curta o momento e cuide dos “stops”. Mas fiquem de olhos abertos, pois eu estou.
Grande abraço,
Antonio Siqueira, CNPI-T 2033